Quando na ilha de São Miguel, Açores se fala de hóquei em patins, obrigatoriamente o nome de Pedro Jorge Cabral vem á baila, seja pela sua ligação ao Clube União Micaelense, seja pela sua página na Internet www.uniaomicaelense.com onde todos os amantes da modalidade recorrem em dia de jogos e não só para saberem em tempo real o resultados das suas equipas. Foi pois com enorme prazer que o Cartão Azul se deslocou até á lindíssima capital Açoriana, Ponta Delgada para falar com o Pedro Jorge sobre hóquei e sobre os objectivos do União Micaelense neste regresso aos Nacionais após umas épocas de interregno.
CA – Pedro em primeiro lugar e antes de falarmos de hóquei em geral e do União Micaelense em particular, o que te levou a fazer um página na net, que é só por si uma fonte de informação de tudo o que se passa a nível de hóquei nacional e internacional e em particular uma página que divulga e de que maneira o hóquei Açoriano?
PJ – Obrigado pelo interesse, em primeiro lugar. A página surgiu inicialmente unicamente para promover o Hóquei em Patins do União Micaelense e motivar um pouco mais os nossos jogadores pelo simples facto de aparecerem regularmente em fotos e vídeos de treinos e jogos na Internet, com possibilidades de partilha-las com outros amigos. Rapidamente me dei conta que entre os nossos jovens jogadores o interesse pela página ia aumentando de forma regular a pontos de, quando ficava algum tempo sem “novo” material, ser objecto de grandes “críticas”. Depois as coisas foram evoluindo de forma quase natural porque, de ter os resultados e classificações do União Micaelense actualizadas passei a ter aqueles mas para todas as equipas açorianas em competição, o que implicava a 1ª Divisão com o Candelária e a 2ª Divisão com o Santa Clara. Daí a colocar os Juvenis e Juniores foi um passo que terminou na época passada com os Femininos, Iniciados e Infantis (somente a fase final). Nesta época pretendo continuar a apresentar não só resultados mas principalmente o que diferencia a nossa página de outras, que é apresentar as classificações em tempo real imediatamente após a publicação dos resultados dos jogos.
CA – A parceria com o José Carlos Costa www.sempreaabrir.com permite-te ter em tempo real os resultados que vão acontecendo um pouco por todo o país e ilhas, e serve de precioso auxiliar a quem gosta da modalidade e não consegue saber os resultados de outra maneira. Como descreves o Zé Carlos, e até que ponto a sua colaboração contribuiu e contribui para a projecção da página do CUM?
PJ – O Zé Carlos é primeiro que tudo um GRANDE PROFISSIONAL e depois as coisas ficam mais fáceis porque é uma GRANDE PESSOA e um apaixonado pelo desporto em geral e pelo Hóquei em Patins em particular. Já o considero um grande Amigo e só me falta mesmo conhecê-lo pessoalmente, o que acho vai acontecer já no final da próxima época, quando ele visitar a nossa linda ilha de S. Miguel. Sem a parceria do Zé Carlos este nosso projecto não teria pernas para andar e portanto posso dizer, sem errar muito, que o Zé Carlos é fundamental para a continuação desta aventura cibernética.
CA – Desde Outubro de 2005 até ao presente muito informação tem passado pela página, sendo um trabalho de um homem só, o que te move para a manteres sempre ao mais alto nível?
PJ – Principalmente a vontade de manter os nossos jogadores com o máximo de informação possível, desde os infantis até aos seniores. Por outro lado, no que concerne ao Hóquei nacional, preencher um espaço que estava (e continua, se excluirmos o uniaomicaelense.com) vazio de informação relacionada com as classificações de TODAS AS COMPETIÇÕES NACIONAIS, porque até mesmo a FPP mantém um irritável atraso na publicação das classificações das suas competições (!!!??). O prazer de permitir que qualquer pessoa, entidade ou publicação, tenha logo após a publicação dos resultados, também a classificação de qualquer competição, faz-me esquecer o tempo interminável que perco (ganho!) com a constante tentativa de a manter actualizada.
CA – Pedro em primeiro lugar e antes de falarmos de hóquei em geral e do União Micaelense em particular, o que te levou a fazer um página na net, que é só por si uma fonte de informação de tudo o que se passa a nível de hóquei nacional e internacional e em particular uma página que divulga e de que maneira o hóquei Açoriano?
PJ – Obrigado pelo interesse, em primeiro lugar. A página surgiu inicialmente unicamente para promover o Hóquei em Patins do União Micaelense e motivar um pouco mais os nossos jogadores pelo simples facto de aparecerem regularmente em fotos e vídeos de treinos e jogos na Internet, com possibilidades de partilha-las com outros amigos. Rapidamente me dei conta que entre os nossos jovens jogadores o interesse pela página ia aumentando de forma regular a pontos de, quando ficava algum tempo sem “novo” material, ser objecto de grandes “críticas”. Depois as coisas foram evoluindo de forma quase natural porque, de ter os resultados e classificações do União Micaelense actualizadas passei a ter aqueles mas para todas as equipas açorianas em competição, o que implicava a 1ª Divisão com o Candelária e a 2ª Divisão com o Santa Clara. Daí a colocar os Juvenis e Juniores foi um passo que terminou na época passada com os Femininos, Iniciados e Infantis (somente a fase final). Nesta época pretendo continuar a apresentar não só resultados mas principalmente o que diferencia a nossa página de outras, que é apresentar as classificações em tempo real imediatamente após a publicação dos resultados dos jogos.
CA – A parceria com o José Carlos Costa www.sempreaabrir.com permite-te ter em tempo real os resultados que vão acontecendo um pouco por todo o país e ilhas, e serve de precioso auxiliar a quem gosta da modalidade e não consegue saber os resultados de outra maneira. Como descreves o Zé Carlos, e até que ponto a sua colaboração contribuiu e contribui para a projecção da página do CUM?
PJ – O Zé Carlos é primeiro que tudo um GRANDE PROFISSIONAL e depois as coisas ficam mais fáceis porque é uma GRANDE PESSOA e um apaixonado pelo desporto em geral e pelo Hóquei em Patins em particular. Já o considero um grande Amigo e só me falta mesmo conhecê-lo pessoalmente, o que acho vai acontecer já no final da próxima época, quando ele visitar a nossa linda ilha de S. Miguel. Sem a parceria do Zé Carlos este nosso projecto não teria pernas para andar e portanto posso dizer, sem errar muito, que o Zé Carlos é fundamental para a continuação desta aventura cibernética.
CA – Desde Outubro de 2005 até ao presente muito informação tem passado pela página, sendo um trabalho de um homem só, o que te move para a manteres sempre ao mais alto nível?
PJ – Principalmente a vontade de manter os nossos jogadores com o máximo de informação possível, desde os infantis até aos seniores. Por outro lado, no que concerne ao Hóquei nacional, preencher um espaço que estava (e continua, se excluirmos o uniaomicaelense.com) vazio de informação relacionada com as classificações de TODAS AS COMPETIÇÕES NACIONAIS, porque até mesmo a FPP mantém um irritável atraso na publicação das classificações das suas competições (!!!??). O prazer de permitir que qualquer pessoa, entidade ou publicação, tenha logo após a publicação dos resultados, também a classificação de qualquer competição, faz-me esquecer o tempo interminável que perco (ganho!) com a constante tentativa de a manter actualizada.
CA – Pedro, vamos então ao hóquei em concreto, após umas épocas sem participar nos Nacionais, o União regressa, é para manter, ou tentar a subida á 2ª divisão?
PJ – O União Micaelense tem dois grandes “handicaps” nas competições nacionais, que impossibilitam termos certezas sobre a evolução da equipa: a constante descida e subida motivada por um regulamento regional que não permite que uma equipa se mantenha mais de 2 anos na 3ª Divisão, obrigando-a a, se não subir de divisão, descer ao regional QUALQUER QUE SEJA A SUA CLASSIFICAÇÃO no nacional da 3ª Divisão (lembro que de todas as vezes que descemos aos regionais, nunca ficamos classificados abaixo do 6º lugar). Como se não bastasse o facto de termos de 2 em 2 anos uma equipa que interrompeu a sua evolução competitiva (com as consequências terríveis que daí advêm) temos ainda a questão das jornadas duplas, solução violentíssima não só por fazer 2 jogos em menos de 24 horas mas ainda fazê-lo com deslocações entre jogos que por vezes suplantam os 300 quilómetros. Por tudo o que ficou expresso atrás, a subida é muito difícil mas é o único caminho que temos se queremos sair deste sobe e desce obrigatório!
CA – O plantel consegue conjugar a veterania/experiência com a juventude e irreverência, achas que esta fusão será a base para uma época com bons resultados?
PJ – Penso que é uma boa base, mas devo sempre lembrar que o plantel não possuiu qualquer jogador pago nem mesmo jogadores que tenham vindo de fora somente para jogar. No plantel, para além do Pedro Fernandes (professor em Ponta Delgada) e do Nelson Farinha (trabalha e vive também em Ponta Delgada) todos os outros jogadores são micaelenses e apraz-me muito dizê-lo, dos 17 jogadores que na totalidade compõem o plantel, 14 foram formados no União Micaelense… E se 6 jogadores ultrapassam os 24 anos, todos os restantes têm menos de 21 anos, e 6 deles nem têm 20 anos ainda. A base é excelente mas para evoluir seguramente necessitaríamos de participar regularmente em competições nacionais.
CA – O União está integrado na série C, onde vai encontrar algumas equipas de Leiria, Lisboa e Ribatejo como por exemplo o Santa Cita que este ano aposta forte na subida, achas que além do Santa Cita, o BIR e o HC Lourinhã serão os sérios candidatos, ou teremos algum outsider, como por exemplo o HC “Os Tigres”?
PJ – Para além destes que mencionaste, não posso deixar de referir como candidatos também, o Vilafranquense, o Estreito (por virem da 2ª Divisão) e até mesmo o São Roque (que a época passada não subiu por um “triz”). Penso que o campeonato vai mesmo ser muito competitivo e não será dominado por qualquer equipa, antes dividido por várias, com o Santa Cita e o Lourinhã na vanguarda da “matilha”, na minha opinião.
CA – Vindo o União de um campeonato com poucas equipas, onde a competitividade é diminuta, não achas que poderá ser um factor penalizador para a equipa?
PJ – É com certeza. Gosto sempre de dar um exemplo (e vale mesmo só pelo exemplo, nem vale a pena comparar as equipas). Em 2004-2005 o Boliqueime ficou em 8º lugar no Campeonato Nacional da 3ª Divisão e o União Micaelense ficou em 9º lugar. No ano seguinte (2005-2006), o Boliqueime venceu o campeonato e nós ficamos em 5º lugar, após claudicarmos na fase final depois de ocuparmos durante muitas jornadas o 2º lugar da classificação, que também dava a subida. No anos seguinte o Boliqueime (sempre a evoluir e quase sempre com os mesmos jogadores) ficou nos 5 primeiros da Zona “C” e manteve-se na 2ª Divisão e o União Micaelense passou uma época inteira a treinar para jogar somente 4 jogos no final da época para definir o Campeão Açoriano… Penso que este panorama explica tudo!!! Agora quase começamos de novo outra vez!!!! Que evolução poderemos nós esperar? Muito fazem já os nossos jogadores!!!
CA – A aposta em João Teixeira, que a época passada conseguiu a manutenção do Santa Clara na 2ª divisão, é uma aposta na experiência e maturidade do mesmo, ou inicio de um projecto que passará pela subida á 2ª divisão e a manutenção na mesma, criando bases e sustentabilidade para possivelmente voos mais altos?
PJ – Ambos… É nitidamente uma aposta na maturidade e início de um projecto mas é também a necessidade de mudar para evoluir. Os nossos jogadores têm o mesmo treinador há cerca de 18 anos e claro que a manutenção de um treinador num projecto por muitos anos é bom, mas também não exageremos…! Pretende-se mudar para melhorar e a aposta em João Teixeira era a primeira de duas possíveis em que eu confio plenamente. Não poderia ter sido melhor! Convém não esquecer que para além de bom treinador, Manuel João Teixeira tem muitos anos de experiência e continuará a perseguir, para além dos técnico-táctico-físicos, os objectivos muito importantes de continuar a promover a educação formal de alguns jovens com 17, 18, 19 e 20 anos…
CA – Sabendo eu que estás ligado á formação, apesar do timing não ser o exacto, faz-me um balanço da formação nos Açores, tendo como ponto de partida a participação da selecção da AP Ponta Delgada no último Inter-regiões realizado na Páscoa no Entroncamento, onde a equipa acabou por ser a ultima classificada apenas com um golo marcado?
PJ – Como se pode constatar pelos resultados dos últimos anos do Inter-Regiões, estes 2 anos foram muito maus mas espelham o que é a nossa competição, nos Açores. Pode-se treinar muito mas sem competição NÃO SE CONSEGUE EVOLUIR. Nestes últimos 2 anos em S. Miguel, a competição foi bastante reduzida (menos de 90 jogos por época em todos os escalões), se a compararmos com o que aconteceu, por exemplo, em 2004-2005 (cerca de 250 jogos em todos os escalões). Quando quem organiza não entende o valor da competição por mais que se chame a atenção, não pode haver evolução. Por outro lado, neste último Torneio Inter-Regiões a nossa equipa era formada em grande quantidade (5 jogadores) por Infantis. Em S. Miguel a formação está mesmo muito em baixo porque, com excepção do União Micaelense, mais ninguém se preocupa com este sector fundamental.
CA – Achas que o problema da insularidade constitui um entrave á formação e consequentemente ao desenvolvimento dos atletas a nível competitivo?
PJ – Também, claro. Qualquer miúdo continental tem possibilidades de, por exemplo, observar uma quantidade de jogos de diversos escalões e categorias que, quase de forma imperceptível, ajudam muito a complementar a sua formação. Nos Açores isto não é possível pela escassez de jogos competitivos (somente de 2 em 2 semanas os jogos nacionais). Depois temos o problema terrível dos jovens, em grande percentagem, continuarem os seus estudos no continente, o que origina uma verdadeira “sangria” na idade em que mais necessitamos deles (passagem para Juvenis e Juniores). Finalmente a limitação “oceano” que nos impede de fazer como muitas equipas continentais… Colocar os miúdos na carrinha e toca a jogar aqui e acolá… Nos Açores, claro, acabamos no mar!!! E os contactos entre ilhas são impossíveis pelo valor proibitivo das passagens aéreas entre ilhas. Uma VERGONHA!
CA – Mudando novamente de assunto e falando agora das Selecções Nacionais, como viste a nossa participação em Montreux?
PJ – Como todos os portugueses, com uma grande frustração. E não direi mais porque não vale a pena bater mais no ceguinho…
CA – A saída de Paulo Batista, não obrigará a começar tudo de novo, ou o seu trabalho será aproveitado pelo novo seleccionador, servindo o Luís Sénica com elo de ligação entre o antigo e novo seleccionador?
PJ – Penso que é mesmo para isso que existe um Director Técnico Nacional. E penso que nunca deveria começar-se “tudo de novo”. A direcção da FPP deveria ter (até ver penso que tem!) o cuidado de escolher o seleccionador que SEGUISSE A LINHA ORIENTADORA DA DTN. Não podemos estar à mercê de qualquer um, que mude tudo em menos de um minuto. Assim, a DTN deve escolher o treinador com o perfil necessário para proceder à renovação da selecção MAS DE FORMA GRADUAL E EQUILIBRADA e nunca duma maneira tão radical como foi feito antes. Penso que este, para além dos problemas todos do hóquei em patins nacional, foi o principal motivo do descalabro, porque faltou na selecção mais 1 ou 2 jogadores com o carisma de campeões!
CA - Na tua opinião quem achas que a FPP devia escolher como sucessor de Paulo Batista?
PJ – Se me permites, não responderei a esta pergunta. Principalmente por estar tão distante que muitas coisas acontecem sem que nós o saibamos. Assim, limito-me à minha pequenez e deixo a tarefa a quem efectivamente tem a responsabilidade.
CA – O hóquei feminino também é noticia na página do CUM, a escolha de Rafael Oliveira para seleccionador nacional. achas que foi a mais correcta ou existiam outros nomes com mais ligação ao hóquei feminino que dariam em principio mais garantias no desempenho da função?
PJ – Aqui sim, acho que foi uma das muitas outras que poderiam se correctas. O trabalho que o Rafael já provou saber fazer fala por ele.
CA – Pedro, voltando ao hóquei em São Miguel, e eu sei que acompanhas também o Santa Clara, que esta época sofreu algumas alterações, como a mudança de treinador, que passa a ser o Júlio Soares, e a entrada de alguns jogadores que vieram do Académico da Feira, achas que estão reunidas as condições para a manutenção, ou será mais complicado que na época passada?
PJ – Penso sinceramente que sim. Todos conhecemos o valor dos jogadores que vieram este ano, ainda mais com a experiência que o Tibério vem trazer à equipa (espero que não se ressinta do acidente que sofreu). Se na época passada o Santa Clara, com um plantel muito limitado, teve o sucesso que foi a manutenção logo na 1ª Fase, então este ano é quase obrigatória a manutenção, até porque agora 80% da equipa pode ser considerada profissional, ou seja, são jogadores contactados para ver para S. Miguel e por isso são pagos. Tudo depende também da capacidade do Júlio conseguir concentrar na equipa o ênfase maior, apesar da importância determinante de algumas individualidades. Penso que o Júlio terá as dificuldades normais de um Jogador/Treinador, situação complicada e muito mais delicada do que ser somente treinador. Todos nós temos consciência das consequências de qualquer erro “grave” que o treinador cometa como jogador, sujeitando-se como qualquer um dos companheiros às críticas veladas ou não, internas ou não, e ao natural enfraquecimento da posição de tal treinador. Como disse, tudo depende do Júlio e da ajuda que receber da sua equipa.
CA – Pedro, obrigado pela disponibilidade e o espaço fica á tua disposição para deixares alguma mensagem aos adeptos do União Micaelense e a todos os visitantes do Cartão Azul.
PJ – O Meu obrigado pela tua disponibilidade para dares espaço ao meu clube. A minha mensagem a todos os adeptos do União Micaelense tem a ver com a equipa deste ano. Peço a todos, adeptos, dirigentes e jogadores, para terem paciência para com jogadores e treinador, porque, para além da juventude de alguns jogadores fundamentais na equipa, não devemos esquecer a dificuldade que a equipa terá de reencontrar equipas com muito mais rodagem que a nossa e algumas mesmo com jogadores pagos, coisa que no União Micaelense não acontece. Assim, a todos paciência, dedicação, empenho e MUITO TRABALHO.
Cortesia
Fotos: Site União Micaelense
PJ – O União Micaelense tem dois grandes “handicaps” nas competições nacionais, que impossibilitam termos certezas sobre a evolução da equipa: a constante descida e subida motivada por um regulamento regional que não permite que uma equipa se mantenha mais de 2 anos na 3ª Divisão, obrigando-a a, se não subir de divisão, descer ao regional QUALQUER QUE SEJA A SUA CLASSIFICAÇÃO no nacional da 3ª Divisão (lembro que de todas as vezes que descemos aos regionais, nunca ficamos classificados abaixo do 6º lugar). Como se não bastasse o facto de termos de 2 em 2 anos uma equipa que interrompeu a sua evolução competitiva (com as consequências terríveis que daí advêm) temos ainda a questão das jornadas duplas, solução violentíssima não só por fazer 2 jogos em menos de 24 horas mas ainda fazê-lo com deslocações entre jogos que por vezes suplantam os 300 quilómetros. Por tudo o que ficou expresso atrás, a subida é muito difícil mas é o único caminho que temos se queremos sair deste sobe e desce obrigatório!
CA – O plantel consegue conjugar a veterania/experiência com a juventude e irreverência, achas que esta fusão será a base para uma época com bons resultados?
PJ – Penso que é uma boa base, mas devo sempre lembrar que o plantel não possuiu qualquer jogador pago nem mesmo jogadores que tenham vindo de fora somente para jogar. No plantel, para além do Pedro Fernandes (professor em Ponta Delgada) e do Nelson Farinha (trabalha e vive também em Ponta Delgada) todos os outros jogadores são micaelenses e apraz-me muito dizê-lo, dos 17 jogadores que na totalidade compõem o plantel, 14 foram formados no União Micaelense… E se 6 jogadores ultrapassam os 24 anos, todos os restantes têm menos de 21 anos, e 6 deles nem têm 20 anos ainda. A base é excelente mas para evoluir seguramente necessitaríamos de participar regularmente em competições nacionais.
CA – O União está integrado na série C, onde vai encontrar algumas equipas de Leiria, Lisboa e Ribatejo como por exemplo o Santa Cita que este ano aposta forte na subida, achas que além do Santa Cita, o BIR e o HC Lourinhã serão os sérios candidatos, ou teremos algum outsider, como por exemplo o HC “Os Tigres”?
PJ – Para além destes que mencionaste, não posso deixar de referir como candidatos também, o Vilafranquense, o Estreito (por virem da 2ª Divisão) e até mesmo o São Roque (que a época passada não subiu por um “triz”). Penso que o campeonato vai mesmo ser muito competitivo e não será dominado por qualquer equipa, antes dividido por várias, com o Santa Cita e o Lourinhã na vanguarda da “matilha”, na minha opinião.
CA – Vindo o União de um campeonato com poucas equipas, onde a competitividade é diminuta, não achas que poderá ser um factor penalizador para a equipa?
PJ – É com certeza. Gosto sempre de dar um exemplo (e vale mesmo só pelo exemplo, nem vale a pena comparar as equipas). Em 2004-2005 o Boliqueime ficou em 8º lugar no Campeonato Nacional da 3ª Divisão e o União Micaelense ficou em 9º lugar. No ano seguinte (2005-2006), o Boliqueime venceu o campeonato e nós ficamos em 5º lugar, após claudicarmos na fase final depois de ocuparmos durante muitas jornadas o 2º lugar da classificação, que também dava a subida. No anos seguinte o Boliqueime (sempre a evoluir e quase sempre com os mesmos jogadores) ficou nos 5 primeiros da Zona “C” e manteve-se na 2ª Divisão e o União Micaelense passou uma época inteira a treinar para jogar somente 4 jogos no final da época para definir o Campeão Açoriano… Penso que este panorama explica tudo!!! Agora quase começamos de novo outra vez!!!! Que evolução poderemos nós esperar? Muito fazem já os nossos jogadores!!!
CA – A aposta em João Teixeira, que a época passada conseguiu a manutenção do Santa Clara na 2ª divisão, é uma aposta na experiência e maturidade do mesmo, ou inicio de um projecto que passará pela subida á 2ª divisão e a manutenção na mesma, criando bases e sustentabilidade para possivelmente voos mais altos?
PJ – Ambos… É nitidamente uma aposta na maturidade e início de um projecto mas é também a necessidade de mudar para evoluir. Os nossos jogadores têm o mesmo treinador há cerca de 18 anos e claro que a manutenção de um treinador num projecto por muitos anos é bom, mas também não exageremos…! Pretende-se mudar para melhorar e a aposta em João Teixeira era a primeira de duas possíveis em que eu confio plenamente. Não poderia ter sido melhor! Convém não esquecer que para além de bom treinador, Manuel João Teixeira tem muitos anos de experiência e continuará a perseguir, para além dos técnico-táctico-físicos, os objectivos muito importantes de continuar a promover a educação formal de alguns jovens com 17, 18, 19 e 20 anos…
CA – Sabendo eu que estás ligado á formação, apesar do timing não ser o exacto, faz-me um balanço da formação nos Açores, tendo como ponto de partida a participação da selecção da AP Ponta Delgada no último Inter-regiões realizado na Páscoa no Entroncamento, onde a equipa acabou por ser a ultima classificada apenas com um golo marcado?
PJ – Como se pode constatar pelos resultados dos últimos anos do Inter-Regiões, estes 2 anos foram muito maus mas espelham o que é a nossa competição, nos Açores. Pode-se treinar muito mas sem competição NÃO SE CONSEGUE EVOLUIR. Nestes últimos 2 anos em S. Miguel, a competição foi bastante reduzida (menos de 90 jogos por época em todos os escalões), se a compararmos com o que aconteceu, por exemplo, em 2004-2005 (cerca de 250 jogos em todos os escalões). Quando quem organiza não entende o valor da competição por mais que se chame a atenção, não pode haver evolução. Por outro lado, neste último Torneio Inter-Regiões a nossa equipa era formada em grande quantidade (5 jogadores) por Infantis. Em S. Miguel a formação está mesmo muito em baixo porque, com excepção do União Micaelense, mais ninguém se preocupa com este sector fundamental.
CA – Achas que o problema da insularidade constitui um entrave á formação e consequentemente ao desenvolvimento dos atletas a nível competitivo?
PJ – Também, claro. Qualquer miúdo continental tem possibilidades de, por exemplo, observar uma quantidade de jogos de diversos escalões e categorias que, quase de forma imperceptível, ajudam muito a complementar a sua formação. Nos Açores isto não é possível pela escassez de jogos competitivos (somente de 2 em 2 semanas os jogos nacionais). Depois temos o problema terrível dos jovens, em grande percentagem, continuarem os seus estudos no continente, o que origina uma verdadeira “sangria” na idade em que mais necessitamos deles (passagem para Juvenis e Juniores). Finalmente a limitação “oceano” que nos impede de fazer como muitas equipas continentais… Colocar os miúdos na carrinha e toca a jogar aqui e acolá… Nos Açores, claro, acabamos no mar!!! E os contactos entre ilhas são impossíveis pelo valor proibitivo das passagens aéreas entre ilhas. Uma VERGONHA!
CA – Mudando novamente de assunto e falando agora das Selecções Nacionais, como viste a nossa participação em Montreux?
PJ – Como todos os portugueses, com uma grande frustração. E não direi mais porque não vale a pena bater mais no ceguinho…
CA – A saída de Paulo Batista, não obrigará a começar tudo de novo, ou o seu trabalho será aproveitado pelo novo seleccionador, servindo o Luís Sénica com elo de ligação entre o antigo e novo seleccionador?
PJ – Penso que é mesmo para isso que existe um Director Técnico Nacional. E penso que nunca deveria começar-se “tudo de novo”. A direcção da FPP deveria ter (até ver penso que tem!) o cuidado de escolher o seleccionador que SEGUISSE A LINHA ORIENTADORA DA DTN. Não podemos estar à mercê de qualquer um, que mude tudo em menos de um minuto. Assim, a DTN deve escolher o treinador com o perfil necessário para proceder à renovação da selecção MAS DE FORMA GRADUAL E EQUILIBRADA e nunca duma maneira tão radical como foi feito antes. Penso que este, para além dos problemas todos do hóquei em patins nacional, foi o principal motivo do descalabro, porque faltou na selecção mais 1 ou 2 jogadores com o carisma de campeões!
CA - Na tua opinião quem achas que a FPP devia escolher como sucessor de Paulo Batista?
PJ – Se me permites, não responderei a esta pergunta. Principalmente por estar tão distante que muitas coisas acontecem sem que nós o saibamos. Assim, limito-me à minha pequenez e deixo a tarefa a quem efectivamente tem a responsabilidade.
CA – O hóquei feminino também é noticia na página do CUM, a escolha de Rafael Oliveira para seleccionador nacional. achas que foi a mais correcta ou existiam outros nomes com mais ligação ao hóquei feminino que dariam em principio mais garantias no desempenho da função?
PJ – Aqui sim, acho que foi uma das muitas outras que poderiam se correctas. O trabalho que o Rafael já provou saber fazer fala por ele.
CA – Pedro, voltando ao hóquei em São Miguel, e eu sei que acompanhas também o Santa Clara, que esta época sofreu algumas alterações, como a mudança de treinador, que passa a ser o Júlio Soares, e a entrada de alguns jogadores que vieram do Académico da Feira, achas que estão reunidas as condições para a manutenção, ou será mais complicado que na época passada?
PJ – Penso sinceramente que sim. Todos conhecemos o valor dos jogadores que vieram este ano, ainda mais com a experiência que o Tibério vem trazer à equipa (espero que não se ressinta do acidente que sofreu). Se na época passada o Santa Clara, com um plantel muito limitado, teve o sucesso que foi a manutenção logo na 1ª Fase, então este ano é quase obrigatória a manutenção, até porque agora 80% da equipa pode ser considerada profissional, ou seja, são jogadores contactados para ver para S. Miguel e por isso são pagos. Tudo depende também da capacidade do Júlio conseguir concentrar na equipa o ênfase maior, apesar da importância determinante de algumas individualidades. Penso que o Júlio terá as dificuldades normais de um Jogador/Treinador, situação complicada e muito mais delicada do que ser somente treinador. Todos nós temos consciência das consequências de qualquer erro “grave” que o treinador cometa como jogador, sujeitando-se como qualquer um dos companheiros às críticas veladas ou não, internas ou não, e ao natural enfraquecimento da posição de tal treinador. Como disse, tudo depende do Júlio e da ajuda que receber da sua equipa.
CA – Pedro, obrigado pela disponibilidade e o espaço fica á tua disposição para deixares alguma mensagem aos adeptos do União Micaelense e a todos os visitantes do Cartão Azul.
PJ – O Meu obrigado pela tua disponibilidade para dares espaço ao meu clube. A minha mensagem a todos os adeptos do União Micaelense tem a ver com a equipa deste ano. Peço a todos, adeptos, dirigentes e jogadores, para terem paciência para com jogadores e treinador, porque, para além da juventude de alguns jogadores fundamentais na equipa, não devemos esquecer a dificuldade que a equipa terá de reencontrar equipas com muito mais rodagem que a nossa e algumas mesmo com jogadores pagos, coisa que no União Micaelense não acontece. Assim, a todos paciência, dedicação, empenho e MUITO TRABALHO.
Cortesia
Fotos: Site União Micaelense
2 comentários:
Excelente entrevista, e a frontalidade e sinceridade com que aborda os temas, não tendo problemas em pôr o dedo na ferida, revela ao carisma e a qualidade de quem realmente tem "Uma vida dedicada ao hóquei", para terminar apraz-me dizer: Bem haja Pedro Jorge Cabral
não comento este convívio de amigos , mas alguem que me esclareça uma pequena questão . O sr. rafael oliveira de quem tanto se fala neste e no outro sítio ganhou o quê ? treinou quem ? fez o quê ? Parece haver aqui pouca informação neste dossier . Naõ peço o curriculum detalhado do senhor , mas alguém que me esclareça , se é que conseguem
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