JOÃO FILIPE - O CAPITÃO

Na equipa de juniores do SL Benfica, líder da série D do Nacional, pontifica um ribatejano, natural de Ourém de seu nome João Filipe, que em juvenil abandonou o clube Ouriense rumo ao clube da Luz. O Cartão Azul foi ao seu encontro para saber do passado, presente e futuro do capitão benfiquista.
CA - Boa tarde João, em primeiro lugar obrigado pela disponibilidade. O que move um jogador a sair do seu “habitat” natural, onde estão os pais, amigos, a escola, e ingressar num clube a mais de 100 km de distância?
JF – Foi uma oportunidade que surgiu de representar um clube de maior dimensão, que luta por outros objectivos, onde a competitividade é maior, e como gosto muito de hóquei em patins achei, junto com os meus pais, por bem “agarrar” esta oportunidade.
CA - Mas voltando atrás, com que idade começaste a jogar hóquei em patins?
JF – Comecei a jogar hóquei em patins com 9 anos de idade.
CA - Como surgiu o interesse do Benfica, e de que forma foste abordado para representar o clube?
JF – O interesse do Benfica surgiu do facto de ir recomeçar com o hóquei na formação, uma aposta forte nesse ano visto que começaram praticamente todos os escalões da formação, outro aspecto foi o facto de ter representado a selecção nacional de juvenis no torneio internacional de Sesimbra, torneio de preparação para o europeu desse mesmo ano, ao qual acabei por não ir. A abordagem foi muito simples, houve um primeiro contacto através de um outro jovem de Ourém, o João Silva, que fora contratado também nesse ano para o Benfica, ao qual eu me mostrei interessado, apartir daí bastou uns telefonemas.

CA - Sei que nos primeiros tempos, ias e vinhas todos dias, ou seja duzentos e tal quilómetros, depois de um dia de escola, e chegares do treino tarde e de manhã já estares outra vez de livros nas mãos, como foram esses tempos?
JF – Foi durante pouco tempo, cerca de 2 semanas, mas foram 2 semanas desgastantes, pois todos os dias caminhava para Lisboa, todos os dias chegava a casa muito tarde e no outro dia tinha aulas de manha logo ao primeiro turno. Esta situação desgastava muito os meus pais e também os prejudicava nos seus empregos, pois eram eles que iam comigo aos treinos.
CA - Actualmente vives em Lisboa, mas na altura que ingressaste no Benfica foste morar para Odivelas, em casa de familiares, o que te trouxe esta mudança de benéfico e de menos bom?
JF – De benéfico trouxe muitas coisas, pois vim para uma grande cidade, uma cidade que eu gosto muito e que me adaptei muito bem, fiz novas amizades, apesar de tar em casa de familiares senti-me sempre como se estivesse na minha própria casa, tive sempre muito apoio, o que ajudou muito a não estranhar tanto tamanha mudança, também foi muito benéfico para mim nos estudos, pois subi muito as notas depois de ter vindo para cá. De menos bom teve o facto de tar tão longe dos pais, dos amigos e dos familiares, teve um efeito de choque pois era novo ainda e nada habituado a tar tanto tempo longe dos pais, passei a vê-los só ao fim-de-semana o que não deixava de ser muito estranho para mim.

CA - Vens para o Benfica no 2º ano de Juvenil, como foi a integração?
JF – A integração foi óptima, alguns dos meus colegas conhecia de confrontos quando estava em Ourém, outros fui conhecendo, e o facto de ser uma equipa toda nova também ajudou muito, pois partimos todos em pé de igualdade e fomos nos conhecendo e adaptando uns aos outros.
CA - Vinhas de um clube da província, que apesar de ser um dos grandes representantes ribatejanos e que ainda hoje leva o nome do distrito ao mais alto nível, quais as maiores diferenças que fostes encontrar na Luz em relação á J. Ouriense?
JF – As maiores diferenças que encontrei na Luz em relação à J. Ouriense foi em termos de competitividade nos treinos, uma maior responsabilidade, pois o objectivo passa por vencer todas as competições em que participamos, em Ourém lutava pela manuntenção nos campeonatos nacionais, outro diferença foi o facto de termos que lidar com a motivação e entrega acrescida dos nossos adversários, que nos dificultam sempre muito a nossa tarefa, outro aspecto foi as condições de trabalho, pois o pavilhão onde treinamos e jogamos é recente e um complexo enorme com tudo o que é necessário, o que nos proporciona a todos os níveis umas excelentes condições de trabalho.
CA - Qual foi a sensação quando vestiste pela primeira vez a camisola do Benfica?
JF – Foi uma sensação muito especial, pois também é o meu clube de coração, e tudo isso mexeu comigo, lembro-me que estava bastante nervoso nesse dia.
CA - Falando do presente, actualmente são lideres da zona D do nacional, quais os objectivos para esta época?
JF – Naturalmente que o objectivo passa por vencer o campeonato nacional do escalão de júniores, um título que o Benfica persegue há imenso tempo.
CA - O ano passado os Juniores do SLB estiveram a um pequeno passo de serem campeões, este ano sem o Diogo Rafael, pensas que as hipóteses são as mesmas ou achas que a equipa ficou um pouco órfã com a sua saída para os seniores?
JF – Ainda está em aberto a hipótese de o Diogo Rafael poder vir a jogar conosco, é um grande jogador e todos gostaríamos que ele viesse ajudar-nos, pois é uma mais valia para a nossa equipa. Em relação às hipoteses penso que são as mesmas, reforçamo-nos bem e subiram míudos de grande qualidade dos juvenis. Este ano demorámos tempo a adaptar-nos, pois a equipa foi praticamente toda remodelada em relação ao plantel de juniores do ano passado, mas atravessamos agora um grande momento e daqui até ao final esperamos poder melhorar cada vez mais.

CA - Mudando novamente de assunto, tens acompanhado a campanha dos seniores e juniores da JO? Que comentários tens a fazer?
JF – Os seniores já vi alguns jogos este ano, em relação aos juniores só vi um jogo até ao momento. Começando pelos séniores penso que é possível a manuntenção na 1ª Divisão, o ano passado na passagem para a 2ª fase do campeonato, a equipa foi prejudicada pela divisão dos pontos, pois a vantagem que tinha adquirido na 1ª fase do campeonato em relação aos adversários mais directos foi encurtada para metade, este ano a situação é inversa, e a JO poderá beneficiar desta divisão pontual por se encontrar nos lugares mais baixos, penso que é possível e terá de aproveitar bastante o factor casa na próxima fase. Em relação aos juniores, penso que muito têm feito, pois apesar dos problemas dos treinos, uma vez que grande parte dos jogadores estão fora nas faculdades e torna-se impossível treinar durante a semana, estiveram sempre a lutar por um lugar nos 3 primeiros até à antepenúltima jornada, que dava automaticamente a manuntenção no campeonato nacional e a passagem à fase onde se encontram as melhores equipas júnior do país, pessoalmente gostava muito que a JO tivesse passado nos 3 primeiros lugares, pois seria fantástico defrontar a equipa que me formou, e jogar em Ourém seria certamente um momento muito especial para mim.
CA - Qual a diferença da formação no Ribatejo actualmente e na tua época?
JF – Sinceramente não tenho acompanhado muito a formação no Ribatejo, mas penso que está melhor, o que tenho apanhado das participações nos campeonatos nacionais das equipas da região tem sido positivo até ao momneto. Assisti ao jogo da JO frente ao Benfica para o campeonato nacional de Iniciados e fiquei impressionado, pois bateram-se muito bem os míudos, a Gualdim Pais em juvenis também se tem batido bem no seu campeonato, já o Sp. Tomar em Infantis bateu-se de igual para igual, até foi superior a uma das maiores escolas do hóquei nacional, o Paço D’Arcos. De maneira geral penso que a formação no Ribatejo tem vindo a evoluir e está no caminho certo.
CA - Planos pessoais para o futuro, tanto a nível desportivo como pessoal?
JF – A nível desportivo gostava, como qualquer jogador, jogar ao mais alto nível, numa 1ª Divisão e continuar a trabalhar todos os dias para ser cada vez melhor naquilo que mais gosto, o hóquei em patins. A nível pessoal pretendo tirar um curso superior, estou no 2º ano do curso de Ortóptica, pretendo acabar e depois tirar o curso de Fisioterapia a curto prazo ou então mudar este ano que vem para o curso de Fisioterapia, e mais tarde começar a exercer.
CA - A Selecção Nacional faz parte dos teus objectivos a curto, médio prazo ou achas que se afigura mais como algo de difícil obtenção?
JF – A Selecção Nacional é o sonho de qualquer jogador de hóquei, neste momento penso que se afigura mais como algo de difícil obtenção, mas no futuro nunca se sabe, trabalhamos todos os dias em prol de um sonho, e para a maior parte dos jogadores a Selecção Nacional é um sonho.
CA - João Filipe mais uma vez obrigado, e o espaço fica aberto para alguma mensagem que queiras deixar aos visitantes do Cartão Azul e para os amantes da modalidade sejam do SLB da JO ou do hóquei em geral.

JF – Aos mais jovens só tenho a dizer para nunca desanimarem, acreditarem sempre que é possível. Aos amantes do hóquei e aqueles que visitam assiduamente o Cartão Azul que dêem sempre a vossa opinião, mantenham sempre um espiríto crítico na troca de informação, é através de iniciativas como esta que podemos divulgar cada vez mais o hóquei em patins, todos podemos ser úteis para esta modalidade.

Cortesia:

Fotos: João Filipe e Blog Hoquei Juvenil SLB