Orçamento condiciona plantel. Orçamento curto (oitenta mil euros), plantel sem reforços (um juvenil, dois juniores e um sénior de primeira época (promovido), ausências de jogos de preparação e torneios, Zona Sul da Segunda Divisão altamente competitiva, etc. Contratempos a mais para o Marítimo só. Como pode o clube da Calheta contrariar tantas adversidades?
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Foto: dfacores.com |
Expliquemos cada ponto por si. Austeridade tomou conta dos cofres dos clubes. Eutanásia, de uma morte anunciada, é visível nos órgãos governativos da região. E tudo isso, por causa de uma simples palavra na camisola dos atletas (Açores), cuja polémica advém dos quadros competitivos (divisões profissionais das modalidades desportivas).
O Marítimo vai tentar manter-se no escalão secundário sem verba para reforçar o grupo de trabalho que ostenta o titulo de Vice Campeã Nacional da Terceira Divisão. É certo que a identidade do grupo facilita a árdua tarefa do treinador José Júlio Sares. A ambição, aliada à motivação assum papel preponderante na época desgastante e competitiva que está à porta.
O clube está consciente do grau de dificuldade que enfrenta uma vez que a Zona Sul comporta clubes históricos e jogadores experientes de várias nacionalidades. Basta citar a eliminação do clube da Taça de Portugal na época anterior.
O presidente Rui Tavares, que este ano cumpre o seu primeiro mandato em substituição do carismático Liberal Carreiro, agradeceu a presença de todos, bem como da Comunicação Social presente no papel importante no desenvolvimento do desporto. «Congratulo-me por ver as mesmas caras, aqui presente, sinal que o trabalho efectuado foi muito bom. Fui atleta e sei que é importante treinar bem para se obter os melhores resultados. Vamos fazer todos os possíveis para conseguirmos a manutenção».
Uma alusão clara aos moldes do campeonato que despromove quatro equipas à Terceira Divisão e promove duas à divisão principal do campeonato português. «Jogar na Segunda Divisão é motivante para que nunca lá esteve. A direcção vai fazer os possíveis, criando as condições necessárias para que o Marítimo permaneça na Segunda Divisão. Fico preocupado se os jogadores não derem o litro nos treinos e nos jogos, o que não acontece aqui porque em campo sempre soubemos superar as dificuldades. Vamos com mais experiência porque queremos rapidamente atingir a meta proposta».
O presidente do Marítimo realçou o desempenho do clube no campeonato transacto, «não estávamos à espera dos resultados obtidos. Fiquei super orgulhoso com o segundo lugar, independentemente de falharmos o titulo de Campeão Nacional. Vamos trabalhar com força e estou aqui para ajudar esta secção que merece toda a nossa confiança».
Rui Tavares destacou ainda o bom trabalho do treinador «é uma excelente pessoa e óptimo no trabalho que efectua. O projecto futuro do Marítimo passa pela formação, uma vez que as coisas boas são sempres faladas. Queremos projectar ao máximo o clube fora da região».
Por último, Rui Tavares fez questão de esclarecer publicamente os números referentes ao montante auferido pelo Marítimo relativamente ao saldo positivo de 12 mil e quinhentos euros para a nova época, isto porque esta verba serviu para o pagamento de treinadores, jogadores e funcionários. Logo estes números não correspondem ao saldo erradamente mencionado para a época que se avizinha. Rui Tavares agradeceu o trabalho do presidente da Associação de Patinagem de Ponta Delgada, José Raimundo, em prol dos clubes filiados, destacou o bom trabalho deste dirigente.
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Foto de arquivo: Simão Loureiro |
Óscar Rocha está consciente das dificuldades. Por seu lado o director da secção de hóquei em patins do Marítimo fez questão de referir que «estão ainda muitas coisas em aberto relativamente à planificação da nova época. Estamos a conversar sobre o assunto, no sentido de tomarmos as melhores soluções possíveis. É importante a decisões coerentes das mesmas para a constituição e planificação do grupo. Acerca disso, avançamos noventa por cento. Estamos conscientes das dificuldades». Óscar Rocha tem a consciência das componentes financeiras e desportivas, «pois este ano o apoio concedido ao clube é menor quando enfrentamos uma divisão superior», «a verba anterior e mais doze mil euros ajudava a disfarçar as nossas dificuldades».
O treinador chamou a atenção para as novas exigências. José Júlio Soares congratulou-se com a época desportiva transacta, bem como os apoios da direcção do clube à sua secção de hóquei. Tudo isso foi essencial para a excelente temporada efectuada. O treinador do Marítimo afirmou, perentoriamente que o grupo mereceu o titulo de Vice Campeão Nacional. No entanto, realçou que as «exigências agora são maiores mas com trabalho árduo podemos superá-las», reiterou.
O Marítimo fundado em 1934, tem em movimento trezentos e cinquenta atletas, distribuídos pelas modalidades futebol, hóquei em patins e ciclismo. Em estudo está a abertura da secção de ténis de mesa. Refira-se que no futebol o clube abriu a porta ao escalão sénior, onde Pedro Zeferino tem a seu cargo aproximadamente quarenta jogadores.
João Paulo Moniz, In Correio dos Açores, edição de 24 de Agosto de 2013