terça-feira, 6 de março de 2007

MARIO SERRA, O ATLETA, O TREINADOR, A ENTREVISTA


Mário Serra um jovem de idade mas um veterano na modalidade, 25 anos de hóquei é um feito que poucos podem orgulhar-se. O Cartão Azul depois do resultado alcançado pelo Santa Cita no passado sábado decidiu fazer uma entrevista ao Mário sobre a sua equipa e claro os objectivos para esta fase, e mais umas linhas de prosa.

CA – Bom dia Mário, obrigado pela disponibilidade, em primeiro lugar faz-me um balanço da presente época do Santa Cita?
MS7 – Antes de mais quero mostrar o meu agrado pela criação de mais um espaço para a divulgação da nossa paixão, o hóquei. Desejo muito sorte para este projecto, mas também não posso deixar de desejar muita paciência, porque por vezes a que temos não chega para “ aturar “ tanta barbaridade que se diz nestes espaços.
Respondendo á pergunta, quero começar por desfazer uma duvida que tem vindo a dividir a opinião publica. O Santa Cita, é candidato a subir, foi este o objectivo que o treinador nos propôs no inicio de época. Este ano foi um pouco controverso e azarento para o nosso lado, sendo que apenas uma vez esta época o treinador conseguiu ter no treino todo o plantel completo. Logo no inicio de época tivemos o meu problema que me afectou durante 5 meses, só voltei a competir em Dezembro ultimo, depois tivemos o azar do zig, partiu um dedo o que o obrigou a estar parado um mês e meio e quando voltou foi expulso o que o impossibilitou de dar o contributo á equipa por mais 3 jogos, tivemos a lesão no ombro do Carlos Gesteiro que também motivou a sua ausência por 3/4 semanas, a lesão do Márito logo no inicio de época, o nosso guarda-redes que ainda anda em tratamento, agora recentemente o Rui Oliveira com uma gripe que o abalou 3 semanas e uma pubalgia que não lhe dá descanso, enfim, uma série de lesões que nos limitaram e não permitiu ao treinador fazer uma gestão e um trabalho que tinha planeado desde inicio.
Não quero com isto dizer que sirva de desculpa para que não tivéssemos conseguido o apuramento mais cedo ou mesmo lutar com o Bom Sucesso para o 1ª lugar, pelo contrário, com o leque de jogadores que temos, era nossa obrigação pelo menos não perder pontos onde menos se esperava. Relembro por exemplo a nossa derrota em Lordemão, uma equipa que apenas teve duas vitórias em casa, uma com o Arazede e outra connosco, a derrota em Marrazes na penúltima jornada, a derrota em Arazede sendo que nestes dois últimos jogos tivemos sempre a ganhar até perto do final, a derrota no Bom Sucesso logo no primeiro jogo, quanto a mim a mais injusta deste campeonato, porque aquilo que jogámos e não deixamos o Bom Sucesso jogar era mais que suficiente para trazer de lá uma vitória.
Depois tivemos dois empates, um em Cucujães em que tivemos a ganhar mais uma vez até 2 minutos do fim, e outro no Pessegueiro, quanto a mim o nosso melhor jogo da época.
Mas o que passou é passado e apenas teremos que olhar para ele para corrigir alguns erros que cometemos e que não se podem repetir. Temos isso sim, de nos unir ainda mais, de dar as mãos e lutar a 200% por o objectivo final que passa por conseguir dar uma nova alegria ás gentes de Santa Cita e colocar o clube no lugar que nunca deveria ter saído, na 2ª divisão.
Faço portanto um balanço não muito positivo da primeira fase, apenas porque falhámos quando não podíamos , prometendo que nestes 6 jogos que faltam tudo faremos para honrar a camisola que vestimos e tudo faremos para que no final todos possamos dar aquele grito de alivio e raiva que á muito tenho entalado na garganta.

CA – Agora que o apuramento para a Liguilha de acesso á 2ª Divisão é uma realidade, e sendo a subida o objectivo, como vão encarar esta fase, sabendo que os adversários são Juventude Pacense, Lourinhã e os Lobitos?
MS7 – Como disse anteriormente tudo iremos fazer para levar de vencida esta Liguilha e assim tornar-mos possível o nosso objectivo pelo qual já andamos a trabalhar á 7 meses.
Pelo que conheço das equipas advinha-se concerteza uma fase final muito equilibrada com equipas com tradição no panorama Nacional.
A Juventude Pacense é uma equipa que á partida nos irá criar bastantes dificuldades, relembro por exemplo quando fui vice-campeão Nacional pelo União do Entroncamento que foram eles os Campeões Nacionais da 3ª divisão. Uma equipa que este ano em casa ainda não sentiu o sabor da derrota, mas em contrapartida fora de portas já foi derrotada por 4 vezes. Relembro que a Juventude Pacense é o terceiro melhor ataque do Nacional da 3ª Divisão, só batidos pelo Campo de Ourique e o Lobinhos, sendo que estes dois últimos tiveram 2 a 3 jogos com equipas muito mais acessíveis.
A Lourinhã, é outra equipa que ainda não perdeu em casa, tem dois empates e o resto tudo vitórias, sendo que fora de casa já perdeu por 3 vezes e empatou uma. Uma equipa á partida bastante complicada constituída por atletas jovens, tendo 3/4 jogadores dando experiência a este conjunto.
A equipa do Lobinhos, a equipa mais desconhecida deste grupo, o que terá de ser sempre um adversário a ter em conta, uma equipa que fora de casa apenas sofreu 15 golos, que tem 2 derrotas no campeonato e uma equipa que por tradição, sendo uma equipa da zona de Sintra, será sempre um forte candidato a subir. Veremos que surpresa nos trará o Lobinhos.
Para concluir, adivinha-se uma liguilha muito disputada, penso que com grandes espectáculos de hóquei, grandes jogos e acima de tudo grande respeito mutuo, no entanto espero e tenho a convicção que mais do que sermos apurados, penso que iremos mesmo ficar em primeiro lugar desta fase.

CA – Como foi e é trabalhar com o Fernando Vaz, vocês que foram colegas de equipa em tantas ocasiões e que agora estão em lados opostos apesar de estarem no mesmo clube?
MS7 – Difícil, muito difícil. O Fernando tem um feitio “lixado”, faz-nos correr nos treinos, saímos de lá a transpirar….estou a brincar, nada disso. Agora a sério, eu sou suspeito para falar do Fernando, ainda por cima agora a meio da época, mas vou fazê-lo com a maior sinceridade possível. Desde o tempo em que ele defendia as cores do União que o Nando era respeitado e olhado por todos como um exemplo a seguir, tinha aquele seu estilo de falso lento, um jogador sem grandes explosões, mas em contrapartida com um sentido posicional quase perfeito, era e foi sem duvida um atleta de eleição para o União, foi o capitão durante anos e um exemplo a seguir por todos os jovens na altura. Eu pessoalmente sempre tive uma grande admiração pelo Fernando, não só como jogador, mas principalmente pelo que representou no união e como homem sempre soube ser, e nos ensinar a ser quando era preciso. Quando eu soube que o Fernando iria ser o treinador da ACR não tive duvidas que iria vencer, e quem iria ganhar com isso éramos nós jogadores
.Não há duvida que também para o Nando foi uma oportunidade se calhar única, poder iniciar a sua carreira de treinador e logo ao leme de uma equipa de seniores.
Pessoalmente estou bastante satisfeito com o trabalho que o Fernando tem vindo a desenvolver no clube, tem conseguido tirar o melhor partido de cada um, conseguiu explorar ao máximo as nossas capacidades e aliando a boa gerência que tem feito do plantel, penso que conseguirá, juntamente connosco, levar a água ao seu moinho, ou seja, atingir os objectivos a que se propôs e voltar a por o Santa Cita na 2ª divisão.
O Fernando é um treinador ambicioso, que quando perde ninguém o pode aturar, um amigo dedicado ao seu amigo, mas acima de tudo um companheiro quando o tem de ser.
Aquela hora e meia diária, e a partir do momento que entramos para dentro do ringue para treinar, não á o Fernando amigo, á sim o treinador Fernando, o técnico que o clube escolheu e o homem a quem devemos, não só ajudar como amigos que somos, mas principalmente “obedecer” tentando fazer o que nos pede.
Fora do ringue, bebe tanto como nós, diverte-se tanto como nós, ri-se tanto como nós, e encara-nos da mesma forma que nos respeita como amigos.

CA – Esta equipa do Santa Cita, composta por alguns jogadores formados nas escolas do União Futebol Entroncamento, como é o teu caso, o caso do Zig, do Fernando Vaz, do Fernando Maurício, Hugo Saboga, Zé Miguel veio trazer mais dinâmica, mais maturidade á equipa, ou é apenas uma feliz coincidência?
MS7 – Não nego que sim, mas também não posso deixar de salientar a importância do nosso capitão de equipa, o Rui Oliveira, um exemplo, O Tiago Barreiro que transporta para dentro do balneário o espírito e a ambição de vencer, o Dani e o Huguinho, dos mais antigos do clube, mas embora sejam dos menos utilizados são dois atletas que nunca deixam de estar presentes e incentivar os que entram, o João que apesar da sua vida profissional não se deixa ir abaixo e sempre que é preciso ele está lá a dizer presente, o André, o mais novo do plantel, o nosso guarda-redes suplente, mas ao mesmo tempo também o que mais treinos faz, com uma enorme vontade de aprender, o Saboga, um dos mais importantes da equipa, o Boavida, que trouxe mais soluções para o ataque, assim como o Carlos Gesteiro. O Fernando Maurício foi uma aposta ganha pelo clube, um jogador que á partida sabíamos que viria trazer experiência, mas embora a desconfiança que havia por ter estado parado 5 anos, não se deixou abalar e trabalhou duro durante estes meses para ser opção, e não é por acaso que neste momento, quer em índices físicos como técnicos está ao mesmo nível que o restante plantel. Por ultimo zig, o mais azarado da época, sem duvida uma mais valia para esta equipa, um dos suportes com uma qualidade que não engana, mas que tem sido perseguido pelo azar ao longo da época, primeiro o dedo partido, depois a expulsão, isto aliado a um problema que ele tem a nível muscular. Esperemos agora o melhor Zig da época, que tenho a certeza irá aparecer já no próximo jogo com o Lobinhos.

CA – Agora falando um pouco de ti, a próxima época passa por Santa Cita, ou existe outro clube no horizonte, ou ainda é cedo para decisões, ou pelo menos para divulgá-las?
MS7 – Não, não é cedo e falo desse assunto sem qualquer tipo de preconceitos ou secretismo. Como já é de conhecimento publico, espero entrar no final de Julho em mais uma etapa da minha vida, o nascimento do meu filho Afonso. Para quem não sabe, este ano foi complicado para mim a nível desportivo devido a um problema de saúde no inicio da época que me fez parar durante 5 meses, problemas esse que não está totalmente afastado e que tem vindo a ser acompanhado mensalmente para assim poder desenvolver aquilo que mais gosto, jogar hóquei.
Quanto ao futuro, apenas uma certeza, é a carreira de treinador que quero abraçar e desenvolver com maior acutilância.
Em relação ao Santa Cita, clube que acreditou em mim e me deu a oportunidade de voltar a jogar, espero muito sinceramente que para já consiga os seus objectivos. Os responsáveis do Santa Cita sabem que o Mário Serra não se compromete com mais ninguém sem primeiro dar privilégio ás pessoas que acreditaram no meu valor e que apesar do que se dizia que o Serra era um venenoso, um desestabilizador, entre outra barbaridades e calunias, eles sempre me apoiaram, sempre estiveram do meu lado e sempre acreditaram, não só no jogador como principalmente no homem.
Estarei em Santa Cita até o clube querer, porque também com a minha idade, já não há ambição de chegar mais longe, sei o valor que tenho, acredito nas minhas capacidades e continuarei a jogar até sentir que posso ser útil á equipa, porque quando sentir que as minhas forças ou as minhas capacidades não atingem os níveis físicos desejáveis para no mínimo competir por um lugar com os meus colegas de equipa, ai sim, serei eu o primeiro a colocar um ponto final nesta vida e continuar o meu trabalho, não a jogar, mas a treinar e a ensinar aos miúdos aquilo que fui aprendendo durante anos.
Voltar ao União? Não digo nunca, já tive essa oportunidade logo após ter saído, mas não está no meu horizonte. Sai muito magoado, e o ultimo jogo que fiz naquele pavilhão com a camisola do Santa Cita deu para perceber que não é ali que quero dar continuação ao meu trabalho. Digo sem qualquer tipo de rancor que foi o pior jogo da minha vida. A recepção que tive por parte de alguns ex-dirigentes e alguns adeptos do União foi de total ignorância e desrespeito por alguém que, quer admitam ou não sempre fez tudo pela união e sempre defendeu essas cores até ao último dia. Relembro-me por exemplo, no ultimo dia que me vim embora e quando fui convidado a ficar por um ex-dirigente eu lhe disse que tinha chegado a minha hora de sair, e que respondeu rapidamente - já não era sem tempo !, enfim, são memórias que ficam, também deixei lá muitos amigos, como é o caso dos meus colegas, e para eles aproveito para desejar as maiores felicidades do mundo e que consigam atingir os seus objectivos, tanto pessoais como profissionais. Não vale a pena desenterrar mais este assunto, há sim que levantar a cabeça e seguir em frente, para que no final da época eu possa dar aquele grito de raiva que á algum tempo anda aqui entalado.

CA – Outro assunto, que tal a experiência como treinador, e logo no escalão de Iniciados?
MS7 – Era um dos meus objectivos. Sempre tive o sonho de enveredar pela carreira de treinador, e a oportunidade surgiu quando menos esperava. Tudo surgiu no verão passado num convite feito pelo Rui Pedro, actual vice-presidente da ACR Santa Cita. Foi um projecto aliciante, um projecto com uma base sustentável e pensado a médio prazo. Não foi uma equipa, nem um escalão que se formou apenas para esta época, foi isso sim um trabalho iniciado já na época passada e que espero muito sinceramente que nas próximas épocas não se deixe abrandar porque há ali atletas de qualidade acima da média.
Relembro, que este é o primeiro ano que o Santa Cita na sua história tem 4escalões de formação. Em relação á equipa que agora treino, é uma equipa jovem, onde apenas tenho um atleta que é de segundo ano, todos os outros são de primeiro ano de Iniciados. A esse facto aliou-se a expectativa de como iria reagir um balneário de miúdos de 13 anos, onde 5 vinham do Entroncamento, 1 da Gualdim Pais, e 3 subiam dos infantis, sendo que ainda teria 3/4 miúdos infantis que gradualmente vieram a completar o leque de opções.
Hoje estou bastante satisfeito, conseguimos formar um balneário unido, um espírito forte e uma equipa em crescendo dia após dia, treino após treino. Todos eles sem excepção se entregam ao trabalho de uma forma humilde mas muito trabalhadora, com muita vontade de aprender e um espírito de camaradagem inabalável.
É uma experiência nova, uma forma de eu própria me valorizar e crescer, não só como treinador, mas também como jogador, sendo que a responsabilidade agora é maior, não basta ensinar os miudos treino após treino como também tenho de dar o exemplo quando sou eu próprio a entrar em ringue para jogar pelos seniores, e são eles que estão na bancada a avaliar o meu trabalho e a cobrar que tudo aquilo que lhes transmito seja cumprido. E quando ao sábado cometo algum erro ou tenho alguma falha, na segunda-feira lá estão eles a pedir explicações e a ensinar-me que para o próximo jogo terei de errar ainda menos.
Para concluir, gostava de aproveitar a oportunidade para lhes agradecer, porque têm sido fantásticos, não tenho razão de queixa de nenhum deles, não tive um único caso de indisciplina nestes 7 meses de trabalho e acima de tudo dizer-lhes que continuem o trabalho, continuem com a humildade que lhes faz suar treino após treino, e que qualquer que seja o treinador que os treine que o respeitem da mesma forma que o fazem comigo e que o ensinem a tirar o maior partido das capacidades de cada um.

CA – Como vês os escalões de formação a nível da Associação de Patinagem do Ribatejo?
MS7 – Ora ai está uma questão preocupante e que cada vez mais tende em piorar. Basta analisar os resultados das nossas equipas que estão nos Nacionais para concluir um facto: Os melhores e as equipas mais fortes na nossa região são as mais fracas nos Nacionais!
Porque? Não tenho duvidas, os jovens de hoje não vêem o hóquei como uma modalidade modelo, não há motivação suficiente para enveredar por um desporto que não dá jogos na televisão, por um desporto que infelizmente cada vez chama menos adeptos aos pavilhões, uma modalidade que para se praticar terá de ter um investimento de material na ordem dos 150/200 Euros
Os agentes desportivos, neste caso os directores ou responsáveis pela formação dos clubes também são os grande responsáveis pelo fracasso das suas equipas, eu pessoalmente não consigo compreender como é que um clube que faça um projecto de formação a médio/longo prazo não tenha um coordenador técnico de formação, alguém competente que seja capaz de incutir na sua equipa de trabalho, nomeadamente nos técnicos da formação, um espírito e um modelo base de jogo que sirva de suporte para todos os escalões. Senão veja-se, um miúdo que faça ocasionalmente um jogo pelo escalão superior, cm um treinador diferente, tem obrigatoriamente que efectuar treinos com essa equipa antes do respectivo jogo, caso contrário nunca poderá ser uma opção válida. Eu não posso por exemplo estar a treinar uma equipa e defender em quadrado e ter um treinador no escalão acima a defender homem a homem. O que se passa hoje em dia, e principalmente nos clubes da região é que cada técnico de um determinado escalão trabalha para si, e o objectivo é apenas ser melhor que o treinador do outro escalão no mesmo clube, em detrimento de se juntarem e conseguirem, isso sim, que o seu clube seja cada vez mais forte que o outro.
Os clubes não podem ficar á espera que os miúdos apareçam no pavilhão para treinar, temos de os ir buscar ás escolas, estabelecer protocolos com o ministério da educação, inserir o hóquei no desporto escolar, criar estruturas e bases sustentáveis para no fim das aulas, os clubes agarrarem nos seus transportes e irem buscar os miúdos á escola, levá-los para o pavilhão, criando tipo um ATL, tendo uma professora num espaço no pavilhão ajudando-os a fazer os trabalhos de casa e depois calçando-os os patins e tendo técnicos competentes que motivem os miúdos dentro do ringue e os ensinem a patinar, que lhes despertem o gosto pela modalidade. Os pais em vez de os irem buscar á escola ás 16 ou 17 horas da tarde, vão antes aos clubes ás 19 horas. E este processo terá de ser repetido durante anos, porque de certeza dos 50 miúdos que realizarem esta actividade, apenas 30 chegarão ao final da época, apenas 20 começam a época seguinte desses vinte 15 nunca serão jogadores de hóquei, mas se calhar aproveitamos 5 que serão acima da média
As associações também são responsáveis por esta situação, deveria de haver mais incentivo, mais apoio, mais formação e acima de tudo mais organização para que os próprios clubes se sentissem motivados.
Vejamos por exemplo quantas equipas de juvenis e juniores temos nos Nacionais? Zero, é verdade, como é possível?

CA – Como explicas, tu que estás na modalidade como jogador e treinador, que existem clubes a acabar, ou a terem 1 ou 2 escalões, e por exemplo o HC Santarém, que até ao escalão de juvenis tem mais de uma centena de patinadores?
MS7 – Muito sinceramente não conheço a realidade interna da politica de gestão do HC Santarém ao nível de poder comentar a sua gestão, mas basta olhar-mos para a classificação destas equipas nos Nacionais para perceber-mos o que eu disse anteriormente, em Iniciados, vejamos que em 6 jogos tiveram 6 derrotas, 3 golos marcados e 23 golos sofridos, agora pergunto eu: Tenho ou não razão quando digo que os melhores da região são os piores dos Nacionais? Como se podem admitir por exemplo que a nível associativo, e esta é uma realidade pela qual passei este ano, que se faça primeiro um campeonato distrital para acesso ao Nacional e só depois se faça um torneio de abertura? Má gestão? De quem? Planificação da época? São questões que deveriam ser discutidas em local próprio, em sessões convocadas pela associação. Assim, nunca poderemos sequer pensar em tentar competir com outras associações muito mais poderosos. Em Lisboa por exemplo um campeonato de infantis é composto por 16 equipas, ou seja, cada equipa realiza 30 jogos, isto antes de disputar os nacionais, e aqui? O Santarém este ano em Iniciados fez 8 jogos antes de ir para os Nacionais, agora, a equipa ia bem preparada para uma fase final? Claro que não…. Enfim, é o amadorismo que temos, e enquanto assim for nunca conseguiremos subir para o nível seguinte e que eu defendo, AMADORISMO mas de MENTALIDADE PROFISSIONAL.

CA – Para terminar a pergunta que se impõe a um atleta formado no União. Qual a diferença do União de hoje para o União que te formou e te lançou para a ribalta do hóquei Ribatejano?
MS7 – Da noite para o dia. Relembro-me quando era miúdo, e tinha os meus 8/9 anos, jogava na Golegã, e o União era visto por nós como um exemplo a seguir, era o objectivo e sonho de qualquer miúdo poder vestir aquela camisola e representar o clube. Eu não fugia á regra, e quando uma certa noite vi baterem á porta da minha casa dois dirigentes do União, na altura o João Maria e o Rui Maurício, a alegria foi total, tinha chegado a minha oportunidade. O UFE foi durante uma boa dezena de anos o clube de referência no distrito, não havia ano em que não colocasse pelo menos 3 a 4 equipas nos Nacionais. Em termos de formação disponibilizava aos atletas todas as condições, não só desportivas como também pedagógicas. Ali, não aprendia-mos só a jogar hóquei, aprendia-mos acima de tudo a ser homens, e para isso muito se deveu o trabalho de duas pessoas, as que mais me marcaram nesta vida desportiva, o Jaime Clemente, treinador mas acima de tudo formador, e a carolice, o empenho e a paixão do João Maria, homem que nunca nos deixou faltar nada, tão depressa nos fazia chorar como nos dava um rebuçado, era e foi não minha opinião o grande obreiro dos excelentes resultados que o clube tinha. Com o passar dos anos, o clube, na minha opinião devido a má gestão na área de formação e para esse facto também se deveu a saída do João Maria, foi perdendo fulgor, foi perdendo tradição, e também perdendo alguns atletas, uns por vontade própria, outros empurrados para outros clubes da zona como foi o meu caso.
Ainda no sábado passado falava com um adepto do UFE, m que ele me dizia que não compreendia como é que aquela “ fornada” de jogadores que fizeram furor no União não fosse aproveitada e rentibilizada a nível de seniores, e ai poderem realmente formar uma equipa, que se calhar poderia andar nesta altura no escalão maior do hóquei nacional. E falo por exemplo, do Amaral, Serras, Lino, Noronha, Zig, Saboga, Cochicho, Daniel Lourenço, Fernando Vaz, Tó, Zig (guarda-redes), juntando agora a juventude como é o caso do Rui Alves, Carvalho, o Vieira e mesmo o próprio Marco Bento, entre outros.
Enfim, são e foram opções tomadas pelos responsáveis do clube que se calhar agora estão a pagar a factura, principalmente a nível da formação.
O União precisa de pessoas que sintam o clube, de gente que sirva, que satisfaçam as necessidades que as competências obrigam, que traga de novo a tradição e o amadorismo profissional com que o clube se regia, ali não se brincava ao hóquei, aquela hora de treinos era para suar a camisola, para aprender e desenvolvermo-nos dia após dia, não só como atletas mas também como homens.
Era impossível por exemplo os escalões de formação do UFE, benjamins, escolares, infantis andarem envolvidos nos seus campeonatos apenas com o intuito e o objectivo de tentarem ganhar um jogo, de tentarem não perder por muitos. Antigamente incutia-se logo de inicio uma mentalidade ganhadora, um espírito vencedor, e todos os jogos e competições eram para ganhar, o 2º lugar era o primeiros dos últimos. Quando perdíamos um jogo, passávamos 2 horas a chorar, não estávamos habituados porque o habitual e o normal era o União Ganhar sempre.
Hoje não, custa-me muito sinceramente ver jogos dos escalões mais novos do clube porque não me revejo naquela realidade.
De qualquer forma não quero deixar de frisar a equipa de seniores actual, uma equipa que ninguém dava nada, com miúdos jovens, alguns juniores sem experiência, mas que encontraram pela frente um treinador rigoroso e com métodos de treino acima da média, juntando a experiência de alguns atletas que conseguiu desenvolver um trabalho sério e competente com resultados prático, falo do Rafael, eu que fui um dos seus críticos aquando da sua contratação, mas que me surpreendeu pela positiva.
Para finalizar, e que me perdoem os mais críticos e os amigos que tenho no Entroncamento, mas muito sinceramente o que falta é o João Maria novamente á frente da secção de hóquei do UFE, essa sim é a principal diferença entre União de há 10 anos e o União de agora.

CA – Obrigado Mário pela disponibilidade, desejo-te as maiores felicidades tanto a nível pessoal como a nível profissional e faço votos para que na próxima época tenhamos o Santa Cita na 2ª Divisão e claro a reedição dos clássicos Santa Cita – Tomar e Santa Cita – União.
MS7 – Obrigado eu por esta primazia, e estarei sempre aqui para ajudar no que for preciso.
Um Abraço
Mário Serra

15 comentários:

Anónimo disse...

cresceu muito este miudo.

Anónimo disse...

É bom rapaz sim senhor, excelente executante, mas treinador não é concerteza. Para isso terá que tirar o nível 1. Logo Srº Gavancho o titulo está incorrecto. Mário Serra o atleta, " o treinador"??
Ainda que não seja uma simples carteira de treinador que lhe confira competência. E eu sei que isso o Mário tem.

Anónimo disse...

Quem ouve fazer este rapaz pensa que ele é um santo.
Apesar de o ter conhecido bem enquanto andou aqui pelo Entroncamento, parece-me que mudou alguma coisa, e até gostei da maneira como fala.

Adepto Atento

Anónimo disse...

Boa Entrevista, muito competente e com ideias claras e que demonstram conhecimento.

Parabéns ao Mário e ao administrador do blog

Continuação de bom trabalho para ambos

Unionista

Anónimo disse...

caro anónimo das 14:04

É de salientar a sua pericia e o sua conhecimento da modalidade para numa entrevista em que até está bem elaborada, tanto perguntas como respostas, em que se fala de assuntos sérios como a formação, venho o senhor já incendiar o espaço alertanto as pessoas que o serra não tem o nivel 1, em vez de primeiro tentar apurar se está ou não a realizar um bom trabalho.

Fale sobre a formação e dê a sua opinião, isso sim é importante

ACRSC Forever

Anónimo disse...

Anônimo disse...
É bom rapaz sim senhor, excelente executante, mas treinador não é concerteza. Para isso terá que tirar o nível 1. Logo Srº Gavancho o titulo está incorrecto. Mário Serra o atleta, " o treinador"??
Ainda que não seja uma simples carteira de treinador que lhe confira competência. E eu sei que isso o Mário tem.

7 de Março de 2007 14:04


AMIGO SE ME PERMITE CHAMAR-LHE ASSIM, NÃO ME LEVE A MAL MAS FAÇO-LHE AQUI UMAS PERGUNTAS.

1º CURSO DE DIRIGENTES DESPORTIVOS QUANTOS HÁ ?

2º CURSO DE DELEGADOS QUANTOS HÁ?

3ºCURSOS DE MASSAGISTAS QUANTOS HÁ?

E Preocupam-se se o Mário tem curso ou não, mas infelizmente,é o que temos.
saberá voçe quanto custa inscrever um treinador, de nivél 1.
será que os clubes aguentam.
concordo com os cursos , mas para todos, assim era melhor para a modalidade.

E Mário excelente entrevista, tanto do entrevistado como do entrevistador.
Assim vale a pena ler artigos, entrevistas.

PARABÉNS AO CARTÃO AZUL.

ERNANI

Anónimo disse...

Mas que moral é que a federação tem para começar a exigir os treinadores a tirarem curso?!
O último campeão mundial ( Vitor Hugo ) nem curso de nada tinha!!!
Curioso ha!!!

Anónimo disse...

Bela postagem, sim senhor, fiquei bastante satisfeito.
Primeiro quero dar os parabéns ao administrador do cartãoazul pela craição de mais um espaço e desejar-lhe as maiores felicidades.
Segundo não posso deixar de dar os parabéns ao entrevistado pela visão global que tem da nossa região e pela frontalidade com que aborda a questão UNIÃO, que como todos sabem um clube onde ele não se deu muito bem.
Agora pergunto eu, será que este rapaz se anda a fazer para voltar ao união ou então mudou mesmo?

Anónimo disse...

keremos o mario de volta a jogar kom o marco bento e a treinar a minha ekipa de juvenis

Anónimo disse...

Então o senhor doutor Ernani acha que os clubes devem estar na ilegalidade? ao contrario do que obrigam as associações e a federação opta por ter pseudo treinadores ( com ou sem valor, não é disso que se trata).Eu sei quem tenha o nivel 3 e seja muito mau e quem não tenha nada e seja um bom treinador.O senhor sendo Licenciado em medicina poderia exercer sem ter tirado o curso? é esse o ponto da questão. Grave! Quando temos no distrito pessoas que já gastaram mais de 1000 Euros para terem os níneis de treinador...estarem legais e também, aprender!! Sim senhor doutor Ernani nos cursos de treinador também se aprende.

Anónimo disse...

Deves ser o unico Elio. Porque será?

MSJ7 disse...

É REALMENTE INTERESSANTE QUE ENTRE TANTOS ASSUNTOS SÉRIO E PREOCUPANTES QUE FALO AQUI NESTE ESPAÇO QUE AQUELE ADEPTO MAIS ATENTO SE PREOCUPE COM O FACTO DE EU TER OU NÃO CARTEIRA DE TREINADOR...É VERDADE, NÃO TENHO, INFELISMENTE QUANDO HOUVE AQUI NO DISTRITO O CURSO NÃO TIVE DISPONIBILIDADE PARA ESTAR PRESENTE, MAS ESPERO TIRAR A CARTEIRA MUITO EM BREVE.

ESPERO QUE ESCLARECIDO

CUMPRIMENTOS

MÁRIO SERRA

Anónimo disse...

Porque é grave amigo Mário. Não pode o senhor estar no banco a dar indicações sem ser treinador. A classe dos treinadores deve ser regularizada e respeitada. Em rel~ço ao resto gostei muito do que li. Tenho a certeza que vai ser um excelente treinador. Abraço

Anónimo disse...

O senhor Mário Serra tem toda a razão naquilo que disse sobre os escalões de formação de Hóquei em Patins do União, sobre a saída de muita gente que tanta falta fez e continua a fazer no clube, tais como atletas, o sr. João Maria, o sr. Jaime Clemente, o sr. Vicente e mais recentemente o sr. Rafael Oliveira e inclusivamente o ex-presidente Fernando Silva bem como alguns directores.
Mas no meu entender há apenas um grão de areia que emperra tudo e obsta a que se dê uma volta de 180 graus, que é a indisponibilidade dos sócios para contribuírem activamente para recuperar o clube.
Quando falo de contribuir activamente, falo, por exemplo, da falta de gente com iniciativa, capacidade de mobilização e competência para apresentar pelo menos uma lista concorrente à que foi “auto”eleita na última assembleia geral. Assim, o União vai continuar por mais 2 anos a funcionar dando corpo à vontade (necessidade?) de uma minoria, porque a maioria se alheia de tudo e refugia-se criticando em conversas de corredores ou em blogues.
Sim, contra mim falo, mas esta é a dura realidade; cada dia que passa o União afunda-se mais.
Há por aí alguém disponível para mobilizar e personificar a revolução ???????

Anónimo disse...

Concordo com todos os nomes...agora o Presidente , o senhor Fernando Silva??????????
KÉ KÉ ISSO Ó MEU!!!