O HÓQUEI E O AMADORISMO

A final-four da Taça CERS, que teve lugar no fim-de-semana em Torres Novas, além de registar mais um desaire do Benfica no hóquei em patins - perdido que já está, também, o campeonato nacional - mostrou como a modalidade continua a ser gerida pelo amadorismo. Organizada pelo Comité Europeu de Rink-Hockey, liderado pelo português Carlos Graça, e por uma empresa de eventos desportivos (Wall Street), esta fase final da segunda prova de clubes mais importante da Europa demonstrou como é impossível o ingresso nos Jogos Olímpicos, como muitos ainda sonham.

Na bancada de imprensa não havia qualquer informação sobre as equipas presentes na final-four e, mais grave ainda, nos inícios dos jogos, nomes dos jogadores e árbitros nunca foram dados a conhecer aos jornalistas presentes no Palácio dos Desportos de Torres Novas, para não falar da pouca ou nenhuma visibilidade para os marcadores, devido à colocação deficiente da bancada de imprensa.

Mas mais o caricato aconteceu no final do encontro. Quando os jornalistas se deslocaram à sala de imprensa, foram informados por uma repórter da Benfica TV que o Benfica só falava para o canal televisivo do clube da Luz, não prestando quaisquer declarações à imprensa. O que se lamenta, não é o Benfica não querer falar, está no seu direito, mas sim não se encontrar ninguém do clube da Luz ou da organização que desse uma explicação lógica sobre este boicote à informação, numa sala destinada aos Órgãos de Comunicação Social de uma competição europeia.

Esta é uma situação inadmissível numa modalidade desportiva com tantas tradições em Portugal e ainda por cima numa competição europeia, com inúmeros jornalistas estrangeiros presentes em Torres Novas. Assim caminhamos para o abismo que muitos apontam para o hóquei em patins. E os seus dirigentes têm uma grande responsabilidade no que se está a passar.

Vítor Ventura in Jornal "Record"
Foto: Barros Simões