Que balanço a direcção da KAOS faz do vosso trajecto ate ao momento?Somos sem qualquer sombra de dúvida o melhor grupo de apoio português, não só pelo facto de estarmos há mais de dez anos a apoiar o clube sempre a bom nível - embora houvessem momentos melhores que outros - como também pela regularidade que temos mantido ao longo dos ano. Temos assistido ao aparecimento de alguns grupos, que pouco tempo depois desaparecem de uma forma muito rápida, vemos ainda outros que aparecem, desaparecem, aparecem e voltam a desaparecer. A Kaos destaca-se por estar há mais de uma década a apoiar o clube de forma irredutível. Actualmente, a claque tem sido mais regular nas suas deslocações, e o facto da modalidade e do clube passarem por momentos de alguma aflição relativamente ao passado, faz com que os bravos que hoje em dia marcam presença nos jogos do Óquei de Barcelos mereçam todo o respeito.
Nunca foram tentados pelo futebol, e nomeadamente no apoio ao Gil Vicente?Por duas vezes a Kaos teve passagens pelo Gil Vicente, mas efémeras. A segunda, após o nosso abandono do Gil, acabou mesmo por resultar no aparecimento de um grupo de apoio ao Gil Vicente e que fez com que na altura a Kaos tivesse perdidos alguns elementos, o que foi consequência de uma fase menos boa ao nível de molduras humanas da nossa parte, contudo, esse problema já ficou para trás e actualmente vivemos dias bem melhores. Curiosamente, essa ocasião coincidiu na altura em que a actual direcção tomou posse, o que, no fundo, nos deu algum gozo em termos conseguido ultrapassar essa fase da melhor maneira.
Que tipo de organização têm?A nossa organização resume-se à preparação das deslocações e pouco mais. Sempre que o Barcelos joga fora da nossa cidade tentamos acompanhá-lo e é aí que entra a nossa organização. Somos nós que temos que ter a preocupação de juntamente com os líderes dos diferentes grupos, não no sentido de uma claque dividida, mas sim organizada, convocar as pessoas para irem connosco e assegurar transporte para todas elas, seja de carro, comboio, ou de autocarro. Outra função que a nossa organização considera como fundamental é zelar pela segurança dos membros da Kaos, cabendo-nos a nós contactar os agentes das autoridades competentes para o efeito de cada cidade onde o Barcelos vá jogar, para que tudo corra dentro da normalidade.
É difícil captar novos elementos?Sem dúvida que sim. São poucos os elementos novos que temos. A modalidade vive dias difíceis, o Futsal, o Basquetebol, até o Andebol e o Voleibol têm mais visibilidade do que o hóquei em patins, e sendo a Kaos composta maioritariamente por pessoas jovens, estes acabam por se identificar mais com as restantes modalidades. Os elementos novos que vão entrando, são sempre por influência dos que já temos. Muito dificilmente se verificam entradas de novos elementos por outros motivos.
Projectos para o Futuro?Acima de tudo, nunca será demais referir que o nosso grande desejo é voltar a ver o Barcelos ocupar os lugares nacionais e internacionais que nos pertencem, mas isso é uma tarefa que diz respeito à direcção do clube, nós só temos é que apoiar o clube, ajudar no que nos diz respeito.Em relação à Kaos, vamos manter a postura que temos mantido ao longo dos últimos tempos, vamos estar presentes sempre que possível, para ajudar o clube a ultrapassar esta fase, pois jamais iremos virar a cara à luta pelo nosso clube. No sábado estivemos presentes nos Carvalhos, hoje estaremos presentes em Valongo, e será assim durante toda a época. Os verdadeiros adeptos vêem-se nos momentos difíceis, e nós temos orgulho em ser fiéis aos nossos ideais e à nossa fé, e acima de tudo e de todos, temos orgulho em ser do Barcelos.
Como vêem o momento actual do Barcelos?Temos a noção de que o estado actual do Óquei de Barcelos não é fácil, nomeadamente ao nível financeiro, aliás, isso é algo que é do domínio público desde há alguns anos. Sabemos que a direcção do Barcelos tem vindo a desenvolver um plano para resolver a actual situação financeira, o próprio presidente Paulo Pereira referiu em conferência de imprensa, onde é bom referir que fomos os únicos adeptos do clube a estar presentes, a questão do PEC como um princípio para dar início à solução das dívidas ao fisco. No que concerne à equipa sénior, está à vista que é um plantel jovem, mas não nos podemos esquecer que jogadores como João Pinto e Hugo Costa venceram a Taça Latina em Março passado, que jogadores como Zé Braga, Diogo Silva e Nelson Ribeiro fizeram parte das selecções das camadas jovens, o Ginho continua a ser uma das maiores referências das balizas portuguesas, o Hugo Azevedo foi um dos melhores marcadores do campeonato da temporada passada, que, mesclado com a experiência de jogadores como André Torres, Leal, Viterbo e até Luís Mendes poderá ser muito importante numa fase mais adiantada da prova, nomeadamente no Play-off.
Não é fácil apoiar o clube do ponto de vista financeiro.
Apesar da crise, como é possível este tipo de apoio à equipa?É claro que não é nada fácil, por diferentes motivos. A crise geral que o nosso país vive, faz com que seja cada vez mais difícil ter dinheiro para suportar os 5, 7.5 e 10 euros que os clubes insistem colocar como preço do bilhete, faz com que se torne cada vez mais difícil pagar bilhetes de autocarro, bilhetes de comboio, pagar aluguer de viaturas, pagar gasolina, pagar portagens e por aí fora. A situação que a modalidade e também o clube vive, faz com que vá menos gente aos jogos, contudo, temos conseguido manter um grupo fiel e bastante barulhento, o que ainda faz de nós o melhor grupo de apoio exclusivamente a um clube de hóquei em patins português.
Os pequenos atritos com a direcção foram ultrapassados. As relações com a direcção do OCB estiveram algo complicadas na fase das eleições, a que se deveu?Nessa ocasião, escreveu-se e falou-se muita coisa que foi desagradável. Foi pena, porque foi uma fase onde o clube, na nossa opinião, acabou por ficar com uma má imagem. Não foi aproveitada pela positiva a mediatização que teve. Os pequenos atritos que se verificaram entre a Kaos e a direcção do clube acabaram por ser ultrapassados logo após as eleições, porque em ambas as partes estão pessoas adultas e de bom senso, que apenas querem o bem do clube, e se a nossa cidade é tão pequena e se a esfera de adeptos do Barcelos é reduzida, não fazia qualquer sentido a claque e o clube estarem de costas voltadas.Da nossa parte, o único factor de desagrado com a direcção do clube, foi o facto de termos sido um pouco esquecidos durante a campanha, já que não nos foi apresentado qualquer projecto, quando achávamos que merecíamos ficar um pouco a par da situação relativamente ao que a lista tinha, e tem em mente fazer para o clube.
In Jornal do Cávado