O meu União fez ontem 81 anos, e está de parabéns por isso. Nunca neguei, nem escondi de ninguém a minha paixão pelo clube do Entroncamento, habituei-me desde de miúdo a gostar do União, cresci com o clube. Já ele era um respeitável Senhor de 38 anos quando cheguei à terra dos Fenómenos, tinha eu na altura 20 meses. A minha infância, juventude foi passada naquele ringue, o velho ringue de cimento, com o jardim ao fundo, onde se comemoravam os Santos Populares, se realizavam arraiais, vi as bancadas cheias para presenciar os jogos de hóquei em patins, e os torneios de futebol salão, com os saudosos Jorge Barral, Chico Saboga entre outros a venderem o loto entre os presentes para angariar fundos para a colectividade. Foram sábados e sábados de manhã, fizesse chuva ou sol, lá íamos todos jogar futebol salão, para queimar as calorias “ingeridas” nas longas noites de sexta-feira. Na altura o Félix Carvalho era o presidente e o amigo Carlos Castanheiro, vizinho dele, ou o Patinhas actual genro lá metiam uma "cunhazita" e o ringue estava á nossa disposição, até na minha despedida de solteiro lá realizamos um Sporting – Benfica para iniciar a celebração da mesma, que terminou inevitavelmente no “Bar Titói”.
Vi o Pavilhão, crescer a pouco e pouco com o esforço e dedicação de muitos Unionistas, assisti à campanha “Pró taco”, para arranjar fundos para colocar novo piso e acabar de vez com o velhinho piso de cimento, que entretanto tinha sido ampliado. Vibrei com as vitórias do clube e sofri com as suas derrotas, mas sempre que a minha vida profissional permitia, lá estava eu, fosse nos eventos desportivos, fosse nos eventos culturais. Vi o meu União ser reconhecido pelo Governo pelo excelente trabalho que estava a desenvolver, vi pessoas dedicarem grande parte da sua vida em prol do clube, sem nunca lhe cobrarem nada, vi protocolos com as escolas para que os jovens viessem aprender a patinar, vi um clube de mãos dadas com a população e com os seus sócios.
E o que vejo agora passados estes anos? Vejo um clube com os sócios e população de costas viradas (pelo menos grande maioria), vejo um clube sem dinamismo, no que concerne à realização de eventos desportivos e culturais, vejo Unionistas confessos que sempre ajudaram e contribuíram para o património do clube afastarem-se em divergência com a direcção, vejo jogadores que sempre conheceram a camisola alvinegra, a saírem para outros clubes, vejo projectos com pernas para andar, a serem “terminados” logo à nascença, vejo que os eventos programados para as comemorações dos 80 anos da colectividade, não passaram mesmo da fase de programação, vejo patrocínios de marcas conceituadas no meio serem recusados em detrimento de outros de menor valor e regalias para o clube, vejo em certos casos a indisciplina e a ser premiada, vejo que um dos princípios fundamentais e primordiais do João Maria Vaz, enquanto treinador e, que era primeiro formar o Homem e depois o Atleta, a não ser levado em conta, enfim vejo que algo não vai bem no meu União.
E o que vejo agora passados estes anos? Vejo um clube com os sócios e população de costas viradas (pelo menos grande maioria), vejo um clube sem dinamismo, no que concerne à realização de eventos desportivos e culturais, vejo Unionistas confessos que sempre ajudaram e contribuíram para o património do clube afastarem-se em divergência com a direcção, vejo jogadores que sempre conheceram a camisola alvinegra, a saírem para outros clubes, vejo projectos com pernas para andar, a serem “terminados” logo à nascença, vejo que os eventos programados para as comemorações dos 80 anos da colectividade, não passaram mesmo da fase de programação, vejo patrocínios de marcas conceituadas no meio serem recusados em detrimento de outros de menor valor e regalias para o clube, vejo em certos casos a indisciplina e a ser premiada, vejo que um dos princípios fundamentais e primordiais do João Maria Vaz, enquanto treinador e, que era primeiro formar o Homem e depois o Atleta, a não ser levado em conta, enfim vejo que algo não vai bem no meu União.
Podem acusar-me de que falar é fácil, fazer é que é difícil, e eu assino por baixo, anuindo com tal acusação, mas deixem-me contrapor, e aqueles que não falam e querem fazer, e pura e simplesmente não os deixam? Apesar da distância, continuo a sofrer pelo clube, quando penso que algo vai mudar e o caminho da normalidade vai ser retomado, algum obstáculo aparece e geralmente vindo de pontos cimeiros da hierarquia. Se fiquei contente com o projecto que foi apresentado no Verão e que tive o privilégio de ler, atracado na longínqua cidade de Muscat no Sultanato de Omã, lógico que fiquei, pois vi a actividade voltar ao meu União, se fiquei triste quando o projecto foi abruptamente interrompido, claro que fiquei, muito mais quando essa interrupção é explicada num comunicado que pouco ou nada diz, e que apesar da insistência de sócios e adeptos, mais nenhuma explicação foi dada, mas no meio dessa tristeza, apenas dois pormenores a combateram, um foi o facto do Rui Alves (pessoa que estimo e admiro e que conheço desde as primeiras “patinadelas”, e que tanto me fez vibrar e espero que continue a fazer, com os seus golos) ficava à frente da equipa de seniores, outra é que o Jorge Sobreira, Unionista dos sete costados e um dos responsáveis pelo que o União é hoje em termos de projecção e património, ia voltar a ser seccionista e colaborar directamente com o clube, mas o clube merece mais, muito mais, merece que os outros “Jorges Sobreiras” (e desculpem a redundância), que como ele ajudaram a crescer e a projectar o clube, voltem de novo à vida da colectividade, dentro das suas possibilidades temporais, e dêem as mãos e caminham no mesmo sentido, tendo como objectivo, devolver o clube à população da cidade, e ao hóquei Português em geral e Ribatejano em particular, fazer do clube um grupo, onde todas as opiniões contem e não um clube onde só conta a opinião e a vice-opinião, vamos olhar para o futuro e pegar neste Senhor de 81 anos e provar que a idade nestes casos só dá maturidade e consistência e como qualquer pessoa que chega aos “oitentas”, com altos e baixos ao longo da vida, tem toda a legitimidade de poder continuar e ambicionar o que de bom fez durante este tempo, sabendo que tem qualidades, estruturas e estatuto para tal, assim não deslapidem tudo o que tantos anos e tantas pessoas construíram, sempre “Sorrindo às dificuldades”.
Recorte Jornal "O Entroncamento" 30/12/1955, publicado em UFE Fans
Recorte Jornal "O Entroncamento" 30/12/1955, publicado em UFE Fans
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