Depois de na passada época se ter sagrado campeão nacional da II Divisão, Jorge Godinho segue o “trilho” do sucesso e desta feita “arrecadou” o título de campeão nacional de Juniores e o bronze no nacional de juvenis. Fomos ao encontro do técnico encarnado para falarmos de mais uma época de sucesso.
CA – Bom dia Jorge, em primeiro lugar os parabéns pela conquista do nacional de juniores. Qual a tua análise às equipas que estiveram em Turquel?
JG – Bom dia. Foram quatro equipas de valor muito semelhante, onde a equipa que favorecesse o coletivo em vez da individualidade tinha mais hipóteses de sair de Turquel vencedora. No entanto penso que Benfica e Braga eram as mais serias candidatas devido à estabilidade que houve durante a época. Porto e Tigres viveram momentos conturbados, souberam superá-los e estarem na F4 com todo o mérito mas notou se sempre um receio em como chegariam á F4.
CA – Bom dia Jorge, em primeiro lugar os parabéns pela conquista do nacional de juniores. Qual a tua análise às equipas que estiveram em Turquel?
JG – Bom dia. Foram quatro equipas de valor muito semelhante, onde a equipa que favorecesse o coletivo em vez da individualidade tinha mais hipóteses de sair de Turquel vencedora. No entanto penso que Benfica e Braga eram as mais serias candidatas devido à estabilidade que houve durante a época. Porto e Tigres viveram momentos conturbados, souberam superá-los e estarem na F4 com todo o mérito mas notou se sempre um receio em como chegariam á F4.
CA – Começando pela meia-final, um resultado de 10-4 não é normal quando estamos perante as quatro melhores equipas nacionais, como se chega a um “score” destes?
JG – São jogos que acontecem! Foi um score que em dez jogos acontece uma vez. Era um jogo em que prevíamos que fosse muito equilibrado em que a equipa que cometesse menos erros tinha mais hipóteses de vencer, ou decidida por algum detalhe de algum jogador. O HC Braga entrou bem, soubemos reagir, e de facto obtivemos dois golos algo fortuitos que nos tranquilizou e ao contrário intranquilizou o Braga. Mesmo ao intervalo com o resultado 4-0 a nossa intenção foi sempre no sentido de distanciar e não controlar e viver à sombra daquela vantagem. Surgiram mais três golos e ai o jogo ficou decidido. No entanto gostava de referir que sabíamos as acções em que o Braga assenta o seu jogo e conseguimos anular muito bem. Como tal, não foi só um mau jogo do Braga mas também um jogo muito bem trabalhado pela parte do Benfica.
CA – A final teve como protagonistas as duas melhores equipas, e sem duvida o SL Benfica foi a melhor em rinque e foi um justo vencedor, com o decorrer da partida e o facto de terem estado sempre em vantagem, permitiu-te encarar a partida com mais calmo, ou sentiste alguma vez que a vantagem em “perigo”?
JG – Foi um jogo em que ao contrário do jogo do Braga, pensamos exclusivamente em nós! Era um derby sempre apetecido em que todos queriam jogar. Queríamos ser Campeões Nacionais. Era importante sermos a nossa equipa, sermos iguais a nós próprios, porque se o conseguíssemos éramos campeões. Gerimos a equipa em termos físicos, soubemos fazer a rotação ainda na 1ºparte o que foi muito importante. Os que entraram foram reforços e isso foi notório quando passamos de 2-1 para 4-1. A 2ª parte mais emotiva, Porto a querer encostar, Benfica a saber sofrer, mas sempre com intuito de termos setas para em contra ataque podermos distanciarmo-nos. Conseguimos chegar a 6-2 e ai quisemos ainda mais, o que nos desconcentrou em termos defensivos e o Porto acabou por reduzir para 6-4. Voltamos a falar, respirar fundo e perceber que ainda não estava ganho. O 7ºgolo acabou com jogo. Sentimos que estávamos mais fortes que o adversário e era esperar pelo apito final e deixar a alegria invadir toda a massa associativa do BENFICA.
CA – Como se cria um grupo tão coeso, competitivo e com tanta qualidade, quando no inicio da época tiveste pelo menos a entrada de cinco atletas, Diogo Neves (ex-Sporting CP), Alexandre “Xanoca” Marques, Tiago Jorge, José Barreto e João Pedro Pais (ex-FCO Hospital)?
JG – De facto era uma equipa muito homogénea. De início tivemos algumas dificuldades em jogar em equipa o que nos trouxe o dissabor de não sermos campeões regionais. Soubemos perceber que aquele não era o caminho. A equipa era constituída por elementos que nas suas anteriores equipas decidiam os jogos individualmente. Ao juntarem se no Benfica houve ali um ciúme aquando o colega marcasse um golo. E ai, de facto houve alguns choques entre mim e alguns jogadores. O sentido era jogar em coletivo que a individualidade acabaria por aparecer. Fiz aparecer elementos que trabalham muito para a equipa para que aqueles que gostam da individualidade perceberem que o Benfica precisa de todos. E penso que consegui, modéstia à parte. A equipa subiu muito de rendimento e partimos para as fases do nacional já como equipa. Os resultados foram aparecendo duma forma natural, motivando a todos e o título acaba por ser o reflexo da mudança de atitude da equipa. Depois percebemos que precisávamos de andar muito mais. Os 4 treinos semanais já não nos chegavam. Fizemos cerca de 20 jogos à 4ºfeira com equipas seniores da 2ºdivisão, Nafarros, Parede, Turquel, Caco, Azeitonense, Entroncamento, e isso foi muito importante. Cada semana que passava via a equipa a crescer o que me deixou sempre muito seguro que poderíamos chegar longe.
CA – Perante o que os jogadores fizeram em Turquel se tivesse que escolher o 5 ideal desta final-four quem escolhias?
JG – Escolheria qualquer cinco em que estivessem os dez do Benfica.
CA – Por onde passa o futuro de Jorge Godinho enquanto treinador?
JG – Vamos ver. O Benfica sabe que pode contar sempre comigo. Pediram para ajudar numa fase em que outros não aceitaram e eu vim. Como tal se o Benfica decidir que deva entrar outro mister terá sempre o meu apoio. Estas coisas de apelar ao coração não se aguentam sempre! Senão coração cede. Foi um ano muito desgastante para mim, não só em termos físicos, emotivos mas também em termos financeiros! Felizmente consegui estar sempre a tempo e horas em todas as sessões de treino e jogo o que me deixa muito contente. Tudo isto em prol do BENFICA.
Houve convites não nego, mas não abdico de um pormenor, que é falar com outros clubes ainda trabalhando noutro. Ser treinador do Benfica é muito exigente. E não iria perder tempo a falar de outros jogadores ou de contratações a preparar outra equipa. Felizmente perceberam que sou de ideias bem vincadas. Logicamente que em caso de sair do Benfica neste momento não encontro clube mas não faz mal. Se não conseguir faço aquilo que acho que deve ser que é em caso de não arranjar clube sénior ajudarei na formação. Há um projecto que um dia irei iniciar que é uma escola de patinagem em Tomar. Portanto vamos ver o que me vai acontecer.
CA – Nas declarações que fizeste à Benfica Tv, referes que a final-four de juvenis te ficou “atravessada” na garganta. O facto de o teu filho Tiago Godinho se ter sagrado campeão nacional ao serviço do SC Tomar não te ajudou a passar essa sensação? E como é estar do outro lado da “barricada” se por um lado és treinador de um dos candidatos à vitória na prova, por outro tens o teu filho numa das equipas adversárias?
JG – O Benfica era a melhor equipa de Juvenis a nível nacional. Todo o trajecto conseguido, com alguns altos e baixos cedo o demonstrou. Cedeu numa meia-final num jogo a eliminar onde tudo pode acontecer. Agora a equipa trabalhou, lutou mas não teve uma pontinha de sorte em momentos cruciais. Foram miúdos extraordinários e sei que vão se lembrar de mim durante muitos anos. Vincamos o nosso jogo e eles gostaram. Se o campeonato nacional se decidisse numa prova de regularidade o Benfica era Campeão. Não só em Juvenis como também em Iniciados. Vestir a camisola do Benfica não é igual a vestir outra camisola. È muito mais pesada. Os atletas sentem que não podem falhar porque representam o Benfica, enquanto as outras equipas aproveitam a pressão que os atletas do Benfica têm para jogar mais descontraídos, se ganharem é óptimo, mas se perderem não faz mal porque perderam para o maior de Portugal. É uma luta desigual a nível emocional. Como tal penso que uma última prova a quatro mas em sistema de campeonato era muito mais justa. Já viram que um jovem que faça a sua formação num clube grande, nunca consegue jogar no campo de outro grande? Falo em termos de SLB/SCP/FCP. E esses ambientes fazem falta a estes jogadores.
Em relação ao título do S.C.Tomar foi um marco histórico. Aproveitaram as atenções viradas para Benfica e Porto para construir o seu sonho É uma equipa gira, homogénea em cinco jogadores e que fez um grande percurso. Mas não me surpreendeu. Esta equipa já em iniciados podia ter sido campeã, foi um projecto iniciado em 2002-2003 e que previa que em juvenis estivesse no seu ponto alto. Equipa bem trabalhada quer pelo Pedro Nunes, Nuno Lopes e potencializada agora pelo Pedro Nobre. Aproveitaram este ano a subida, o crescimento, o equilíbrio em mais jogadores e o resultado está ai. Parabéns ao seu treinador que os fez acreditar ate ao fim, e reconhecendo também o trabalho do clube. Como é óbvio fiquei muito feliz pelo meu filho ter sido campeão, é um prémio justo para ele, porque foi um miúdo que desde muito novo se apaixonou pelo Hóquei e que agora teve o seu primeiro momento de gloria. Agora ele sabe que eu queria ser campeão em vez dele.
CA – Ainda em relação aos Juvenis e ao SC Tomar, e só respondes se achares que o deves fazer. Depois do campeonato regional, nacional e final-four que efectuaram e tendo sido dois jogadores dos mais influentes, não achas que o Tiago Godinho e o Carlos “Carlitos” Silva mereciam ter sido olhados pelo seleccionador Jorge Lopes de outra forma?
JG – As opções são sempre do selecionador. Ele mais que ninguém quererá o sucesso. Se não foram convocados só têm uma coisa a fazer, trabalharem ainda mais para um dia poderem ter hipóteses de lá chegar.
CA – Jorge obrigado mais uma vez pela tua disponibilidade para com o Cartão Azul, desejo-te umas excelentes férias, e deixo o espaço á tua disposição para alguma mensagem que queiras enviar aos visitantes deste Blog
JG – Gostaria de agradecer publicamente a pessoas muito importantes neste ano de Benfica, Eng. José Trindade, Miguel Campos e Paulo Almeida pela oportunidade que me deram de poder ser treinador do S.L. Benfica. A pessoas que jamais esquecerei, Meireles, Gouveia, Pimentel, Rui Eduardo, Hélder, Armando pela postura que tiveram ao longo do ano, quer nos momentos bons quer nos maus. Aos pais, um abraço muito grande. Sei que alguns manifestaram algum desagrado por opções técnicas (poucos) mas não levo a mal. Só tenho um objectivo defender o Benfica! Jogue quem jogar, é sempre isso que tenho em mente. Houve atritos claro, ainda bem, mas fiquem sabendo que tenho uma relação de amizade com todos os vossos filhos agora no fim e isso é para mim um grande orgulho. Mas também é sinal que fui correto.
Agradeço a todos os jogadores que tive ate hoje porque se hoje estou a saborear um título de campeão nacional a todos vos devo.
Ao mister Toni, gostava de lhe agradecer a postura que teve comigo ao longo do ano. Vim de campeonatos regionais de Ribatejo, Leiria e chegando a Lisboa o conhecimento não é muito alargado. Felizmente tive o Mister Toni sempre do meu lado a dar me umas dicas sobre equipas e jogadores adversários. Como tal Toni, Obrigado, Também é teu este título. Paulo Fernandes e Kiko também me ajudaram, Obrigado.
Agradecer publicamente ao Pereira da Silva porque sei que ele neste momento se orgulha de dois dos seus filhos do Hóquei (Pedro Nobre e Jorge Godinho) terem conseguido dois títulos nacionais como treinadores. Ao Carlos Dantas pelos valores que sempre me deu.
Agradecer ao João Rodrigues e ao Carlitos Lopez que mesmo em férias se prontificaram para treinarem connosco nestas alturas de adiamentos, em que a motivação vai a baixo, mas com a sua presença em campo nos motivaram muito. Obrigado. Ao meu carro pelos 75.000 kms. Foi duro sim, mas aquela medalhita apaga todos os sacrifícios.
Fotos: Tiago Jorge, Diogo Neves, Benfica ao Vivo, SL Benfica, José Artur e Miguel Silveira Cabral
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