Faltam 27'' para o final, os Tigres estão a segundos de se sagrarem campeões nacionais, o Infante joga apenas com 2 jogadores de campo.
O jogo vai recomeçar com a bola na posse dos Tigres, apita Paulo Afonso, bola em Bruno Ribeiro, faz circular a mesma para o seu lado esquerdo, Abreu, David Abreu levanta a cabeça e devolve a redondinha a Bruno que a envia de seguida para Leandro, 15, 15 segundos para o titulo, Leandro, os jogadores do Infante tentam recuperar a bola, sem sucesso, 10, 9, Paulo Alves aproveita a desatenção dos jogadores azuis e brancos, e arranca em velocidade em direcção da baliza de André Azevedo, 7, 6, Paulo Alves ainda com a posse de bola vai entrar na área, cai, cai Paulo Alves, o arbitro manda seguir, Paulo Alves procurou a grande penalidade, podia ter seticado, e acaba, acaba a partida, os Tigres vencem por 7-3 e são campeões nacionais...!!! Podia ter sido assim o relato dos segundos finais do jogo da 2ª mão da final da 2ª divisão, mas não foi o relato pois, ninguém fez a transmissão, nem as rádios locais ou regionais, nem a Plurisports que apenas fez o diferido, enfim um jogo desta natureza merecia outra projecção, mas divergências, mal entendidos, etc, não permitiram que centenas de adeptos de ambas as equipas que não se puderam deslocar a Almeirim acompanhassem o evoluir da partida.
Mas vamos ao que interessa, que foi o jogo que opôs o HC "Os Tigres" e Clube Infante de Sagres, no jogo decisivo de atribuição do titulo nacional da 2ª divisão 2010/2011. Num jogo dirigido por Paulo Afonso (Coimbra) e Paulo Almeida (Aveiro) as equipas alinharam da seguinte forma:
HC "Os Tigres" - André Azevedo (gr), Bruno Ribeiro, Bruno Januário, Carlos Trindade e David Abreu
Banco - Ivo (gr), Rui Cova, Ricardo Silva, João Silva (c) e Leandro Santos
Tr - Jorge Godinho
CI Sagres - Alex Saraiva (gr), Jorge Vieira, Tiago Pinheiro, Ricardo Carvalho e João Gilvaz (c)
Banco - Bernando (gr), Nelson Almeida, Alexandre Silva, Bruno Gomes e Paulo Alves
Tr - Paulo Alves e Alex Saraiva
Com a vantagem de 3 golos, em virtude da vitória em Oliveira do Douro por 7-4, esperava-se um Infante de Sagres a tentar dar preferência à posse de bola, para poder ter o jogo controlado e adiar ao máximo a tentativa de reviravolta do marcador por parte da equipa de Almeirim. Mas isso não aconteceu e a equipa de Paulo Alves apesar de ter tido a primeira oportunidade de marcar com 2' decorridos quando Ricardo Carvalho, à boca da baliza não conseguiu finalizar, viu os Tigres assumir o comando do jogo, e criar oportunidades de marcar, e seria Carlos Trindade com 17' 09'' para jogar a seticar de fora da área e Alex a ficar mal na fotografia, e estava feito o 1º golo da equipa de Jorge Godinho.
O Pavilhão muito bem composto explodiu de alegria. O jogo continuava na mesma toada e seria André Azevedo numa excelente intervenção a "tirar o pão da boca" ao jogador adversário que só tinha que empurrar para o fundo das redes, não marcou o Infante, marcou os Tigres logo na resposta por Bruno Januário numa jogada de insistência faltavam 14' 15'' para terminar a 1ª parte.
O Infante não conseguia reagir, e os Tigres dominavam e Paulo Alves lança Alexandre Silva, um veterano mas um excelente jogador, que veio dar mais acutilância ao ataque e mais consistência à equipa. A equipa de Jorge Godinho continuava à procura do 3º golo e viria a consegui-lo com 17' decorridos por intermédio de Bruno Januário, depois de uma excelente jogada de David Abreu. Estava empatada a final. Até ao final da 1ª parte alguns lances perto de ambas as balizas, mas com os guarda redes a chegarem para as encomendas e o intervalo chegaria sem que o placard se alterasse
Intervalo: HC "Os Tigres" 3 - CI Sagres 0 (Faltas: 7 - 5)
A 2ª parte recomeça com a mesma toada, com a equipa de Jorge Godinho a dominar e a equipa de Paulo Alves a ver "onde paravam as modas", e a não demonstrar capacidade de contrariar o domínio azul e branco. Seria Carlos Trindade com 19' 05'' para jogar e numa seticada cruzada a fazer o 4-0 e a levar o Pavilhão ao delírio, os Tigres estavam na frente, mas antes do golo já a equipa da casa tinha tido uma excelente oportunidade quando num contra ataque 3x1 Rui Cova faz um mau passe e perde a oportunidade de isolar os dois colegas de equipa.
O jogo agora estava partido, era do tipo "bola cá, bola lá", os treinadores iam "gritando" para dentro de ringue, e Jorge Godinho batia no acrílico da tabela, desesperado, mas não havia táctica que resistisse, e neste ora atacas tu, ora ataco eu, os Tigres atingem a 10ª falta e Tiago Pinheiro (que na 1ª mão havia batido por duas vezes André Azevedo, nesta situação) é chamado a marcar o livre directo, pela frente André e por detrás de André a claque do Infante que foi incansável no apoio à sua equipa, mas desta feita Tiago Pinheiro não consegue desfanquiar André, e com cerca de 10' decorridos o Infante desperdiça soberana oportunidade de empatar a final.
Com esta intervenção do seu guardião, a equipa dos Tigres assentou o seu jogo novamente e Bruno Januário, numa seticada forte de fora da área assina o seu terceiro golo e faz o 5-0, faltavam 13' 45'' para o final. Entra no Infante Paulo Alves, e o jogo da equipa forasteira, ganha outra forma, outra consistência e os remates de Paulo Alves começam a causar preocupação no ultimo reduto dos Tigres.
Com 5-0 a equipa de Jorge Godinho, começa a revelar preocupantes sinais de ansiedade, e por vezes os jogadores parecem algo "desligados" e "alheios". Jorge Vieira comete falta merecedora de cartão azul e David Abreu chamado a marcar o livre directo falha nova oportunidade soberana, mas a sua equipa fica a jogar em power-play, e seria durante esse período que David Abreu faria o 6-0 com uma forte seticada de fora da área, mas em zona frontal e sem qualquer hipótese para Alex, pois a bola anichou-se no ângulo superior direito da sua baliza.
O publico gritava "campeões campeões", mas o cronometro não mentia e ainda faltava 8' 20'' para jogar, o que em hóquei em patins é uma eternidade, e não demorou um minuto para Paulo Alves numa jogada individual fazer o 6-1, e passado dois minutos, mais propriamente a 4' 04'' o mesmo Paulo Alves com uma seticada colocada fazer o 6-2, e no decorrer dos festejos por parte da claque e adeptos do Infante o acrílico da tabela atrás da baliza de André Azevedo sai do caixilho, tendo que ser chamados os funcionários da pavilhão para repor a normalidade. Durante estes minutos as equipas aproveitaram para repensar o jogo e programar as ultimas cartadas para atingir o objectivo final.
O jogo recomeça e os Tigres preocupavam-se em fazer correr o cronometro e esperar que o mesmo chegado ao tão almejado 00:00, o Infante pressionava na tentativa de marcar, mas Bruno Gomes (que passou o tempo que teve em ringue, a tentar quezílias com os adversários, e pressionando a dupla de arbitragem) protesta com uma decisão de Paulo Almeida e vê o respectivo cartão azul, como o jogo estava parado não houve lugar à marcação de livre directo, mas os Tigres voltavam à situação de power-play e seria Leandro Santos a 46'' do final a marcar o 7-2, e a fazer novamente explodir o pavilhão.
Foi então a vez de Ricardo Silva que estava no banco a dirigir palavras ao arbitro da partida e a ver o cartão azul, e Jorge Godinho vê-se obrigado a tirar Leandro Santos. Paulo Alves chamado a marcar o livre directo permite a defesa de André Azevedo para a tabela lateral, Paulo Alves recupera a bola e setica na direcção da baliza, a bola acaba por tabelar no patim de Carlos Trindade e enganar André Azevedo, estava feito o 7-3, faltavam 36''. Durante os festejos do golo, gera-se o "sururu" junto à mesa do cronometro, com os jogadores do Infante a acusarem o cronometrista de não ter parado o cronometro a seguir ao golo e ter deixado passado alguns "preciosos" segundos. No meio destes protestos o Delegado do Infante vê o cartão vermelho, o que obriga à saída de Ricardo Carvalho, continuam os protestos e mais um azul e desta vez saí Jorge Vieira. Terminam os protestos e o jogo recomeça com a bola de saída para os Tigres e o resto foi descrito no inicio desta crónica.
Final: HC "Os Tigres" 7 - CI Sagres 3 (Faltas: 14 - 13)
Numa vitória justa dos Tigres, a mesma poderia ter ficada hipotecada, por alguma desconcentração a seguir ao sexto golo. A equipa do Infante que pela 6ª vez não conseguiu o titulo acaba por ser um digno vencido, mas penso que perdeu o jogo na primeira parte, quando não privilegiou a posse de bola. Numa equipa onde a veterania de qualidade de Paulo Alves e Alexandre Silva está aliada à qualidade de Tiago Pinheiro, faltará dois ou três jogadores de qualidade para conseguir manter-se na 1ª divisão.
Sinal mais: Para o publico que esteve presente em grande numero, para as claques de ambas as equipas que coloriram a partida, em particular os "Ultras" que foram incansáveis do 1º ao ultimo segundo (intervalo incluído) no apoio à sua equipa.
Para Paulo Alves e Alexandre Silva excelentes jogadores apesar da idade, e em particular Paulo Alves e a classe com que se dirigiu aos árbitros e mesa, e serenou os seus jogadores. Para Jorge Godinho que em duas épocas levou os Tigres da 3ª à 1ª e sendo campeão nacional da 2ª divisão. Neste ultimo jogo à frente da equipa azul e branca, deu para ver nos adeptos dos Tigres, que Jorge Godinho vai deixar saudades na Cidade da Sopa da Pedra.
Sinal menos: Para Bruno Gomes que privilegiou tudo o que o hóquei não precisa, ou seja a provocação aos adversários, e a pressão constante sobre a arbitragem.
A dupla de arbitragem chefiada pelo Internacional Paulo Afonso de Coimbra, fez uma exibição regular, com um ou outro erro para ambos os lados, sem interferência no resultado. Quanto ao "sururu" final em relação ao cronometro, acabou por actuar em conformidade.
Para terminar esta crónica resta-me lamentar mais uma vez a ausência de representantes da AP Ribatejo, pois já não estiverem presentes quando os Tigres subiram á 1ª Divisão, e no jogo em que um dos seu sócios poderia sagrar-se campeão nacional, primaram novamente pela ausência. Para a FPP que apesar de não ser obrigatoriedade a sua presença, seria de bom tom a presença e a entrega do Troféu assim como as medalhas aos intervenientes, enfim duas lacunas, uma da mais alta instância do hóquei em Portugal a outra de um dos seus sócios a AP Ribatejo.
Fotos de arquivo: Barros Simões
7 comentários:
Dos melhores textos que por aqui li. Gostei muito da conclusão final.
Parabéns pelo blog, sempre dá para ir matando saudades!
Parabéns também aos "Tigres" pela subida, espero que lá se mantenham!
E aproveito também para dar um grande abraço ao meu último treinador Godinho, grande feito!
Gonçalo, J.O.
Concordo plenamente com o ultimo comentário, uma crónica realista, objectiva e a colocar o dedo na ferida.
O Sr. Gavancho está de parabéns, o Cartão Azul está como o vinho do porto, quanto mais velho melhor.
Continue assim o hóquei agradece
"Sinal menos: Para Bruno Gomes que privilegiou tudo o que o hóquei NA precisa, ou seja a provocação aos adversários, e a pressão constante sobre a arbitragem." Será NÃO precisa???
Em relação á plurispots para ouvir comentários como aqueles que foram feitos no jogo da 1ª mão, mais valeu assim em diferido, ao menos não foram ditos disparates, e nem foram tendenciosos.
Parabéns Tigres
Para o anónimo das 15:59
Obrigado pelo reparo. Está corrigido
Atenciosamente
Francisco Gavancho
Infelizmente a Comunicação Social está cada vez mais desligada do hóquei em patins... há um clube que esteve este ano na primeira divisão, de uma cidade com duas rádios locais que não transmitiram um único jogo.
Já agora, parabéns aos Tigres.
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