Hóquei Clube de Santarém comemora décimo aniversário em crescimento constante. Só falta uma equipa sénior para a realização total.
“Quase a entrar para a ‘faculdade’ o Hóquei Clube de Santarém está em contra ciclo com a crise, porque apesar das dificuldades continua em franco crescimento. Um crescimento sustentado que neste momento faz a formação de 120 jovens no hóquei em patins e na patinagem artística”, disse o presidente do clube, Francisco Mogas, antes do jantar comemorativo do décimo aniversário realizado dia 3 de Março, na Casa do Campino em Santarém.
Este jantar foi um sinal bem visível da vitalidade do clube, estiveram presentes mais de duas centenas e meia de atletas, pais, adeptos e amigos do clube. “Mas este jantar é também uma amostra séria da forma como as pessoas vivem o clube. A tesoureira da direcção é a cozinheira de parte da refeição, a maioria do comer é confeccionado e fornecido pelos pais dos atletas, todos funcionamos como uma grande família que é justo realçar”, disse o presidente.
Desportivamente o clube continua a apostar claramente na formação. “É a nossa grande prioridade formar atletas e homens para o futuro. Temos tido boas alegrias quer no hóquei em patins quer na patinagem artística, queremos continuar a crescer e para isso continuamos a contar com a ajuda indispensável dos pais dos atletas e dos amigos do clube”, afirmou Francisco Mogas.
Só falta uma equipa de seniores para que a realização do clube seja total. “Tínhamos como meta a formação de uma equipa sénior em 2008, infelizmente isso não foi possível. Temos uma situação financeira controlada, mas as dificuldades são muitas, e ainda não podemos arriscar a vida do clube com a formação da equipa sénior, temos pena mas as exigências da Federação de Portugal de Patinagem não nos dão hipóteses de avançar”, disse com tristeza o presidente.
Numa conjuntura nada favorável para o desenvolvimento do desporto, o presidente do Hóquei Clube de Santarém garante que a situação está controlada e já tem condições para avançar com a próxima época. “Isto só é possível pela colaboração dos pais dos jovens atletas, eles são uma peça preponderante no desenvolvimento do clube. Em termos de patrocínios as coisas estão cada vez piores, o que é normal. O problema maior é o de falta de pagamento dos apoios financeiros da câmara que já não nos chegam desde 2008”, afirmou Francisco Mogas.
Mas o presidente fez questão de afirmar que apesar disso o clube tem crescido com a ajuda da câmara. “Muito devemos à câmara, até 2008 apoiou-nos em termos financeiros e continua a ceder-nos quase em exclusividade o pavilhão municipal. A melhor resposta que nós damos e podemos continuar a dar é continuar a crescer. Mas lamentavelmente temos seniores a treinar, mas não podemos inscrever a equipa, os custos inerentes a isso são insuportáveis”, disse.
A Federação acabou por ser o alvo das maiores críticas de Francisco Mogas, os elevados custos das inscrições estão a asfixiar os clubes. “Antes do início da época o clube não devia nada a ninguém mas tinha pouco dinheiro no banco, e para inscrever os nossos atletas jovens de hóquei em patins pediram-nos mais de 2500 euros, só foi possível avançar porque os pais se chegaram à frente, uns pagaram mensalidades em atraso e outros adiantaram algumas mensalidades, foi assim que conseguimos arranjar dinheiro para inscrever as equipas”.
Francisco Mogas alinha também com os presidentes de outros clubes de hóquei em patins da região que lutam pela realização de um campeonato regional de seniores. “Seria uma forma de dar continuidade à formação, porque seria mais fácil e mais barato formar uma equipa de seniores. Posso garantir que se para a próxima época houver um regional de seniores temos equipa formada, que treina todas as segundas-feiras”, referiu.
Outra das críticas do presidente do Hóquei Clube de Santarém tem a ver com as transferências de atletas para outros clubes. “Os clubes grandes que não fazem formação vêm buscar jogadores quando querem sem terem que pagar nada a quem faz a formação. Este ano foram três jogadores nossos para o Sporting, não exigimos nada, mas devia haver uma compensação para os clubes, mas essa compensação vai apenas para a Federação. Tivemos um jogador que voltou para o nosso clube e para isso tivemos que pagar à Federação mais de 300 euros, como se ele nunca tivesse pertencido ao clube, é lamentável, há aqui alguma coisa de muito errada ou mesmo podre nos meandros da federação, que é preciso rever”, referiu Francisco Mogas.
Mas o dia não era de lamentações, dez anos de vida e crescimento são para comemorar e enaltecer as pessoas e os atletas que têm levado o clube por diante. “Estamos satisfeitos com o nosso trabalho e também com a ajuda de algumas instituições com quem temos protocolos, caso do liceu e da Escola Superior de Desporto de Rio Maior onde os alunos fazem estágios no clube, e também estamos agradecidos à Escola Profissional de Hotelaria que nos cedeu estas magníficas instalações para a nossa festa, que está a ser cheia de alegria e amizade”.
In Jornal "O Mirante", Edição de 2012-03-08
Fotos: Maria Eduarda Figueiredo
Titulo: Cartão Azul
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