“O nosso grande objectivo é subir de divisão”
CT – Onde deu os primeiros trambolhões de cima dos patins?
LS – Comecei com quatro anos, na África do Sul, a terra onde nasci. Estive até aos seis anos na África do Sul. Vim para Portugal e retomei o hóquei na Lisnave, em Almada. Passei pelo Campo de Ourique, Sporting e Benfica. Comecei com quatro e tenho vinte e um.
CT – Foi internacional nas camadas jovens?
LS – Em Juvenis, em Saint Omer, norte de França, perdemos com a Espanha por 2-1. E estive em várias selecções da AP Lisboa.
CT – A saida do Benfica deixou marcas?
LS – Gostei de estar no Benfica. Estive lá cinco épocas. Aprendi muito. Fiquei magoado com um elemento da direcção, mas no geral não tenho nada a apontar ao clube, pois fui bem tratado.
CT – Depois disso teve uma paragem. Porquê?
LS – Tive uma paragem devido a problemas no Benfica, não me quiseram dar a “carta” para vir para Tomar. Estive dois anos parado...
CT – Este recomeço partiu de um convite do Sp. Tomar?
LS – Sim, o Ivo Ribeiro falou comigo. Entretanto falei também com o treinador Nuno Lopes.
CT – É difícil jogar num clube a quase 130 quilómetros de casa?
LS – É muito complicado. Tenho de organizar bem as minhas actividades. Trabalho de manhã no meu estabelecimento, em Almada, e à tarde fica lá a minha mãe. Saio de casa por volta das quatro da tarde para estar em Tomar pouco depois das 19 horas. Venho de comboio ou de carro. Faço 250 quilómetros, mas ainda bem que houve esta proposta do Sp. Tomar. Está a valer a pena.
CT – Está a ser uma experiência positiva?
LS – O Sp. Tomar oferece condições óptimas, é grande. Tem tamanho suficiente para estar na 1ª Divisão. Surpreendeu-me pela positiva em termos de organização, na forma como trata os atletas, em tudo.
CT – Tem entrado aos poucos...
LS – É uma situação normal. Os meus colegas não pararam, estão com um ritmo superior e portanto é uma situação normal.
CT – Foi difícil apanhar o “comboio” em andamento?
LS – Estive parado dois anos e perdi ritmo de jogo. Mas agora com os treinos estou a recuperar a forma física. Ainda não estou com o rendimento que estava quando deixei o hóquei há dois anos. Tem de ser com muito trabalho.
CT – Que expectativas trazia?
LS – Já sabia o valor da equipa e o objectivo primeiro é dar tudo pela camisola, pelo clube. Agora, o nosso grande objectivo é subir de divisão. Os jogadores estão muito empenhados nisso.
CT – Mas o discurso oficial não é bem esse...
LS – Sim, mas nós estamos muito empenhados nesse objectivo.
CT – Ainda é muito cedo para fazer previsões?
LS – Vamos tentar andar sempre nas primeiras posições e não dar espaços aos outros candidatos. No principio falou-se muito no Nortecoope, mas estamos a ver pelos resultados que há varias equipas com valor para subir, como o Riba D’Ave, Turquel...o Carvalhos que foi muito difícil, pois não estávamos muito bem na altura.
CT – Como se define como jogador?LS – As minhas características são de finalizador, e trabalhar dentro da área para facilitar as acções da equipa.
CT – E qual o grande sonho do Leandro?
LS – Jogar na 1ª Divisão e seguir o caminho...
CT – O hóquei é uma grande paixão ou é apenas o desporto que pratica?
LS – É uma grande paixão mesmo. É o desporto que eu gosto mais. Já vem de família, pois o meu pai era guarda-redes.
CT – Nos últimos anos o hóquei tem perdido visibilidade em relação a outras modalidades...
LS – O hóquei perdeu muito. As televisões não apostam tanto no hóquei. A mentalidade das pessoas está mais virada para o futebol...
CT – Tomar ainda vive o hóquei com paixão?
LS – Esperava um pouco mais dos sócios e simpatizantes do hóquei em Tomar. Eles dão grande apoio, mas é à maneira deles. Não há grande “calor”, grande participação. A equipa é que muitas vezes tem de puxar por eles. E nós não estamos a meio da tabela, estamos nos primeiros lugares. Sei que quando jogavam no antigo pavilhão havia mais pessoas a assistir. Algumas vivem o jogo com emoção, outras vão “apenas” assistir a um jogo de hóquei. Preocupam-se e acarinham os jogadores mas para uma 2ª Divisão, a disputar a subida à 1ª, falta algum “calor”, como vemos em outros pavilhões. Aqui são pouco participativos.
In Jornal “Cidade de Tomar”, edição de 04 de Janeiro de 2008