PAPARUCO - O COMENTADOR

 "Quando credibilidade não rima com goleadas"
 

Começou ontem na Colômbia o XI Campeonato Mundial de Sub-20, e os primeiros resultados provam que esta modalidade continua a ser gerida de forma menos profissional, para não dizer mesmo amadora, e quando se quer que o Hóquei em Patins atinja a projecção de outras modalidades ditas amadoras e o estatuto de modalidade olímpica, chegam estes eventos e desmonta-se o ténue "castelo de cartas" que se tenta montar.

Nos dez primeiros jogos oito goleadas, algumas por números que tiram credibilidade a qualquer modalidade senão vejamos, Argentina 35 - Índia 1, Itália 40 - Costa Rica 0, e se a este juntarmos Macau 0 - Espanha 14, Chile 17 - USA 0, Portugal 16 - África do Sul 1. Mas deixo o quadro para reflexão e possíveis comentários.

Numa altura em que se tenta aumentar o número de praticantes e levar a modalidade aos mais variados pontos do globo, surgem estes resultados em campeonatos do Mundo que deixam a modalidade envolta numa "neblina" e rodeada de risos daqueles que continuam a afirmar que o Hóquei em Patins é uma modalidade praticada em dois países (Portugal e Itália), uma província (Catalunha, Espanha) e numa Cidade (San Juan, Argentina).

Num Mundial que devia ter 18 participantes, até ao Egipto "roer a corda" e passar a 17, não seria de bom-tom a FIRS equacionar fazer um Mundial A com 8 equipas e um Mundial B com outras tantas, à imagem do que se passa com as selecções principais e depois existir subidas e descidas. Ou então fazer com as 16, 17 ou 18 equipas tipo um apuramento e depois um Mundial com os vencedores. Não seria de bom-tom nivelar o Mundial pelo topo e não pela base e deixo algumas questões que eu acho pertinentes:

- Que factores positivos trazem estas goleadas, 40-0, por exemplo?
- Quais os benefícios que tira uma equipa num jogo em que perde 40-0?
- Com que motivação irão encarar os jogadores o próximo jogo após os 40-0? Perder apenas por 39-0?

Depois do "episódio medalhas trocadas", a FIRS, CERH e os senhores do Hóquei presenteiam-nos com o "episódio goleadas" e fica em perspectiva a saga "a minha goleada é maior que a tua".

Deixem de brincar ao hóquei, divulguem a modalidade, façam com que a mesma cresça e se espalhe pelo mundo fora, mas com credibilidade e sustentabilidade e assim talvez uma multinacional tipo "Coca-cola", "Mac Donald's" ou outra qualquer aceita ser "sponsor" e quiçá assim acender uma luz ao fundo do túnel para a tão ansiada aceitação olímpica.