domingo, 14 de outubro de 2007

RAFAEL OLIVEIRA - PARTE I

O Cartão Azul publica a partir de hoje e até quarta-feira a Entrevista da Semana com Rafael Oliveira, actual Seleccionador Nacional Feminino e treinador do Acr Santa Cita, devido á extensão e diversidade de assuntos abrangidos a entrevista será publicada em quatro partes.
Rafael Oliveira é sem duvida uma pessoa “sui generis”, amado por uns, odiado por outros, deixa a sua marca por onde passa, e é um ícone no que concerne aos treinadores ribatejanos. Rafael Oliveira, ou “Rafa” como é conhecido pelas pessoas com quem priva, iniciou as andanças pelo mundo do hóquei em Alenquer, onde enquanto atleta, fez parte de uma geração que teve a sorte como ele diz, de ter como treinadores o melhor que havia na altura, pois nomes como José Lisboa, Victor Pinheiro, Virgílio Domingos, Ernesto Honório, Fernando Adrião, José Casimiro, Fernando e Aníbal Rosa, Rui Aires, Carlos Garrancho, entre muitos outros nomes grandes do hóquei nacional, que foram treinadores das camadas jovens do Alenquer, não é de estranhar por isso que se tivesse habituado desde atleta à ideia de vencer, habituado a trabalhar a um nível elevado de exigência, fez parte de varias equipas ganhadoras, que conquistavam o que havia para conquistar sobrepondo-se aos clubes chamados grandes do hóquei português e que ainda hoje o são, daí saíram excelentes atletas, hoje alguns deles são treinadores, destacando-se entre alguns, Carlos Garção, actual treinador do Alenquer e Pedro Mendes, que até à pouco treinava a Riba de Ave e a Selecção de Moçambique no ultimo Mundial, sobre eles Rafael Oliveira sustenta que foram os melhores atletas de sempre formados pelo Alenquer, distinguiram-se ao mais alto nível enquanto atletas e hoje enquanto treinadores, são sem dúvida o futuro e ou a nova vaga de técnicos que despontam em Portugal, mas não esquece também um Jolé, Tobé, Zé Manel e Paulo Jorge (1º jogador de hóquei Alenquerense a ser internacional), também eles fruto dessa escola grande no hóquei em patins, que foi o Alenquer e Benfica.
Chegado ao Entroncamento pegou no União a meio de uma atribulada época, onde encontrou uma equipa dividida e destroçada, sem rumo e sem objectivos, houve por isso que levar a locomotiva até à estação mas aproveitando para lançar as bases de trabalho que permitiram na época seguinte levar a equipa da 3ª à 2ª divisão e quando tudo parecia encaminhado para uma segunda época completa em grande, eis que acontece a ruptura com o director responsável pelo hóquei, e Rafael Oliveira opta por deixar o comando da equipa do União sob o aplauso de alguns e as criticas de outros, passa a época em stand-by, onde aproveitou para fazer o nível III e acompanhar o hóquei do lado de fora como mero espectador e admirador da modalidade que atravessa uma fase cinzenta na sua longa história. Depois deste repouso aceita o convite para treinar o Santa Cita, o Cartão Azul foi ao seu encontro para a entrevista.
CA – Boa tarde, em primeiro lugar os meus parabéns pela nova “aquisição” para a família Oliveira, e espero que a pequena Luna seja uma vencedora e tenha a sorte sempre do seu lado. Agora falando de hóquei, como surgiu o convite para treinar o Santa Cita?
RO – Antes de mais boas tardes a todos e muito obrigado, Olha Francisco, o convite do Santa Cita, surgiu através do Luís Miguel Cunha que é o coordenador técnico de todo o hóquei do clube, numa 1ª abordagem e depois através do seu Presidente o Sr. Barroca da Cunha e surgiu de uma forma tranquila, desafiadora, mas acima de tudo de uma forma muito honesta e muito séria, com ideias muito concretas do que se pretendia e pretende para o clube e para a equipa sénior.
CA – Foi um entre muitos convites, ou foi aquele em que acreditaste, e onde achas que podes realizar um projecto com princípio, meio e fim?
RO – Não foi um convite entre muitos, porque honestamente não tive muitos, mas foi entre os convites que tive, aquele que por vários motivos, entre pessoais, profissionais e desportivos, o mais adequado e também pelo facto do desafio e objectivos que me foram propostos, terem bastante a ver com a minha forma de estar no hóquei, de qualquer forma quero aproveitar para dizer, que qualquer dos convites que tive, antes e depois de me comprometer com o Santa Cita, foram também eles convites sérios, que me honraram bastante e pelos quais agradeço, eram também alguns deles interessantes e concretizáveis, mas como disse houve um conjunto de factores que se conjugaram e me fizeram optar pelo Santa Cita, um clube que fez questão de me convidar achando que eu sou a pessoa certa para o seu projecto, o que me lisonjeia bastante e que me recebeu de braços abertos e de uma forma, que diria mesmo familiar, por outro lado a partir do momento em que assumi o compromisso de ser o treinador do Santa Cita e em função da minha palavra, jamais poderia aceitar outro projecto, por mais aliciante que viesse a ser, e alguns dos convites posteriores, foram sem duvida aliciantes.
CA – O que podemos esperar deste Santa Cita versão 07/08?
RO – O que podemos esperar deste Santa Cita e de qualquer equipa da qual eu seja responsável é: muito trabalho, dedicação e sacrifício durante a semana, para que possamos chegar ao fim de semana preparados da forma mais adequada para disputar e tentar ganhar todos os jogos em que vamos participar, seja de que competição for, pois os jogos foram feitos para serem ganhos e a haver um vencedor que sejamos nós.
Por outro lado sabemos também das dificuldades que nos esperam e por esse motivo temos de valorizar ainda mais o trabalho nos treinos para que sejamos fortes e possamos com isso levar de vencida os nossos adversários e concretizar os nossos objectivos que são públicos e passam pela subida à 2ª divisão Nacional.
Faço questão de que também se espere do Santa Cita, não só uma equipa forte, mas também uma equipa respeitada pela qualidade do seu jogo, pela honestidade com que vai lutar pelos jogos, pelo respeito para com os adversários e árbitros e que acima de tudo seja respeitada pela conjugação de todos estes factores, o que aumenta o desafio para mim enquanto treinador, para os atletas e para todos os agentes do clube e todos aqueles que vão privar connosco, como colaboradores e como adversários, não vamos fazer a coisa barata, vamos elevar a fasquia para nós, mas também para os nossos adversários.
CA – A equipa é constituída por jogadores que trabalharam contigo no União, e saíram por diversas razões, algumas das quais tiveram a ver directamente contigo, e com o vosso relacionamento, segundo informações que foram difundidas na altura, como vai ser agora esse reencontro?
RO – Sabes Francisco? Esta é uma daquelas perguntas, à qual eu vou responder por mera cortesia para contigo e para com o teu trabalho enquanto administrador deste blog que eu muito valorizo e respeito, mas também porque aproveito assim para desfazer alguns disparates que se dizem por aí, entre os quais sobre as saídas de alguns atletas e para que fique esclarecido os atletas que saíram do União enquanto eu era treinador e que hoje estão no Santa Cita, foram o Hugo Saboga e o José Miguel Boavida e saíram por razões distintas, razões essas que na altura foram identificadas, clarificadas e que foram respeitadas por todas as partes, pois na altura a exigência era muito grande e nem todos os atletas estavam preparados e motivados para essas exigências, até porque em simultâneo haviam razões da vida pessoal dos atletas que justificaram tudo o que foi decidido na altura, salvaguardando os interesses dos atletas e do clube. O que é certo é que qualquer destes atletas são pessoas com quem sempre tive uma relação saudável, absolutamente normal, ao ponto de hoje estarmos no mesmo barco a lutar pelos mesmos objectivos e que não haja duvidas que se houvessem problemas, de certeza que ou não estava eu ou não estavam eles, pois comigo é pão, pão, queijo, queijo, e nem poderia ser de outra forma pois há valores que não se adulteram.
CA – Varias vezes foi dito nos pavilhões e onde se fala de hóquei, e escrito nos blogs que o Mário Serra tinha saído do União por estar em conflito contigo. Agora segundo informação a que o Cartão Azul teve acesso vai ser teu adjunto no Santa Cita, como vai ser esta convivência?
RO – Esta é mais uma questão caricata a que eu respondo pelas mesmas razões que já apontei atrás. Se foi escrito um disparate desses em algum blog eu nunca o li, porque senão tinha-o desmentido, em relação ao que se diz, cada um saberá ou não o que vai dizendo, neste caso se dizem uma coisa dessas é porque não sabem o que dizem ou é por má fé, pois quando eu cheguei ao União em Fevereiro de 2005, o Mário já não estava no clube, portanto não trabalhei nem privei com ele de forma nenhuma, daí o tamanho deste disparate. Quanto ao facto do Mário Serra ser o meu adjunto e o treinador dos guarda redes seniores em particular, foi uma proposta feita por mim aos responsáveis do clube, neste caso ao Coordenador Miguel Cunha e por sua vez ao Presidente, que depois de aceite, foi feito o convite ao Mário, que aceitou, para satisfação de todas as partes, e porque é que eu digo isto? Porque o Mário Serra é uma pessoa que respira hóquei, é daquelas pessoas que sacrifica a sua vida pessoal pelo hóquei e para além disso é uma pessoa que tem um relacionamento muito bom e muito forte com os atletas do clube, portanto seria a pessoa indicada para este lugar, até porque depois a juntar a isto temos o facto de por motivos de saúde o Mário não poder praticar a modalidade, assim encontrámos também outra forma de ele poder manter uma relação muito próxima com o hóquei, mas desengane-se quem pensar que foram só estas as razões, pois uma das minhas apostas e que eu considero muito importante numa equipa é o trabalho que é feito com os guarda redes e quem fizer esse trabalho tem de gostar muito do que faz e tem de ser competente e tentar sempre ser cada vez mais competente e o Mário reúne todas estas qualidades pois é interessado, é estudioso quanto e pelo processo de treino é trabalhador e exigente nessa sua função, portanto estamos muito satisfeitos e o relacionamento é bom, normal como tem sido até aqui e acima de tudo vale pelo respeito mútuo, respeito esse que eu espero se torne numa amizade forte e duradoura.
Cortesia:
Foto: Blog ACR Santa Cita