Depois da saída de Gonçalo Nunes do CD Paço de Arcos para o Sporting CP, que motivou uma tomada de posição por parte do clube da linha, agora chegam notícias da saída de outros jovens atletas para o SL Benfica e J. Salesiana. Recuando alguns anos no tempo, todos nos lembramos por exemplo da saída do Ricardo Barreiros, Pedro Afonso, Válter Neves, Carlos Silva e Rui Ribeiro para o SL Benfica e mais recentemente João Rodrigues. O CD Paço de Arcos como ícone na formação nacional e sem lei adequada à protecção dos direitos de formação por parte da FPP vê assim os seus "activos" reforçarem clubes rivais sem que sejam salvaguardados os seus direitos no que à formação diz respeito. O Cartão Azul tentou saber junto do Director dos Desportos de Pista e Campo do CDPA João Rodrigues, como o CD Paço de Arcos está a encarar a situação.
CA - Bom dia Sr. João Rodrigues, obrigado pela sua disponibilidade. As notícias que têm vindo "a lume" nalguns sites da modalidade dão como certas as saídas de sete atletas da formação para outros clubes. Que comentário tem a fazer e de que forma o PA irá reagir a esta situação?
JR – É com muita apreensão que assistimos a este triste espectáculo, o que mais nos preocupa é a forma como tudo se está a desenrolar, estando os Campeonatos Nacionais numa fase decisiva e estando os atletas em causa, altamente envolvidos e empenhados nesta prova, parece-me que as noticias têm um objectivo claro de destabilizar o grupo e demonstram uma falta de respeito pelo CDPA e pelos atletas, estes são usados e manipulados para servir ambições pessoais e desmedidas de alguns pais, alguns treinadores e alguns dirigentes. O CDPA vai estar atento ao desenvolvimento deste assunto e tudo fará para salvaguardar os seus interesses e proteger os seus atletas, desta autêntica guerrilha que está instalada e para a qual nada contribuiu, mas não contem que vamos ficar de braços cruzados perante estes ataques ou outros que se venham a verificar.
CA - Bom dia Sr. João Rodrigues, obrigado pela sua disponibilidade. As notícias que têm vindo "a lume" nalguns sites da modalidade dão como certas as saídas de sete atletas da formação para outros clubes. Que comentário tem a fazer e de que forma o PA irá reagir a esta situação?
JR – É com muita apreensão que assistimos a este triste espectáculo, o que mais nos preocupa é a forma como tudo se está a desenrolar, estando os Campeonatos Nacionais numa fase decisiva e estando os atletas em causa, altamente envolvidos e empenhados nesta prova, parece-me que as noticias têm um objectivo claro de destabilizar o grupo e demonstram uma falta de respeito pelo CDPA e pelos atletas, estes são usados e manipulados para servir ambições pessoais e desmedidas de alguns pais, alguns treinadores e alguns dirigentes. O CDPA vai estar atento ao desenvolvimento deste assunto e tudo fará para salvaguardar os seus interesses e proteger os seus atletas, desta autêntica guerrilha que está instalada e para a qual nada contribuiu, mas não contem que vamos ficar de braços cruzados perante estes ataques ou outros que se venham a verificar.
CA - Uma situação destas poderá ser observada por dois prismas, se por um lado prova a excelência da formação do PA, por outro pode revelar outros problemas, quer comentar?
JR – Se os atletas do CDPA são cobiçados é porque têm valor, penso que a nossa capacidade formativa é por demais evidente e tal como referiu nos últimos anos existiram inúmeros exemplos de atletas que rumaram a outras paragens, como é evidente, não temos a pretensão de ficar com todos os jogadores que formamos. Mas a saída prematura de jovens atletas têm acontecido com alguma frequência, nos últimos anos, contrariando toda a lógica e regras que o desenvolvimento gradual e consistente, aconselharia. As saídas de atletas infantis e Iniciados para o chamados “grandes” têm tido um denominador comum, aconteceram sempre a seguir aos trabalhos em que os atletas estiveram envolvidos no âmbito da selecção regional (iniciados) e da detecção de talentos (infantis), há dois anos aconteceu rigorosamente a mesma coisa, cinco atletas infantis, partiram rumo a um dos “grandes”, por coincidência a história repete-se, com a participação dos mesmos actores, só os atletas que são diferentes. Provavelmente a escolha das Comissões Técnicas das Associações têm que ser mais criteriosas, estas têm que ser isentas e constituídas por pessoas que não ponham os seus interesses e dos seus clubes à frente dos interesses da modalidade. O hóquei em patins merece mais rigor e transparência, na formação temos que ter os melhores treinadores e os melhores dirigentes.
CA - Durante alguns anos também acompanhei a formação no que diz respeito a alguns clubes do Ribatejo e fiquei com a nítida ideia, que depois acabei por fundamentar quando da criação deste espaço, que por vezes estas saídas prematuras dos jovens atletas dos seus clubes de formação para além de prejudiciais, são motivadas na maior parte por uma intervenção dos Pais, em áreas que não são da sua competência e na sua interferência no trabalho dos treinadores, obrigando entre aspas os filhos a tentarem atingir determinados patamares sem subirem todos os degraus. Concorda com esta ideia, ou acha que estas saídas prematuras têm outros contornos e outras motivações?
JR – Os pais são uma peça fundamental no crescimento de um atleta, contribuindo decisivamente para o seu desenvolvimento gradual e saudável, de facto o que acontece é que essa boa influência nem sempre acontece, muitas vezes devido ao estabelecimento de metas exageradamente ambiciosas para os seus educandos, acabam por gerar frustrações extremamente negativas que acabam por se reflectir no desempenho dos jovens jogadores, infelizmente tenho testemunhado inúmeras carreiras de jovens promessas interrompidas prematuramente, ou que nunca chegam a atingir os níveis que potenciavam, devido às más decisões dos pais, no fundo os pais tanto podem ser um agente positivo e essencial como podem ser extremamente nefastos para o crescimento do jogador. Eu diria que um bom atleta tem sempre por trás bons pais.
CA - Durante alguns anos quando um jogador saia do seu clube de formação, o novo clube tinha de pagar a formação do atleta, há uns anos a esta parte, essa situação deixou de existir. Acha que seria altura dos clubes pressionarem as respectivas Associações para que as mesmas apresentassem à FPP uma proposta para que os clubes de formação voltassem a ser ressarcidos pelo trabalho que fazem?
JR – Sem dúvida está na altura de se fazer alguma coisa, os clubes que apostam na formação não podem continuar a ser penalizados desta forma, não faz sentido um jogador ao fim de 15 e mais anos de formação, transferir-se par outro clube sem que haja contrapartidas, penso que é um direito mínimo que assiste aos clubes que apostam verdadeiramente na formação e muito provavelmente seria um desincentivo para estas movimentações de jogadores tão jovens, sem qualquer justificação. É preciso regulamentar esta matéria, para bem e desenvolvimento sustentável da modalidade, o CDPA tudo fará ao seu alcance para trazer para a discussão este assunto, espero que os restantes clubes façam o mesmo junto das suas Associações, sabemos que não estamos sozinhos neste objectivo.
CA - Mais uma vez obrigado pela sua disponibilidade, e fica o espaço aberto para alguma mensagem que queira deixar aos adeptos/simpatizantes do PA em particular e aos visitantes do CA em particular
JR – Em primeiro lugar queria agradecer ao CA a possibilidade que nos deu de aqui deixar as nossas posições sobre este assunto tão melindroso, queria também dizer que achamos que a razão está do nosso lado e costumamos lutar por aquilo em que acreditamos, estamos no inicio de um processo que só terminará quando os interesses dos clubes que apostam na formação, forem salvaguardados e por fim um apelo: Haja bom senso e respeito entre todos os agentes que intervêm nesta modalidade que merece muito mais.
Fotos: João Rodrigues e CD Paço de Arcos
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