sexta-feira, 8 de junho de 2012

SER CAMPEÃO, FOI UM MOMENTO FANTÁSTICO

Dentro de cada plantel campeão há uma história por contar, um exemplo disso é Simão Loureiro, guarda-redes de hóquei do Marítimo Sport Clube, formado nas escolas da AD Valongo e que se encontra em São Miguel a prestar serviço militar no Comando da Zona Marítima dos Açores. Ao Cartão Azul, Simão Loureiro relatou não só a sua experiência como campeão regional de hóquei em patins, mas também a sua vida como marinheiro em São Miguel, numa entrevista conduzida por Tiago Furtado.
TF - Em primeiro lugar parabéns pelo título. Simão, começo pelo último jogo de Domingo, que emoções sentiu ao longo do jogo?
SL - Durante o jogo senti que de facto estava a realizar um bom jogo, que estava a fazer alguma diferença. Senti que a equipa do União Micaelense estava a atacar bastante, mas graças a Deus o jogo estava a correr bem a mim e aos meus colegas.
TF – O Marítimo ainda teve que esperar pelo fim do jogo da Armada Verde, como foram vividos por si e pelos seus colegas aquelas horas?
SL - Tivemos a assistir ao jogo, o Núcleo Sportinguista esteve a ganhar a maior parte do jogo por um a zero, o que era favorável para nós e estávamos contentes porque víamos o sonho de alcançar a terceira divisão nacional mais perto. Infelizmente a Armada Verde empatou, o que nos colocou a dúvida da vitória, felizmente o jogo terminou num empate, resultado benéfico para o Marítimo que o coloca na próxima época na terceira divisão.
TF – E no fim do jogo?
SL – Acaba de ser um pouco injusto ganhar desta forma, gostávamos de ser campeões no nosso jogo, mas as regras são assim mesmo, ficamos em vantagem nos golos marcados e fomos campeões. Foi um momento fantástico, a qualidade da equipa é muito boa e com muito valor, mais quando o Clube apostou num projecto novo e que já deu resultado da melhor forma.
 
Com Liberal Carreiro, presidente do CS Marítimo
TF – O Marítimo foi sempre visto como um out-sider desde o início do campeonato. Ao longo desta época o plantel teve noção que era possível lá chegar?
SL - No início, quando esta aventura começou, quando nós nos começamos a juntar, era um mito para nós sermos campeões, porque tínhamos jogado já várias vezes com o União Micaelense (principal candidato) e na maioria dos jogos o resultado não foi favorável para nós. Em campo, a força de vontade deste colectivo fez toda a diferença e assim conseguimos conquistar mais um troféu para o clube. Este momento está a ser um sonho, já que um mês antes os juniores foram igualmente campeões dos Açores e passados uns tempos foram os seniores e isto fez calar algumas vozes que não acreditavam no Marítimo.
TF – Como Guarda-redes o Simão sente-se responsável pelo triunfo da sua equipa?
SL -  Eu pessoalmente não gosto de ter o mérito, sei reconhecer o meu esforço, sei  reconhecer os meus erros.  De facto, ser guarda-redes é uma posição de muita responsabilidade, porque para quem vêm de fora o guarda-redes é o responsável da equipa, porque quem marca é a equipa, mas quem sofre é o guarda-redes. Mas, felizmente não fui só eu, tive a minha parte, fiz alguma diferença, mas sem dúvida o resto da equipa é também responsável, inclusivo o Bruno Botelho (atacante) que marcou a maioria dos golos. Valeu a pena o esforço colectivo.
TF – Agora o Marítimo tem uma nova etapa, um novo escalão. A próxima época já está em preparação?
SL – A maioria dos jogadores vieram do Santa Clara em que já têm experiência em escalões superiores, inclusivo já jogaram com jogadores da primeira. Eu penso que com a pré-época e com os treinos regulares a equipa vai estar 80% preparada para o início e ao longo do campeonato vamos tentar chegar aos 100% da eficácia para fazermos a diferença e chegarmos a uma segunda divisão é possível e, de facto temos jogadores para isso, para irmos bem longe.
TF – E o Simão vai continuar a ser o guarda-redes?
SL - Isso já depende do treinador (risos)
TF – Este é o seu primeiro título de campeão?
SL – Como sénior sim. Já recebi algumas medalhas e troféus nos escalões de formação, mas como campeão em sénior é o meu primeiro título.
TF – Está nos Açores ao serviço da Marinha, deduzo que seja complicado conciliar a vida de militar da Marinha com a carreira de jogador de hóquei.
SL - É verdade, isto começou como uma brincadeira, tive a oportunidade de falar com um amigo meu de trabalho, Mário Vieira, que entrou em contacto com o Pedro Jorge Cabral e aí tive oportunidade de voltar a praticar a modalidade, mas de inicio avisei tanto presidentes, como treinadores, que desse no que desse eu iria estar cá por pouco tempo. Vou ter a oportunidade de participar na próxima época, que em princípio será a última. Deus queira que corra bem, porque depois há-de ser para o pessoal da casa e que aqueles que cá ficarem tenham a possibilidade de levar o clube o mais longe que possível.
TF – Quando chegou aos Açores não começou logo a praticar hóquei, a sua primeira experiência foi no União Micaelense e depois foi para o Marítimo, como foi este processo?
SL – Cheguei ao Açores em Novembro do ano passado, 2011, a partir de Fevereiro é que retomei a praticar hóquei, inicialmente treinei nas duas equipas, porque estive parado cerca de ano e meio e necessitava de recuperar a forma. Foi bem recebido no União Micaelense, mas a experiência nesse clube não deu. Depois fui para o Marítimo, onde me receberam muito bem, onde fiz grandes amizades em pouco tempo, é uma equipa fantástica e onde vale a pena trabalhar e que vale o esforço
TF – Como tem sido a sua experiência em São Miguel?
SL – Vim para os Açores, por obrigação e ao mesmo tempo por escolha própria, queria juntar o útil ao agradável. Fui muito bem recebido em São Miguel, está a ser uma experiência única, mas a vida de militar é que dirá o meu futuro, e à partida não ficarei muito tempo por cá. Esta é minha primeira fase, meu primeiro ano como marinheiro da Marinha de Guerra Portuguesa para começar penso que está a ser uma boa experiência ainda mais numa terra bem acolhedora. Mais tarde irei voltar cá para matar saudades e recordar momentos.
TF – Tanto quanto sei é Portista, como é ser campeão numa filial do FCP?
SL – Boa pergunta (risos). Estou habituando a ser campeão fora dos campos, agora é dentro. É como se tivesse a dar mais um título ao FCP. É uma sensação única, ainda mais quando se joga com as mesmas cores.
 
Com Mário Vieira
TF – Simão, por último, quer fazer algum agradecimento especial?
SL - Quero agradecer, acima de tudo, ao Mário Vieira, meu amigo e colega de trabalho, agradecer, de certa forma, ao União Micaelense pela experiência inicial. Ao Marítimo por tudo o que têm ajudado e pela oportunidade que me deram. E por último ao Blog Cartão Azul por dar destaque ao Marítimo e me possibilitar esta entrevista.

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