segunda-feira, 3 de setembro de 2012

PAPARUCO - O COMENTADOR

O Europeu de Sub-17 em Ploufragan, França chegou ao fim e novidade das novidades, ou quiçá surpresa das surpresas a Espanha conquistou o título.

Em primeiro lugar e antes de me lançar na escrita quero endereçar os parabéns aos jovens portugueses que deixaram tudo em rinque para que o resultado fosse outro, e não o bronze, mas certamente outras oportunidades irão aparecer para tentar destronar a invencível Armada Espanhola.

Mas deixando de olhar para o “umbigo” e olhando mais além temos de mais uma vez dizer que tem de se mudar de rumo, tem de se mudar de mentalidades, tem de se optar por outras formas e métodos de trabalho, e levar a disputar Europeus e Mundiais quem realmente na altura esteja em melhor forma e que dê garantias de sucesso, independentemente de ser do clube A, B ou C e não optar por vezes apenas pelo C seja clube ou outra coisa qualquer.

Quem olha para os resultados (e vou apenas cingir-me aos Sub-17 pois para além de ser o primeiro escalão a nível de selecções é também um exemplo do poderio Espanhol pois em 31 edições da prova venceu por 16 vezes), pode pensar na vertente profissional a que se deve o facto desta diferença, por exemplo:
Médico – Os espanhóis nascem com um gene único no mundo e que lhe confere excelentes performances na modalidade.
Carpinteiro – Os espanhóis são feitos de um tipo de madeira que é trabalhada durante muito tempo e depois de finalizada é considerada madeira nobre e imune ao caruncho.
Pedreiro – A massa com se faz os espanhóis leva mais cimento e uma areia única que só existe no Golfo da Biscaia, o que lhes confere uma resistência e durabilidade maior.
Marinheiro – A nau espanhola é comandada com mestria e ciência com recurso às novas tecnologias e navegação pelas estrelas à imagem de Cristóvão Colombo, e só nela embarcam marinheiros de reconhecido valor.

Nada disto…!!! O que realmente é preciso e na minha opinião claro, é que se faça um trabalho de base logo após os Inter-regiões com os jogadores que tenham qualidades para representar as selecções, e não de vez enquanto vir aqui ou ali com um programa de detecção de talentos, que não passa disso mesmo, pois pode contar-se pelos dedos de uma mão os jogadores que integram os trabalhos das selecções e mesmo um ou outro que é chamado, é chamado a um estágio talvez para justificar a passagem desse Centro de Detecção de Talentos pelo ponto X ou Y do país.

Garantidamente que os espanhóis não têm mais apetência para a modalidade que os portugueses, tem é uma forma diferente de serem trabalhados e aos poucos introduzidos na alta competição, tem programas de aproveitamento das suas qualidades e as mesmas são exploradas até atingir o expoente máximo, tem enfim uma estrutura de treino que dá importância ao valor do atleta, as suas potencialidades e à sua margem de progressão, têm um fim uma “casa que é começada a construir pelas bases”, e se olharmos por exemplo para os jogadores que representam as selecções de “nuestros hermanos” os que têm qualidade, passaram pelos Sub-17, Sub-20, Sub-23 e a equipa principal e não começaram pelos Sub-17 e serem campeões, pelos Sub-20 e serem campeões e depois vão para um clube do interior e deixam de ser convocados, não porque perderam qualidades, mas porque outros valores se levantam e enquanto esses valores continuarem em uso, garantidamente vamos ver os espanhóis a ganhar títulos e nós a ficarmos irremediavelmente para trás e a ver aos poucos França e Itália a “roerem-nos os calcanhares” e a espaços a obter melhores resultados.

Claro que este tema tinha pano para mangas e a poucos dias do início do 50º Europeu que terá lugar em Paredes, vamos ficar a torcer pela nossa equipa a ver se consegue quebrar a homogenia espanhola e que neste que será o primeiro campeonato em que todos jogam contra todos possamos provar que realmente estamos de regresso ao bom caminho e às vitórias, assim espero eu e todos os amantes da modalidade.

1 comentário:

Luís Brízida disse...

Apesar de atualmente andar de alguma forma mais afastado do hóquei, sempre vou vendo este ou aquele jogo. Nos últimos dias tenho recordado na RTP Memória os jogos do campeonato da Europa de 1998 disputado em Paços de Ferreira. Poderá ser impressão minha, mas a grande diferença que noto para o hóquei de agora e o daquele tempo é que se fosse possível fazer um jogo entre as respectivas seleções os de agora levavam uma abada, principalmente devido à diferença de autoexigência dos atletas, entrega ao jogo, rapidez do mesmo, etc. Para mim as razões apontadas pelo Paparuco não são as principais para o fracasso do hóquei atual. O problema principal está no facto de nos termos habituado de tal forma a um hóquei mediocre que o consideramos muito bom. Alguma vez o hóquei praticado actualmente pelas equipas de TOP da primeira divisão nacional chegava para se manterem há 20 anos nesse escalão? Alguma vez o hóquei praticado na época passada pelo UFE e pelo Alcobaça (que foram as equipas que vi jogar) chegava para subir a uma segunda divisão? Ainda no final da época passada vi um jogo entre o Tomar e o UFE na Albano Mateus e mais uma vez vi o Tomar a ganhar mas a não jogar o suficiente para justificar minimamente os lugares cimeiros de uma segunda divisão, como aconteceu. Quando manifestei este meu sentimento a alguém, pela sua reação deve ter pensado que eu estava senil, tal a discordância que mostrou. Resumindo, para além de outras razões que poderão também ser válidas, o principal problema do nosso hóquei acho que é uma grande falta de ambição e de entrega ao jogo. Achamos que somos muito bons e que por isso com mais uns melhoramentos vamos voltar facilmente ao lugar que foi nosso. Em jeito de curiosidade, ontem vi o jogo Portugal-França do Europeu de 98, onde fomos para o intervalo a ganhar 7-0 e houve um pormenor que me chamou a atenção. Nessa primeira parte (com 20 minutos) sabem quantos remates fizemos à baliza francesa? Foram só 44 (quarenta e quatro)! Quando assistirem a um qualquer jogo na época que se avizinha, comparem se se quiserem dar ao trabalho.
Fiquem bem.