Chegou a Tomar em 2006/2007 vindo do SC Marinhense, manteve-se na Cidade Templária até à passada época a representar a equipa verde e branca. Esta época ruma até Alcobaça para representar a equipa da "Cidade da Maça" que após uns anos de interregno volta a ter equipa de seniores. David José Santos Gonçalves conhecido no mundo do hóquei por Esteves é assim um reforço de peso da equipa Alcobacense que no passado sábado venceu o V Torneio António Jacinto Ferreira em Santa Cita. O Cartão Azul deu um "salto" até Alcobaça para falar com Esteves, dos objectivos para esta época, da sua saída de Tomar e de outros assuntos da modalidade.
CA - Boa tarde, obrigado pela disponibilidade. Quais os objectivos do Alcobaça para esta época
DG -Boa tarde. Em primeiro lugar gostaria de agradecer esta oportunidade e dar os parabéns pelo excelente trabalho que tem vindo a desenvolver nos últimos anos. Os objectivos do Alcobacense passam por criar uma base para que dentro de dois ou três anos possam pensar em algo mais. Isto é o que o clube pretende, mas quem anda no desporto a sério e trabalha como nos temos vindo a trabalhar pensamos e ambicionamos algo mais.
CA - Ainda no campo dos objectivos, quais são os objectivos do Esteves para esta época de 2011/2012?
DG – Os meus objectivos a nível pessoal passam sempre por fazer melhor que na temporada passada, e esta época espero vir a ter um papel mais preponderante na equipa, e estar no top 5 dos melhores marcadores da 3ªdivisão centro, porém dou prioridade aos objectivos do grupo de trabalho.
CA - Olhando para o plantel da equipa podemos verificar que a mesma consegue conjugar a experiência e a juventude, será um dos argumentos para podermos considerar a equipa como um dos candidatos à subida de divisão?
DG – Sabemos do valor do nosso plantel, e olhando para equipas como o UF Entroncamento, o AC Sismaria, e o Vialonga, temos a noção do nível de dificuldade que iremos ter neste campeonato, no entanto podem considerar o Alcobacense como candidato a lutar pela vitória todos os sábados, e será com esse intuito que iremos trabalhar semanalmente.
CA -O que representa a vitória no Torneio de Santa Cita?
DG – Neste momento o importante é entrosar a equipa, dar minutos a todos, para que quando o campeonato começar o grupo esteja preparado para ganhar, é claro que ganhar o torneio de Santa Cita foi um óptimo presságio e veio reforçar-nos a moral. E é uns indicadores que estamos a trabalhar bem. Mas claro, o objectivo de qualquer equipa num desporto colectivo é ganhar, e o hóquei não foge há regra, isto é bom mas é a ganhar!
CA - Olhando para a composição da zona Centro da 3ª Divisão, quais são na tua opinião os mais sérios candidatos à subida?
DG – É relativo apontar candidatos, pois os candidatos vão se revelar, consoante os resultados dos jogos, mas sem querer tirar valor a nenhuma equipa, pois todos partimos com 0 pontos, identifico 3 candidatos pelos jogadores que dispõem. O UF Entroncamento que se reforçou bem com jogadores como o Bruno Pereira e o João Capitolino que foram meus colegas no S.C.Tomar e lhes reconheço bastante valor, contam com o regresso do Francisco Maia que também conheço e tem qualidade , depois temos o AC Sismaria , que apesar de ser um clube novo , os seus atletas se conhecem há muitos anos , e onde o Orlando e o Marco Guerra são dois reforços de enorme qualidade, aliados ao Ricardo Santos e restante equipa ex-SCL Marrazes. E é preciso não esquecer o Vialonga, que pode não parecer, mas possui no plantel, além de um grande amigo meu, um dos melhores jogadores com quem já joguei, o Bruno Monteiro, e que se reforçaram com um jogador de 1ºdivisão na baliza, o Fábio Guerra, meu ex-colega de equipa e de valor inquestionável, são estas para mim as 3 equipas melhor apetrechadas, no entanto queremos ser a equipa revelação e como disse anteriormente, vamos lutar pelos 3 pontos em qualquer lado.
CA - A tua saída de Tomar acabou por ser comentada por Nuno Lopes numa entrevista à Radio Hertz, e posteriormente publicada no Cartão Azul da seguinte forma:
«Francamente não fiquei surpreendido pois tinha falado com os atletas e se há algo que posso destacar nessas conversas foi a forma directa com que todos abordaram os respectivos temas... Exceptuando o Esteves, todos foram correctos para comigo e para com o clube. Refiro-me ao Esteves, pois julgo que a maneira com que conduziu a situação não foi a mais correcta. O Esteves saiu porque encontrou um clube que lhe arranjou emprego, levando-o a optar pelo Alcobacense... Parece correcto, mas não é! Há umas coisas por detrás disto, neste caso particular com a minha pessoa. O Esteves falhou, mas a vida vai continuar e, mais tarde, vão ser os homens de Alcobaça que vão dizer-me alguma coisa do Esteves. Durante muitos anos eu tive que guardar muita coisa e transformar situações negativas em positivas. Ainda assim, desejo-lhe a maior sorte do mundo»
Queres comentar estas afirmações e explicar quais os motivos que te levaram a trocar Tomar por Alcobaça? DG – Agradeço a oportunidade que me dá de esclarecer o assunto, pois efectivamente não saí da melhor maneira do S.C.Tomar, mas reconheço que se existe um culpado nesta saída sou eu, sei que desiludi muita gente. Em primeiro lugar toda gente sabia que eu queria arranjar um trabalho a tempo inteiro, coisa que nunca fiz pois trabalhei sempre em part-time. Falei com o Nuno e ele disse que me ia ajudar. Mas entretanto passou-se dias, semanas e certo dia recebo uma chamada do Presidente do Alcobaça a dizer que tinha um trabalho para mim que caso tivesse interessado em representar o Alcobacense. Trabalho esse que quando foi apresentado confesso que me agradou imenso devido às condições que me apresentaram.
Desde já agradeço ao Sr. Pedro Mateus (Presidente do AACD) e ao Sr. Cristóvão Melro (Gerente da empresa Tectend) por terem acreditado em mim e depositado enorme confiança, tiveram um papel preponderante na minha decisão final. A empresa é sólida e temos tido muito trabalho que é o mais importante, isto também por sermos os únicos em Portugal a fabricar tectos tensos. A eles desde já o meu grande obrigado.
Os motivos não ficam por aqui, porque depois também pensei nas viagens, que já estava um pouco saturado de fazer tanto km por semana.
Foi duro para mim quando li essa entrevista pois a relação que tenho com o Nuno é muito especial e toda a gente sabe disso. Passámos momentos bons e maus, mas fez-me crescer muito mais do que um simples jogador do hóquei em patins, fez-me crescer como pessoa. Criamos laços bastante fortes que é preciso uma vida para voltar a ter esse tipo de relação, daí ter falhado com ele. A ele não há mal a dizer nunca e sei que vai ser bem sucedido no futuro porque trabalha incondicionalmente e vive o hóquei como ninguém.
CA - Na época passada depois de uma primeira volta de boa qualidade, e em que estavam numa situação confortável, acabam por fazer uma 2ª volta de qualidade muito inferior que veio a culminar com a descida de divisão, na tua opinião o que motivou essa 2ª volta tão negativa e o regresso á 2ª divisão?
DG – É uma pergunta complicada, na 1ª volta ninguém acreditava em nós, todos nos davam como a equipa “bónus” e depois de uma pré-época atribulada que deu razão aos críticos, tivemos um inicio de campeonato onde o jogo em casa com o FC Porto mostrou o potencial, e fomos a equipa revelação da 1ª volta, porém a 2ª volta, a nível de resultados, foi demasiado injusta para as nossas exibições, o mais fácil será dizer que a culpa foi dos árbitros, mas isso é a resposta fácil, nem obriga a pensar, mas verdade seja dita, tiveram um papel importante na nossa 2ª volta medíocre, pois se formos ver os resultados que decidiram, fomos prejudicados. E muitos não se lembram, mas começou tudo no jogo em Torres Vedras com a Física, e as derrotas com Juventude Viana e Cascais foram a nossa cruz, retiraram-nos muita moral, e a nós jogadores faltou-nos mais revolta acomodamo-nos um pouco ao facto de termos a desculpa dos árbitros, e nós jogadores, não por falta de qualidade, mas por alguma imaturidade, facilitamos em dois jogos cruciais, falo do jogo com o Valongo em casa e o jogo com o Cambra, eram 6 pontos importantíssimos, eram equipas do nosso campeonato, e onde não podíamos perder pontos em nossa casa depois de ter perdido em casa deles. Em suma, falhamos o objectivo, mas valeu pela experiência.
CA - Que comentários tem a fazer em relação à tua passagem pelo SC Tomar?
DG – Sinceramente a passagem pelo SC Tomar foi o ponto alto até agora da minha carreira, em Tomar tive a oportunidade de trabalhar com jogadores de enorme qualidade, pertenci ao grupo que subiu de divisão 11 anos depois da última subida, e o SC Tomar deu-me a possibilidade de concretizar o sonho de jogar na 1ª divisão, claro que também passei por maus momentos tanto a nível desportivo como pessoal , mas até aí como tive a possibilidade de ter por perto pessoas impecáveis e que me ajudaram muito como o Ivo Silva , Bruno Monteiro , Gonçalo Santos , Sr. João Bernardino, Sr. Zé Fernandes, o nosso enfermeiro Sr. Joaquim, e claro , como já acima nesta entrevista referi , o Nuno Lopes , que no bem e no mal teve sempre ao meu lado e me ajudou, espero não me estar a esquecer de ninguém, pois saiu a bem com toda a gente , e logicamente, por tudo o que referi, a minha passagem pelo SC Tomar foi muito positiva!
CA - Olhando para a equipa do SC Tomar para esta época, achas que são verdadeiros candidatos, ou acabarão por fazer um campeonato tranquilo, garantindo a manutenção atempadamente?
DG - Sem olhar para a equipa, o S.C.Tomar é sempre uma equipa a ter em conta em qualquer competição onde esteja presente, é claro que o passado não vence jogos, mas o S.C.Tomar, com a dimensão e o passado prestigiante que têm, é sempre um candidato a vencer qualquer partida.
No que diz respeito ao plantel, se é verdade que perdeu algumas pedras importantes, não deixa de ser verdade que se reforçou em qualidade, com o Marco Gaspar e o João Almeida, que obtiveram bons resultados e boas performances no Ourém, com o Tiago Monteiro, jogador importante na subida e na manutenção do Cascais e acabando num dos jogadores em destaque na subida do Tigres, o Bruno Januário, são 4 jogadores que eu acredito que irão ajudar bastante a atingir os objectivos do clube, e atenção os que ficaram são importantes, tanto o Márcio Ornelas e o Tiago Barros, que o ano passado jogaram pouco não por falta de qualidade, mas no caso do Márcio, pelo Fábio ter estado muito bem, o Tiago por estar a concorrer com jogadores do nível do Gonçalo Santos e do Nuno Domingues mas acredito que este ano vão mostrar o seu valor, o João Lomba é um jogador fortíssimo que fez uma boa época na 1ª divisão e que na 2ª divisão irá fazer ainda melhor, e o Ivo , que é um jogador (e ser humano também) fantástico, que não tenho dúvidas que será um dos destaques da 2ª divisão!
CA - Ainda pelo hóquei do Ribatejo, como viste a desistência da J. Ouriense e o que a mesma representa para o hóquei Ribatejano?
DG – Fui apanhado de surpresa quando soube da notícia (vi no Cartão Azul) nunca equacionei esta possibilidade num clube de referência no Ribatejo como é o JO, porém qualquer desistência a nível de clubes é de lamentar para a modalidade, e vejo com um sentimento de tristeza o desaparecimento (espero que temporário) do JO, pois sem dúvida que irá fazer falta não só ao hóquei ribatejano como ao hóquei nacional!
CA - Apelando ainda ao teu conhecimento do hóquei Ribatejano, qual a tua previsão para HC "Os Tigres", ACR Santa Cita e União FE para a época 2011/2012?
DG – O H.C.Tigres reforçou-se em quantidade e qualidade, prevejo um campeonato difícil, mas se conseguirem fazer do factor casa o seu porto de abrigo, e vencer 4/5 jogos fora de casa, penso que irão atingir a manutenção na 1ª divisão. O ACR Santa Cita é uma equipa tradicionalmente difícil em sua casa, e reforçou-se bem com o Rui Alves e com o João Filipe, perspectivo ainda que iram somar pontos onde ninguém espera. O UF Entroncamento como já referi é um sério candidato aos dois primeiros lugares.
CA - Para terminar, resta-me agradecer a tua disponibilidade, e fica o espaço à tua disposição para alguma mensagem que queiras deixar aos visitantes do Cartão Azul
DG – A minha disponibilidade para a ajudar na divulgação do hóquei será sempre total e se alguém tem de agradecer sou eu, eu é que agradeço a possibilidade que me deu de falar sobre alguns temas que estavam por esclarecer como a minha saída do SC Tomar e de falar um pouco sobre o projecto e os motivos que me levaram até Alcobaça. Aos visitantes do Cartão Azul apelo a que não deixem de visitar este espaço, sem dúvida que é um espaço de referência no que a informação do hóquei diz respeito, e ao Sr. Francisco temos todos a agradecer por dinamizar a nossa modalidade no seu espaço, continue por muitos anos! Um abraço e uma boa época desportiva a todos! Esteves
Fotos: Jornal Cidade de Tomar