Espanha continuou a dominar em selecções e venceu o Mundial de Angola, mas na Liga Europeia houve uma final 100% nacional - o Benfica bateu o FC Porto por 6-5.
Foto: José Coelho/Lusa |
Tudo começou com o Sporting em 1976/77. Ramalhete, Rendeiro, Sobrinho, Chana, Livramento, Jorge, Garrido, Carlos Alberto e Carmelino fizeram história numa equipa comandada por Torcato Ferreira e venceram a primeira Liga Europeia de hóquei em patins para Portugal à 12.a edição. A selecção nacional poderia dominar dentro dos rinques, mas a história mudava de figura quando os países davam lugar às equipas. Os espanhóis do Voltregá (3), do Barcelona (2) e do Reus (6) não tinham dado hipóteses até então, mas a equipa de sonho de Alvalade pôs um fim a essa série, derrotando os também espanhóis do Vilanova por 6-0 e 6-3.
O enguiço estava quebrado mas não foi suficiente para fazer com que as equipas portuguesas acreditassem no seu valor. O título dos leões antecedeu uma série de oito troféus consecutivos para o Barcelona e só em 1986 é que Portugal voltou a festejar, na altura numa final entre FC Porto e Novara. Os dragões voltaram a conquistar o título em 1990, mas foi o Óquei de Barcelos, no ano seguinte, que deu início ao mais longo jejum das equipas nacionais.
Os anos passaram e Portugal transformou-se num perito em ver formações perderem na final. Aconteceu com o Benfica em 1993 e 1995, com o Óquei de Barcelos em 1994 e 2002, e sobretudo com o FC Porto em 1997, 1999, 2000, 2004, 2005 e 2006. Na época passada, Benfica, FC Porto, Oliveirense e Candelária foram os representantes portugueses na competição, mas apenas os primeiros dois conseguiram ultrapassar a fase de grupos. A partir daí, já só restavam oito com possibilidades de erguer o troféu: além dos portugueses, havia cinco espanhóis e um italiano.
A história e as probabilidades não estavam a favor dos portugueses mas as vitórias nos quartos-de-final (Benfica-Noia, 10-3 e FC Porto-Reus, 8-7) transformaram a final four numa oportunidade única para voltar a quebrar o enguiço. Mais do que isso, os jogos decisivos iam disputar-se em Portugal, no Dragão Caixa. Nas meias-finais, Benfica (4-4 e 2-1 nas grandes penalidades sobre o Barcelona) e FC Porto (9-7 ao Valdagno) não vacilaram e garantiram logo ali vários feitos históricos: Portugal ia mesmo voltar a vencer a Liga Europeia e pela primeira vez teria uma final 100% nacional, algo que só tinha acontecido com Espanha (13 vezes).
O brilho do feito foi ofuscado pelos conflitos entre adeptos que ocorreram durante as meias-finais. O Benfica começou por anunciar a falta de comparência no jogo decisivo, devido às "condições de segurança ao nível de uma competição amadora", mas na manhã de domingo voltou atrás e garantiu a presença. Apesar da tensão - os adeptos encarnados só entraram depois da primeira parte -, não houve problemas e a final não poderia ter sido mais disputada. O FC Porto foi para o intervalo a vencer por 4-3 e o Benfica virou para 5-4 no segundo tempo, mas Reinaldo Ventura forçou o prolongamento de livre directo a 5'58'' do fim.
O tempo extra não durou sequer dois minutos. João Rodrigues tentou a sorte praticamente do meio-campo e Diogo Rafael desviou a trajectória da bola já perto do guarda-redes Edo Bosch. O golo garantiu o título: o primeiro de Portugal desde 1991 e o único do Benfica na história. "Uma final histórica", disse Luís Sénica, treinador dos encarnados.
Rui Ribeiro in Jornali
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