quarta-feira, 17 de junho de 2015

DUARTE DELGADO, O "ASTÉRIX" DE PLONÉOUR LANVERN

Os livros do Astérix tinham no prólogo de todas as edições o mesmo texto, que numa das partes dizia (...)Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor.(...). Neste caso e referindo ao técnico e jogador Luso natural da Benedita pode adaptar-se a frase e escrever, "A localidade de Plonéou Lavern onde um irredutível Lusitano é um caso de sucesso".


No final da segunda temporada em França, Duarte Delgado depois de ter levado o AL Plonéou Lavern à Nationale 1, tendo conquistado o titulo de Campeão da Nationale 2, conseguiu a manutenção da equipa na elite Gaulesa do hóquei patinado enquanto jogador e técnico. mas não se ficou por aí o jovem Luso, como técnico da equipa B conseguiu a manutenção na N2 e ainda nos escalões de formação onde é responsável pelos U11, U13, U15 e U17, levou os U11 às meias-finais do Campeonato de França.

O Cartão Azul que desde a primeira hora tem acompanhado a carreira de Duarte Delgado, deu um salto até à "Gália" para uma pequena entrevista que publicamos de seguida.


CA - Boa tarde Duarte, em primeiro lugar os parabéns por mais um época de sucesso. Que balanço fazes da prestação da equipa principal?
DD – Boa tarde Francisco e desde já o meu obrigado por te lembrares de nós, mesmo estando longe do nosso País.  O balanço geral acaba por ser positivo, pois o principal objectivo foi alcançado. No entanto fico com a sensação que deveríamos e tínhamos obrigação de fazer mais e melhor. Tivemos um bom inicio de campeonato onde entramos fortes e conseguimos fazer 12 pontos em 18 possíveis. De seguida uma fase bastante complicada, onde tivemos 7 jogos consecutivos sem vencer. Felizmente conseguimos ultrapassar essa fase menos boa e terminar o campeonato no nosso melhor momento onde inclusive jogamos a ultima jornada com possibilidade de jogar as competições europeias na próxima temporada. Infelizmente não conseguimos vencer e tornar esta época ainda mais especial e positiva. 
CA - Sendo a tua primeira experiência primodivisionária num país estrangeiro que comparação fazes com a I Divisão em Portugal?
DD – As diferenças são bastantes. O rigor e profissionalismo com que trabalhamos em Portugal é diferente de França. A forma de estar de dirigentes, atletas, treinadores não é encarada da mesma forma que no nosso País. Penso que em Portugal somos mais competitivos e mais rigorosos na abordagem ao treino, preparação do jogo. Em relação ao nível do hóquei que temos em França, considero um nível bastante interessante, o número de estrangeiros que participam neste campeonato veio trazer mais competitividade e competência ao nível que existia anteriormente. 


CA - Tiveste sob as tuas ordens e como companheiros de rinque alguns colegas portugueses. Como foi a integração deles no hóquei francês e o que bom trouxeram para o AL Plonéou Lavern?
DD – Sim é verdade que esta temporada contámos com o apoio de cinco Portugueses. Infelizmente o André Ramos não terminou a temporada por razões pessoais.  A integração foi positiva, o Jorge Faria” Rato” era já o seu 2º ano ao serviço do clube, o Marcos Pinto já jogava em França o André Ramos também. Só o Daniel Félix vinha abordar uma nova experiência fora do seu habitat natural e a sua adaptação/integração foi bastante positiva. Em relação ao que trouxeram ao clube, dedicação, competência e uma mentalidade diferente de “trabalhar” que fez com o que o nível de treino/jogo aumentasse progressivamente. Estou bastante satisfeito com a performance de todos estes atletas e tudo indica que continuaram ao serviço do clube à excepção de Jorge Faria que representará o Valença na próxima temporada. 
CA - A ideia de criar uma equipa B foi tua, ou já existia no clube e que balanço fazes da sua participação na N2 e que benefícios traz uma equipa B para um clube como o AL Plonéou Lavern?
DD – Já existia no clube antes de eu chegar. A ideia de poder subir a N2 passou um pouco por mim e pelo clube com o objectivo de dar oportunidades aos jovens do clube de participar num campeonato mais competitivo, para que ganhem bases e experiência para poderem representar a equipa principal um dia mais tarde.  Infelizmente o que estava planeado para a N2 não se passou da forma como imaginámos. A falta de presenças durante a semana foi demasiada, o que dificultou em demasia o tipo de trabalho que estava estipulado e tardou a integração de alguns atletas na equipa principal.


CA - Passando agora para os escalões de formação, és responsável por praticamente toda a formação do clube e conseguiste com os U11 chegar às meias-finais. Que analise fazes da formação do clube? Quantos jovens tens a treinar e a jogar e projectos para o futuro?
DD – Penso que um dos grandes problemas da modalidade em França é mesmo o problema da formação. Um dos objectivos do clube e meus também, passa por alterar alguns hábitos e costumes e trabalhar de forma a melhorar a formação do clube. Os escalões mais jovens, como é o caso dos U11 é possível realizar um trabalho competente e organizado, em relação aos escalões de U15, U17 por exemplo é demasiado tarde para corrigir algumas dificuldades que apresentam e alterar processos que lhes estão rotinados. Na próxima época tudo indica que irão fazer parte de equipa principal dois jovens formados no clube.
CA - A treinares tantas equipas e ainda a seres jogador a tua vida é do género "Casa-Pavilhão-Casa", é a melhor forma de matar as saudades de Portugal, dos familiares e amigos, ou é a forma de estares no hóquei e trabalhares para os resultados sejam cada vez melhores e a tua cotação vá subindo?
DD – Costuma-se dizer que “ quando se corre por gosto não cansa “, no meu caso acaba por se ajustar bem. Quando se faz aquilo que se gosta tudo se torna mais simples e eu não fujo á regra. È óbvio que tenho fazes que é um pouco “saturante” é muito tempo na sala é muitas horas de hóquei patins. Mas consigo lidar bem com isso, no fundo é a minha actividade profissional, logo tenho de estar disponível a 100%. Sim, quando verificas que o teu trabalho é reconhecido, ou sentes resultados e que o teu esforço não é vão. Sentes orgulho e motivação para continuar a desenvolver essa tarefa e uma força extra para continuar todo este processo. 


CA - Antes de terminar não podia deixar de te fazer esta pergunta. Para quando o regresso a Portugal, ou desportivamente está fora de questão e o regresso será apenas para férias? Obrigado um abraço.
DD – O regresso a Portugal está agendado para os inícios de Julho na condição de férias. Neste momento tudo indica que irei continuar em França, mas como diz o outro “ O futuro a Deus pertence “... Aproveito para te agradecer e por te lembrares de nós mesmo estando longe do nosso País. Um grande abraço e muito sucesso desportivo e profissional. 

Fotos retiradas do Facebook de Duarte Delgado

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