Bom dia Francisco Antes de mais, e achando eu justo e compensatório o trabalho que tens feito na divulgação do Hóquei regional, desafio-te a colocares-te no lado oposto e seres tu a dar uma entrevista para o MSJ7.
MSJ7 – Queria começar por te perguntar como surgiu esta ideia de perderes grande parte do teu tempo por um projecto todo ele elaborado pela tua carolice e paixão por esta modalidade?FG – Em primeiro lugar obrigado pela oportunidade, quanto á ideia começou a ter os primeiros “alinhavos”, na altura em que estava a bordo da Fragata Vasco da Gama, longe do Entroncamento e onde só conseguia saber alguma coisa do hóquei do Ribatejo através do teu blog, e então no meu tempo livre fui começando a fazer um esboço do que viria a ser mais tarde o Cartão Azul. Depois de ter desembarcado e restituído á família o tempo que lhes tinha “roubado” em 3 anos de mar, comecei a documentar-me a falar com pessoas ligadas á modalidade e no dia 01 de Março dei inicio ao trabalho, sempre muito apoiado pelo meu filho que me foi dando umas digas na elaboração/configuração do mesmo.
MSJ7 – Sabendo eu que és um apaixonado pelo Hóquei, quais as convicções que te levam, passado quase um ano, a levar esta iniciativa para a frente, mesmo sujeito a alguma opiniões contraditórias ou mesmo algumas ofensas a nível pessoal a que um administrador de um espaço destes está sujeito?FG – Sabes Mário, o que me tem movido a continuar com este “hobby” é a vontade de divulgar a modalidade que eu elegi como favorita, sem nunca a ter praticado, e que se não forem os Cartões Azuis, os MSJ7, Mundook, Mundo do Hóquei, União Micaelense entre outros a divulgar, acaba por cair no esquecimento e já que a comunicação social nacional e regional/local não acompanha ou pouco liga, e desculpa o termo temos que ser nós “carolas” a assumir esse papel. Quanto ás opiniões contraditórias, são sempre bem vindas e se forem criticas construtivas ainda mais, quanto as ofensas pessoais só vem fazer com que a dedicação seja maior.
MSJ7 – Sabido que és um adepto honroso do União do Entroncamento, como vês esta travessia de resultados e formação que se abateu no clube nestes últimos anos?FG – Eu cresci na rua paralela ao União, lembro-me de ver jogos no antigo ringue em cimento, que depois foi aumentado, apesar de nunca ter praticado sempre vi os jogos e frequentei as instalações para jogar futebol salão. Quanto a esta fase menos boa do clube a nível de formação, pois quer queiramos quer não o União foi e é e estou convencido que voltará a ser um ícone na modalidade em geral e na formação em particular. Mas na minha opinião enquanto adepto e sócio do clube o ponto de viragem e a curva descendente a nível de resultados começa com a saída do Sr. João Maria, que era o principal mentor/dinamizador do clube a nível de formação, e depois ouve dois ou três elementos que vieram a seguir que em vez de pegar no trabalho que estava feito pelo Sr. João, começaram a inventar e neste altura em pleno século XXI, está tudo inventado como tal, estragaram um trabalho que demorou décadas a construir, e que tu enquanto jogador do clube sabes bem que existia, e não é á toa que do União saíram jogadores muito bons, alguns acima da média como o Gonçalo Amaral e o Nuno Cochicho, entre outros, e ainda actualmente tanto como jogadores, como treinadores continuam em posições cimeiras no hóquei ribatejano.
MSJ7 – Conseguimos analisar pelos resultados que o UNIÃO está em franca recuperação de credibilidade, achas que agora sim, está no caminho certo?FG – Por acaso estive no passado sábado de manhã do Pavilhão e foi com muito agrado que vi muito miúdos penso que alguns bambis outros benjamis a trabalhar com agrado e afinco e aquela imagem fez-me recuar uns onze, doze anos atrás quando o Nuno começou a dar as primeiras “patinadelas”, sob a orientação do José Manuel Ventura, e que o União era referência. Actualmente penso que esses miúdos vão ser o futuro do clube e o Cajé, o Saboga, o Rui Alves e as outras pessoas que trabalham com eles, irão de certeza colher o que estão agora a semear.
MSJ7 – Uma opinião sobre este novo presidente do clube?FG – Penso que o Sr. Vítor Frutuoso, além de estar ligado á vertente desportiva é uma pessoa com princípios e dinamismo para trazer de novo o União ao lugar que é seu por direito.
MSJ7 - Como vês a formação e o hóquei em geral a nível regional?FG – A nível regional, acho que existem dois clubes que estão a trabalhar a “todo o vapor” que é o caso do HC Santarém e do SC Tomar, e os restantes continuam também a desenvolver um bom trabalho, e fruto disso são as chamadas aos trabalhos das selecções nacionais, do David Vieira e do Filipe Almeida, e resultados como os de 2005 e 2006 no Inter-regiões em que se alcançou um quinto e quarto lugar. Depois acho que temos óptimos técnicos a trabalhar no distrito, o que falta se calhar é a abundância de atletas como acontece em Lisboa no Porto e em mais duas ou três localidades do país, e neste caso quantidade é sinónimo de qualidade, pois é mais fácil em 30 ou 40 escolher 10, do que por vezes ter 10 para escolher outros tantos.
MSJ7 – E a nível Nacional?FG – Continua a haver aqueles clubes que são referência a nível de formação, tipo um Paço de Arcos, FC Porto, OC Barcelos, que são candidatos crónicos ás finais, e depois a espaços lá vão aparecendo uns out-siders como foi o caso do FC Oliveira do Hospital, o Parede FC este ano em juvenis. Ainda por Lisboa e pelo que tenho acompanhado acho que tanto o Sporting como o Benfica estão a fazer um trabalho muito bom na formação, de que já resultaram títulos nacionais.
MSJ7 – Sendo tu um adepto atento do hóquei a nível regional, espectador atento de alguns jogos, o que achas e que clubes pensam estar a trabalhar melhor?FG – É difícil responder a essa pergunta, porque acho que todos eles dão o seu melhor em prol da modalidade, e depois é difícil agradar a “Gregos e Troianos”, senão vê o caso do Tomar em seniores, que apesar de ser a melhor equipa ribatejana (na minha opinião, claro) ser um dos ícones da modalidade a nível nacional, e que tem um boa equipa, muito bem orientada, se questionares os adeptos do clube uns são a favor outros são contra, portanto é sempre difícil dizer quem está melhor. Não posso deixar passar a oportunidade para saudar o Gualdim Pais nesta sua nova faceta que é o nacional de seniores, e estou convencido que após este ano de “aprendizagem”, vamos ouvir falar muito daquela equipa. Quanto ás outras aproveito para desejar a todas um excelente campeonato e que no final da época tenham conseguido atingir os objectivos a que se propuseram.
MSJ7 – Mudando de assunto, o Mar é para ti o céu de muitos, Descreve-nos um pouco da vida marítima que um homem como tu tem, passando horas e horas dentro de um barco, longe da família e dos amigos.FG – Sabes Mário, o mar é a minha paixão e quando consigo conciliar o prazer de trabalhar em comunicações com o prazer de navegar é sem dúvida uma realização tanto pessoal como profissional, é claro que isto tem o reverso da medalha que é longos períodos ausente, longe da família, longe dos amigos mas a família em particular como elo mais forte, compreende que a minha vida passa por isso e tem noção do quanto me realizo profissionalmente. Actualmente estou numa fase em que desembarquei á cerca de um ano, e terei apenas uma nova hipótese de voltar ao mar, que está neste momento em cima da mesa e a ser estudada por quem de direito, e como tal estou naquela fase que se for eu o eleito, terei todo o orgulho em voltar a servir o meu país em mais esta missão, se não for continuarei a servir o meu país da mesma forma mas sem a componente marítima associada, e neste caso continuarei a servir os amantes da modalidade através do Cartão Azul. Em relação a passar horas, dias, semanas no mar ainda o ano passado em Junho estivemos 23 dias seguidos no mar, vai-se passando com “tranquilidade”, alternando as horas de serviço, com outras de lazer, onde se vai pondo a leitura em dia, ouvindo umas musicas, e acabamos por estar em casa pois somos uma família e o objectivo é comum, atracar em segurança em Lisboa e regressar aos entes queridos.
MSJ7 – Francisco, antes de mais o meu obrigado por aceitares esta conversa e muitas felicidades e continuação de um trabalho sério que estás a realizar com o Cartão Azul.Para terminar, uma mensagem aos miúdos que começam agora a sua vida desportiva na nossa modalidade.FG – Que tenham objectivos, que trabalhem sempre para serem os melhores, e sejam disciplinados e tenham regras, pois ter habilidade só não chega, é preciso disciplina e se conseguirem aliar a vocação para a modalidade, com o trabalho e a vontade de vencer, tentando absorver ao máximo os ensinamentos dos treinadores, tem tudo para singrar.
MSJ7 – Obrigado e até uma próxima. AbraçoFG - Obrigado eu Mário pela entrevista e felicidades para o teu MSJ7 e para a tua vida particular e desportiva.