segunda-feira, 14 de maio de 2007

TREINADOR DE BANCADA

No seguimento da crónica “Novo tipo de Pai”, publicada no dia 13 de Maio, e após a dica do Prof. Francisco Mendes, resolvi vasculhar na arrecadação da minha bancada á procura do Jornal “A Bola” edição de 12 de Maio, e ler o artigo de opinião de Jenny Candeias, após a leitura do mesmo, decidi publicá-lo aqui neste espaço.

Filho és, pai serás
Há muito escrevo sobre a responsabilidade dois pais na prática desportiva das crianças. Particularmente quando integrados no desporto de rendimento. Na obrigação de se informarem sobre as habilitações dos treinadores. De colaborarem com eles ou intervirem se for caso disso. No conhecimento de projectos, a médio e longo prazos, em que os filhos são integrados. Enfim de darem apoio esclarecido. Raramente abordei a atitude de muitos pais durante as competições. A vida profissional deixava pouco tempo para assistir, do lado de fora, a outros desportos e a escassez de espectadores facilmente permitiria a identificação deste ou daquele. Nunca esquecerei quem, na bancada, assobiou uma criança de nove anos que estava no pódio ou o clube que arregimentou adolescentes para vaiarem ginastas.
Frequentemente eram pessoas sem grande cultura e educação. O tempo passa e vou coleccionando presenças em desportos durante os quais além da competição, me entretenho a observar o público. Os pais de pequenos nadadores de cronómetro em punho. Os que gritam quando eles não os podem ouvir. Os que fazem sentados o exercício do filho ginasta. Os que gritam a jogada que um basquetebolista de sete anos devia ter feito. Os que vivem a competição que para eles é mais importante que para o filho, especialmente quando transferem para as crianças as suas frustrações. Há dias assisti a uma final de râguebi de adolescentes. É um desporto que aprecio porque é ao ar livre, de equipa e admite praticantes com diferentes morfologias e capacidades, o que não acontece naqueles a que, profissionalmente estive ligada. As famílias aparentavam bom nível social e económico. Pela maneira como vestiam. Pelas conversas das tias e o beijinho isolado. Pelas meninas que, mais que ver o jogo, se exibiam. Pelos tiques de uma classe média-alta. Porém, as invectivas ao árbitro e às suas decisões contra a sua equipa eram constantes. Diziam que «estava a dar cabo do râguebi». Insinuavam falta de isenção. Censuravam castigos a jogadas duras. Criticavam treinadores.
Tão diferentes e tão iguais aos pais de desportos menos apreciados pelas elites! Que filhos estão, alguns, a EDUCAR?

8 comentários:

Anónimo disse...

Artigo muito interessante, e sempre actual.São opiniões destas que nos levam a fazer uma introspecção, e por vezes exclamar "Eu também tenho atitudes destas", no fundo e utilizando uma frase já gasta "Todos diferentes, todos iguais"

Anónimo disse...

Porque este é um post que lhe dá seguimento, talvez comece pelo “Novo Tipo de Pai” ou o “Pai pé na jaca”. Penso que é um tema repetido e só tem razão de ser porque talvez o Sr. Gavancho tenha experienciado uma aproximação desagradável. É de facto uma postura condenável mas não merece mais que o previsto no “Pais que gritam durante as competições”.
Já se encontraram inúmeras motivações para esta forma de estar e “terapêuticas” para tentar converter estes pais em santos (vejam algumas sugestões que vêm sendo difundidas no blog Patinado).

Quanto a este post, deixando de parte o título infeliz – supondo que o texto foi transcrito na íntegra – porque não foi estabelecida uma ligação dos pais à evolução dos filhos, a Srª Candeias menciona a homogeneidade no comportamento dos pais nos diferentes estratos sociais: nos brutos e nos refinados.
Os brutos, aqueles que vivem mais de acordo com os seus instintos, não merecem mais do que a paciência dos santos, excepto quando ferem gravemente os direitos dos outros. Mas pelo menos são honestos nas suas intervenções!
Os refinados… bem… esses são um pouco mais heterogéneos:
Quando têm atitudes como os brutos exige-se a identificação da origem social destes especímenes. É uma tarefa intuitiva (se levada a cabo por nós) ou cientificamente (se levada a cabo pelos especialistas) complexa. Como sou eu… vamos pelas intuições: Talvez, porque a educação já não passa de um produto ao alcance do dinheiro e do poder (que o diga o Sócrates) e a cultura se construa às 3 pancadas até a partir de casa, as demonstrações de “exemplo social” não passam de uma máscara que nos exigem como quando se entra num clube privado. A aquisição descontrolada destes atributos não produz por si o saber ser/estar.
Mas ainda à os refinados genuínos que, ou escondem aquilo que sentem, ou realmente vivem o desporto na desportiva/sanidade. «Mens sana in corpore sano»

Para acabar, tenho que referir que há pessoas que se destacam das suas classes sociais pela positiva ou pela negativa, revelando que a evolução ou regressão são possíveis.

Anónimo disse...

Completamente de acordo sr. GNORONHA.

Um gajo que não percebe nada disto.

Anónimo disse...

tanta converseta quando se resolve tudo isto de uma maneira só: o lugar dos pais é na bancada e ponto final, o problema começa quando os pais são frequentadores assiduos do balneario e não satisfeitos com isso passam a seccionistas e depois com isso querem influenciar as escolhas dos treinadores, portanto dar conversa é dar confiança a quem nada sabe do que diz.cada macaco no seu galho.

Anónimo disse...

tambem vejo muita gente aqui a dar bitaites, quando não sao exemplo para ninguem. e de hoquei nada percebem, mas sao bons escritores, só que o hoquei precisa é de outras coisas que não conversa.

Anónimo disse...

Parabéns aos anónimos das 14.03 e 14.05! Ao ignorarem o contributo comprovado da Psicologia (ainda que caseira), acabaram de cair naquilo que seriam os grupos de "Brutos" e "Brutos Refinados".
Mas eu tenho paciência...

Anónimo disse...

Muito bem... não sei se a minha análise aos comentários das 14:03 e 14:05 foi demasiado directa e por isso rejeitada ou se apenas ainda não foi publicada. De qualquer maneira vou tentar reformulá-la de forma a não ficarem tão danados comigo.
A Sociologia e a Psicologia são disciplinas com resultados comprovados que não são os senhores que podem pôr em causa.
De qualquer forma digo-lhes que a conversa é o que se precisa mais para nos cultivarmos com diferentes ideias e para sanar mal-entendidos.
Talvez conhecendo melhor os pais, se possa descortinar uma forma para aplicar um princípio das artes marciais de que é preferível usar a força do "inimigo" em vez de o enfrentar.

"Que a força esteja convosco"!

PS - Já agora, para o segundo... qual é o teu galho?

Anónimo disse...

Na verdade só ouço dizer mal dos pais, será que não há nada de bom para dizer? Ainda que sendo os maus da fita, sendo "sempre" os responsáveis quando alguma coisa de menos boa acontece dentro dos clubes...se não fossem estes pais estes filhos não estavam a praticar hoquei em patins...