“Quando greve de fome rima com hipocrisia”
Ao longo destes anos que levo de hóquei em patins sempre ouvi falar de cursos de árbitros, cursos de treinadores nível I, II e III, mas nunca me lembro de ter visto, e corrijam-me se tiver errado, um curso de dirigentes.
E qual a razão desta introdução, perguntam vocês digníssimos leitores das crónicas do Paparuco e, eu passo a explicar. Tenho visto desde escolhi esta modalidade como a minha de eleição, muitos dirigentes entrar e sair dos clubes A, B ou C, uns que durante épocas a fio serviram o clube de alma e coração, outros que deixaram obra feita e ainda outros que pura e simplesmente se serviram do clube, mas acreditem que nunca tinha visto, ouvido ou lido que algum dirigente utilizasse a luta justa de um atleta que apenas reclamava o que é seu por direito para justificar a extinção do escalão sénior no seu clube
“A Assembleia Geral dos Limianos realizada na última sexta-feira, aprovou a suspensão da equipa sénior (…) O director da secção de hóquei em patins, Adriano Martins, atribuiu a decisão à polémica em torno da greve de fome do guarda-redes Ricardo Cunha, que reclamava o pagamento de divida (…) «Arranjou maneira das pessoas pensarem duas vezes na equipa. Foi mau para o grupo e a terra»” Pode ler-se no Jornal “A Bola” edição de 02 de Agosto de 2013.
Vejamos então, o Ricardo Cunha fez greve de fome porque o clube não cumpriu o estabelecido com o jogador, alertou o mundo do hóquei para a sua situação e a que muitos outros “Ricardos Cunha” vivem neste país à beira-mar plantado, e isso é que fez com que o clube não fizesse seniores??? Ou terá sido a atitude do jogador que pôs a nu a fragilidade financeira do clube, alertando possíveis futuros atletas para não serem os próximos “Ricardos Cunha”??? Será que se o atleta não têm feito greve de fome iriamos ter o Limianos a disputar o Nacional da II Divisão???
“Embora o Limianos deva 1490 euros à Federação de Patinagem de Portugal e a não liquidação impedisse a inscrição na II Divisão (…)”, lê-se na mesma noticia. Quer dizer se não fosse o Ricardo o motivo da extinção do escalão era a FPP???
“(…) o dirigente garantiu que teria sido possível angariar o montante necessário porque o clube têm 10700 euros a receber (…), lê-se ainda no jornal “A Bola”. Então havia dinheiro para a divida à FPP e não havia um valor menor para pagar ao atleta e evitar a greve de fome e os efeitos colaterais da mesma, e que segundo o dirigente levaram à extinção do escalão???.
Com amante da modalidade custa-me ler argumentos destes pois sei que existem outros “Limianos” espalhados por aí, com dividas a jogadores, à Federação e às respectivas Associações (e se calhar não preciso de ir muito longe), mas esses clubes não acabam com o escalão justificando-se com atitudes dos atletas sejam elas quais forem, muito menos atitudes de um atleta que apenas reclamou e reclama o que é seu por direito, para poder cumprir todos os tramites legais para poder procurar no estrangeiro um futuro para si e para os seus, sabendo-se, ainda por cima, que para além deste problema o Ricardo ainda têm um muito maior que infelizmente se prende com a saúde do seu filho André.
Como diz o velho ditado “Haja paciência e um paninho para a embrulhar” para este tipo de afirmações e desculpas e pensam sinceramente em realizar um curso para dirigentes, para que eu possa alterar o título desta crónica e escrever “Quando greve de fome rima com pretexto”
Sem comentários:
Enviar um comentário