Agora que chegou ao fim mais um Europeu de má memória para as cores Lusas, muito se tem lido acerca da prestação dos "Ursos" em Alcobendas. Uma "parafernália" de comentários, uns abonatórios, outros nem por isso, uns feitos a quente, outros a frio, alguns com críticas construtivas, outros pura e simplesmente de quem anda por aqui de costas e não tem espelhos retrovisores nas orelhas.
Eu a frio e antes de ir de férias e no cimo da minha bancada, depois de muito ter lido no que aos comentários diz respeito, e ter visto e revisto os jogos e as declarações do técnico e jogadores após os jogos, também me sinto na obrigação de "opinar" no que ao Alcobendas 2014 diz respeito. No meio destes comentários houve um que me ficou na retina e que transmite o sentimento e a revolta de quem em rinque deu o seu melhor, e viu esse trabalho não ter o feedback desejado, estou a falar do comentário que Ângelo Girão escreveu na sua página do facebook e que transcrevo na íntegra «Uma vergonha os comentários que tenho lido e ouvido. Respeito mas não concordo nem um bocado. Esta é a Seleção de todos os portugueses e tenho orgulho em todos os atletas staff e equipa técnica. Não trocava NENHUM atleta estes são para mim os melhores de Portugal. Só peço respeito a atletas que já deram e fizeram muito por esta modalidade. Respeitem para serem respeitados. Se querem dizer mal digam mas sempre com respeito nós estamos aqui para arcar com as críticas. Comentários deploráveis na televisão pública. Falhamos e assumimos isso. Não fugimos às responsabilidades. Volto a dizer que estes para mim são os 10 melhores jogadores portugueses.»
Como treinador de bancada que sou, não podia de concordar com grande parte do que está escrito, no entanto existem coisas que têm de ser equacionadas nas convocatórias e essas são pelo menos duas variáveis de valores diferentes, mas que no final podem fazer com que o resultado dessa equação seja positivo ou negativo e pegando nas palavras do guardião Luso «Volto a dizer que estes para mim são os 10 melhores jogadores portugueses» esta será a primeira viável, mas não a de maior valor, pois não basta "serem os 10 melhores", têm de ser "os 10 em melhor forma no momento", e essa variável não foi tida em consideração e passo a explicar o meu ponto de vista em dois ou três itens:
- Os 10 em melhor forma não sofrem dois golos num minuto a jogar em superioridade numérica, os 10 melhores sofreram.
- Os 10 em melhor forma não falham duas grandes penalidades e quatro livres directos num jogo, os 10 melhores falharam.
- Os 10 em melhor forma a vencer por dois golos de diferença não consentem o empate em 30 segundos, os 10 melhores consentiram.
Mais alguns pontos haveria a referir para sustentar a minha opinião entre os melhores e os em melhor forma, mas para não me tornar exaustivo por aqui fico, partindo para outra análise, neste caso será mais umas questões que não consigo ver respondidas e que se prendem com as decisões do Prof. Luís Sénica e que são as seguintes:
- Os estágios na Vila do Luso, servem para preparar a selecção para a competição, não deveria ficar definido nesses estágios quem seriam os marcadores dos lances de bola parada e os mesmos treinarem esse tipo de lances até à exaustão?
- Sendo a selecção nacional o ponto mais alto da carreira de um atleta e onde só alguns chegam, não deveria ser no entanto "menos estanque" e permitir a rotatividade dos atletas que no momento se encontram em melhor forma?
- Um seleccionador têm o seu grupo de atletas, vamos chamar-lhes os seus "lugares-tenentes", mas em caso dos mesmos não estarem na melhor forma, não deveriam ser substituídos por outros que façam a mesma posição e que tragam outro género de valências à equipa?
Em referência ao Campeonato propriamente dito, acho que a escolha do CERS não foi feliz, apesar da qualidade do Pavilhão Amaya Valdemoro, um evento desta monta merecia ser realizado num lugar onde a "afficion" pela modalidade imperasse e a Catalunha seria sem duvida a melhor opção, mas ao invés de Portugal em que três em cada quatro eventos realizam-se no mesmo local, Fernando Graça e seus pares decidiram pela "descentralização" (vamos chamar-lhe assim), mas acabaram por apostar "no cavalo errado".
Para terminar que a prosa já vai longa e o sol já nasceu e convida para uma ida à praia, resta-me falar da transmissão televisiva que apesar de ter levado a todos os cantos do mundo onde se fala a língua de Camões a prestação dos Ursos, acabou por pecar em vários pontos a começar pelo facto dos jogos serem comentados a partir de Lisboa com todos os aspectos negativos que isso implica. Depois os comentários, se da parte do repórter da RTP Pedro Martins (mais ligado ao futsal, como é sabido) deu o seu melhor tendo apenas falhado num pormenor que era "ter feito o trabalho de casa” para evitar certos reparos, já António Ramalhete um dos ícones da modalidade, esteve ao nível da selecção ou seja uma prestação negativa, que revela estar a precisar de uma "reciclagem" antes de voltar a comentar para uma estação de televisão, no entanto já começar a ser apanágio dos comentários em transmissões televisivas seja na estação publica, seja na privada, pois os comentadores com mais "curriculum" acabam por ser os que mais "calinadas" dizem.
Resta-me desejar a todos umas óptimas férias e esperar que Alcobendas sirva como "exemplo" do que não deve acontecer e Luís Sénica e seus pares e os 10 melhores de Portugal ou os 10 em melhor forma na altura do próximo evento, o Mundial, consigam "acertar agulhas" e "matar o borrego" trazendo o "caneco" para este país à beira mar plantado. Força Portugal, Força Ursos, eu acredito...!!!