sábado, 3 de agosto de 2013

PAPARUCO – O COMENTADOR

“Quando greve de fome rima com hipocrisia”

Ao longo destes anos que levo de hóquei em patins sempre ouvi falar de cursos de árbitros, cursos de treinadores nível I, II e III, mas nunca me lembro de ter visto, e corrijam-me se tiver errado, um curso de dirigentes.

E qual a razão desta introdução, perguntam vocês digníssimos leitores das crónicas do Paparuco e, eu passo a explicar. Tenho visto desde escolhi esta modalidade como a minha de eleição, muitos dirigentes entrar e sair dos clubes A, B ou C, uns que durante épocas a fio serviram o clube de alma e coração, outros que deixaram obra feita e ainda outros que pura e simplesmente se serviram do clube, mas acreditem que nunca tinha visto, ouvido ou lido que algum dirigente utilizasse a luta justa de um atleta que apenas reclamava o que é seu por direito para justificar a extinção do escalão sénior no seu clube

“A Assembleia Geral dos Limianos realizada na última sexta-feira, aprovou a suspensão da equipa sénior (…) O director da secção de hóquei em patins, Adriano Martins, atribuiu a decisão à polémica em torno da greve de fome do guarda-redes Ricardo Cunha, que reclamava o pagamento de divida (…) «Arranjou maneira das pessoas pensarem duas vezes na equipa. Foi mau para o grupo e a terra»” Pode ler-se no Jornal “A Bola” edição de 02 de Agosto de 2013.

Vejamos então, o Ricardo Cunha fez greve de fome porque o clube não cumpriu o estabelecido com o jogador, alertou o mundo do hóquei para a sua situação e a que muitos outros “Ricardos Cunha” vivem neste país à beira-mar plantado, e isso é que fez com que o clube não fizesse seniores??? Ou terá sido a atitude do jogador que pôs a nu a fragilidade financeira do clube, alertando possíveis futuros atletas para não serem os próximos “Ricardos Cunha”??? Será que se o atleta não têm feito greve de fome iriamos ter o Limianos a disputar o Nacional da II Divisão???


“Embora o Limianos deva 1490 euros à Federação de Patinagem de Portugal e a não liquidação impedisse a inscrição na II Divisão (…)”, lê-se na mesma noticia. Quer dizer se não fosse o Ricardo o motivo da extinção do escalão era a FPP???

“(…) o dirigente garantiu que teria sido possível angariar o montante necessário porque o clube têm 10700 euros a receber (…), lê-se ainda no jornal “A Bola”. Então havia dinheiro para a divida à FPP e não havia um valor menor para pagar ao atleta e evitar a greve de fome e os efeitos colaterais da mesma, e que segundo o dirigente levaram à extinção do escalão???.

Com amante da modalidade custa-me ler argumentos destes pois sei que existem outros “Limianos” espalhados por aí, com dividas a jogadores, à Federação e às respectivas Associações (e se calhar não preciso de ir muito longe), mas esses clubes não acabam com o escalão justificando-se com atitudes dos atletas sejam elas quais forem, muito menos atitudes de um atleta que apenas reclamou e reclama o que é seu por direito, para poder cumprir todos os tramites legais para poder procurar no estrangeiro um futuro para si e para os seus, sabendo-se, ainda por cima, que para além deste problema o Ricardo ainda têm um muito maior que infelizmente se prende com a saúde do seu filho André.

Como diz o velho ditado “Haja paciência e um paninho para a embrulhar” para este tipo de afirmações e desculpas e pensam sinceramente em realizar um curso para dirigentes, para que eu possa alterar o título desta crónica e escrever “Quando greve de fome rima com pretexto

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