ENTREVISTA DA SEMANA

A poucos dias do inicio oficial da época, com a deslocação a Estremoz para a 1ª eliminatória da Taça de Portugal, o Cartão Azul esteve á conversa com Rui Alves, jogador oriundo das escolas do clube, com passagens pelos trabalhos das selecções nacionais e uma época pela AA Coimbra, e um dos bons jogadores da nossa região.
CA – Bom dia Rui, em primeiro lugar obrigado pela disponibilidade, na recta final para o início da época, como está o União versão 07/08?
RA – Antes de mais bom dia a todos os leitores deste blog. O União deste ano é no meu ver uma equipa com muita vontade de fazer melhor do que o ano passado e com jogadores para o conseguirem. Apesar de todas as dificuldades que esperamos porque vamos apanhar equipas com grande história do nosso hóquei, todos nós temos valor e ambições para lutar por um bom lugar na classificação e honrar o símbolo que trazemos ao peito.
CA – As saídas do Marco Bento e David Vieira para o Santa Cita e a do Guilherme Noronha, vieram fragilizar a equipa, ou o plantel que transitou da época passada e a inclusão do João Mendes e Káka, mantêm a equipa ao nível da época transacta?
RA – A meu ver a equipa vai sentir um bocado a saída inesperada do David e a saída mais esperada do Marco porque ambos são grandes jogadores, o Marco pela sua criatividade e técnica acima da média, o David pela sua garra e ambição. Já a saída do Guilherme não vai ser tão notada porque já a época passada foi feita na sua grande maioria sem ele e este ano o Káka vem sem dúvida colmatar a sua saída, apesar de ainda não ter a experiência do Guilherme tem grande qualidade e pode nos ser útil em muitas situações.
CA – Os jogos da pré-época caracterizaram-se por empates com equipas da 1ª á 3ª divisão, e alternaram jogos excelentes, como foi o caso dos jogos com a J. Ouriense, com exibições pobres (sem tirar mérito aos adversários, claro) como foi o caso dos jogos em casa com os Tigres e o Marinhense. Fica a pergunta que União vamos ter o versão Ourém ou o versão Tigres/Marinhense?
RA –Certamente que as pessoas vão ver um União sempre a dar o melhor possível para ganhar os 3 pontos em cada jogo, não posso garantir que seja com a qualidade de jogo como foi contra o Ouriense mas com a vontade a determinação isso vai ser sempre. O jogo contra os Tigres foi um péssimo jogo pois nada nos corria bem e sem ser desculpa tínhamos jogado na noite antes contra o Marinhense e eles também têm muito boa equipa e no meu ver vão lutar (e com argumentos para isso), pela subida á 2ª Divisão.
CA – Foram os tão falados 250 metros que colocaram o União na Zona Sul, quando já se falava que iria disputar a Zona Norte, na tua opinião qual a zona mais acessível, se assim podemos falar, para uma equipa que tem por objectivo a manutenção?
RA – A manutenção é sem dúvida o nosso objectivo apesar de eu não concordar com isso, porque acho que devíamos ter ambições maiores, não digo lutar por uma subida de divisão porque claro que não temos condições para isso nem financeiras nem estruturais, mas acho que temos equipa para ficar nos 8 primeiros lugares e quanto mais ambições tivermos melhor será para nós jogadores, mas enfim…em relação á zona eu acho que a Sul é melhor, porque não temos tanto desgaste quer físico quer financeiro com deslocações, e o tipo de hóquei é diferente, lá em cima é mais físico e cá em baixo é mais táctico, portanto acho que aqui temos mais hipóteses.
CA – No sábado vão jogar a um ringue sempre complicado, em particular pelo seu piso, e depois vão defrontar uma equipa que desceu o ano passado á 3ª divisão mas por pouco não consegui a manutenção, como estão a encarar o jogo?
RA – Pessoalmente não conheço nem o piso nem a equipa porque nunca fui jogar a Estremoz. Estamos a encarar o jogo com a vontade de ir lá ganhar e passar á próxima eliminatória, mesmo sabendo que têm boa equipa porque a época passado existiram muito boas equipas que devido ao facto de descerem 7 ou 8 equipas elas foram despromovidas e este ano estão na 3ªdivisão se calhar injustamente, mas é uma equipa como as outras e nós temos de pensar que pudemos levar de vencido o jogo e é assim que vamos para lá.
CA – A época passada estavas ligado aos bambis, jovens que estão a dar agora as primeiras “patinadelas”, como foi essa experiência, e é para manter esta época?
RA – Sim é para manter até porque me estava a custar muito ver o clube em que cresci e aprendi tudo o que sei do hóquei, ter uma formação tão fraca comparativamente com o que se via á uns anos, para mim é mau ver o União perder jogos em certos escalões com certas equipas que na minha altura eram jogos em que nós com menor ou maior dificuldade levávamos quase sempre de vencido, e isso para mim custa, então decidi tentar ajudar no que posso para melhorar essa situação, e apesar de eu não ter curso nenhum de treinador e também acho que o melhor curso que uma pessoa pode ter é os anos de hóquei que já tem e isso chega-me para tentar ensinar àquela rapaziada como andar de patins e jogar hóquei á “velha escola”, até agora acho que está a correr bem já temos uma boa equipa de benjamins que estão a evoluir bem e já vêm também por aí muitos bambis com valor por isso vou continuar e vamos lá a ver se voltamos aos velhos tempos.
CA – A estudares em Coimbra, e a vires treinar algumas vezes por semana, implica além do desgaste inerente aos treinos o próprio desgaste da viagem, como consegues conjugar estudos/hóquei durante uma época inteira, sempre a níveis elevados tanto a nível desportivo, como académico?
RA –Não é fácil, para já é preciso gostar muito de hóquei para depois de um dia de aulas ainda fazer 240km para treinar e depois ainda chegar a casa por volta da meia noite e ter disposição para fazer alguma coisa de útil para as aulas do dia a seguir. Tem que ser assim por isso, vai se fazendo com maior ou menor dificuldade, tudo se faz. Mas admito que se chega a uma altura em que começa a faltar quer a vontade quer a força para continuar, apesar do amor á camisola e á modalidade ás vezes apetece ficar antes em casa a descansar.
CA – Na época passado fostes importunado por uma série de lesões que apesar de não serem muito grave, foram fazendo mazelas, como estás a nível físico neste inicio de época?
RA – O ano passado, durante quase toda a época joguei com uma pubalgia que me limitava certos movimentos e arranques, mas estas férias passei-as a fazer fisioterapia e neste momento já estou bem e preparado para mais uma época onde vou dar o melhor de mim para ficarmos bem classificados, ajudar a equipa a alcançar os seus objectivos e os meus objectivos pessoais.
CA – É claro que haveria muito mais para falar contigo, mas penso que o timing não é o ideal, fica mais uma vez o obrigado pela tua disponibilidade e a promessa de voltarmos á conversa noutra altura para debatermos outros temas. Fica ao espaço á tua disposição para alguma mensagem que queiras deixar aos sócios e simpatizantes do União e aos visitantes do Cartão Azul?
RA – Quero aproveitar para dizer aos sócios e simpatizantes do União que venham apoiar a nossa equipa e que não deixem de acreditar nela porque esta tem grande potencial e que todos os visitantes continuem a divulgar esta modalidade que todos gostamos e que tem vindo a desaparecer do panorama nacional. Obrigado.