segunda-feira, 15 de outubro de 2007

RAFAEL OLIVEIRA - PARTE II

CA – Rafael, vamos agora mudar de assunto, e passar para a formação, e eu sei que acompanhas os jogos, até porque o teu filho é praticante da modalidade, como vês a formação a nível da APR?
RO – Vejo-a com alguma preocupação, pois em termos de formação e pelo que é conhecido, só Tomar e o Santarém, têm projectos com pernas para andar, embora até aqui lhes tenha faltado gente com capacidade, técnicos rigorosos, para que esses projectos possam ser executados com sucesso, resumindo-se por exemplo o Tomar a um treinador que eu considero um bom treinador de formação que é o Pedro Nunes, já o Santarém tinha até aqui o Carlos Rodrigues que ao que sei vai sair para os Corujas, de resto à Juventude Ouriense falta assentar ideias e definir realmente um projecto, parece-me a mim que as coisas são um pouco deixadas ao sabor da corrente e depois temos o Santa Cita em fase de reestruturação, mas que já vai apresentando resultados nos escalões mais jovens, o que dá indicadores de um trabalho razoável e que num futuro próximo pode ter resultados muito melhores, os restantes clubes estão a trabalhar muito mal na formação, poderá aqui ter o beneficio da duvida os Tigres de Almeirim, através do Mário Almeida.
CA – O que achas que é necessário para que as equipas ribatejanas consigam afirmar-se nos campeonatos nacionais de camadas jovens?
RO – Falta-lhes trabalho de base, falta-lhes treinadores rigorosos, falta-lhes competitividade e falta-lhes competição com equipas fortes que possam transmitir outros valores, falta-lhes portanto quase tudo, por isso quando vão aos Nacionais tendem em ficar nos últimos lugares, com excepção da equipa de Infantis do Santarém que ficou em 4º na 1ª fase do Nacional, mas lá está, em compita com as equipas de Lisboa, foi ultrapassada pelas 3, o que eu defendo é que o Ribatejo se devia juntar a Lisboa, num quadro em que uma única associação era dividida em 2, apurando os melhores para discutir por exemplo um distrital, mas permitindo sempre a competição entre todos ou os convívios nos casos específicos.
CA – De entre os jovens praticantes da região, existem alguns que aches que tenham qualidades (quer técnicas, tácticas e psicológicas) para singrar na modalidade, ou pelo menos para poderem representar clubes com outra dimensão?
RO – Há quanto a mim 2 jovens que fazem a diferença, são o Filipe do Gualdim Pais, que precisa de integrar um grupo onde não passe tudo por ele, se bem que essa particularidade também lhe deu alguma capacidade de decisão, mas é uma situação que com o decorrer dos anos tende a prejudicar e não a ajudar e o David Vieira, quanto a mim o atleta com mais potencial na região, depois temos ainda nos juvenis dos Tigres um G.R. fantástico em termos de potencial e que precisava de ser agarrado, para não se perder, se olharmos para alguns atletas um pouco mais velhos mas ainda no 1º ou 2º anos de seniores, portanto atletas na casa dos 20/21 anos, temos o Rui Alves e o João Capitolino, que são sem duvida pelas suas características morfológicas e pelas suas qualidades técnicas, jogadores de grande potencial e que se lhes forem proporcionadas oportunidades de desenvolverem o seu hóquei, limando arestas e amadurecendo, podem vir a ser atletas de craveira com capacidade para integrar as melhores equipas, poderá haver mais uma situação ou outra mas a meu ver estes são os diamantes da região, claro que precisam de trabalhar e mudar algumas coisas que ainda lhes vão sendo prejudiciais, estou a falar de jovens jogadores como é óbvio.
CA – Ainda na vertente da formação o HC Santarém, contratou o Lúcio Morais, para a próxima época num projecto que visa a criação de uma equipa de seniores tendo como base a formação do clube, qual a tua opinião a respeito desta aposta do Francisco Mogas?
RO – Esta aposta do Francisco Mogas e do HC Santarém, acaba por vir no sentido do que eu dizia no inicio, há projecto, há quantidade, faltava a qualidade, portanto penso que a vinda do Lúcio para o HC Santarém é benéfica para a formação, pois os processos de trabalho e de rigor na sua execução vão concerteza mudar para melhor, é bom para começar a dar corpo ao projecto sénior, mas de uma forma mais sustentada e baseada numa maior qualidade de trabalho e poderá ser em ultima análise o exemplo de que eu falava, de os clubes investirem em técnicos competentes e rigorosos na execução dos seus projectos. Digo o mesmo em relação ao Sporting de Tomar, que também este ano vai tentar começar a alterar o figurino da sua formação e para isso apostou no Paulo Beirante, para coordenar esse trabalho, que espero venha a dar frutos no futuro e se conheço o Beirante, empenho e trabalho não vão faltar, assim o clube lhe proporcione meios e apoio para que consiga o êxito pois o SP. Tomar merece, pela aposta que faz na formação e a região bem precisa.
CA – Cada dia que passa, o hóquei a nível do Ribatejo vai perdendo praticantes, para outras modalidades, nomeadamente para o futebol, achas que é reflexo do estado actual da modalidade?
RO – O hóquei sempre perdeu praticantes para o futebol, tal como as outras modalidades, e continuam a vir jovens para o hóquei, o problema quanto a mim reside na incapacidade de alguns clubes em motivarem os atletas a permanecer e de os envolverem nos seus projectos, havendo falta de qualidade nos projectos e consequentemente a falta de resultados desportivos e mais importante ainda a falta de evolução dos próprios atletas, é normal que haja desmotivação e que as pessoas procurem noutras paragens aquilo que no hóquei não encontram.