domingo, 23 de junho de 2013

UM PRÉMIO MERECIDO A TODO ESTE GRUPO

Duarte Delgado foi um dos pilares da equipa do Alcobaça na presente época, forte a defender, possuidor de uma seticada temível e colocada foi igualmente o melhor marcador da equipa e o 3º da 2ª divisão Nacional. Em duas épocas na Capital da Maçã sagrou-se campeão nacional da III Divisão, e esta época contribuiu para a excelente prestação da equipa. De partida para o Campeonato Francês fomos à Benedita ao seu encontro para falarmos da época finda e do futuro.

Foto: Sérgio Guerra

CA – Bom dia. Que balanço fazes da época?
DD – A época desportiva foi bastante positiva no meu entender. Tendo em conta que eramos recém-promovidos e apontados como uma das equipas teoricamente “apontadas” aos lugares de despromoção, penso que o 6ª lugar acaba por ser gratificante. Mas como tudo na vida, tivemos aspectos bastante positivos e outros menos positivos. Conseguimos uma 1ª volta muito bem conseguida terminando nos lugares de subida (2ª classificados), após o Natal e a mudança de ano tivemos uma grande quebra com uma série de resultados menos conseguidos. Na recta final do campeonato conseguimos novamente uma boa série de resultados positivos e com alguma consistência que nos colocou na 6ª posição, penso que justamente e acaba por ser um prémio merecido a todo este grupo. 
CA – No inicio da época, olhando para as equipas participantes, acreditavas que podiam terminar na 6ª posição com 54 pontos, os mesmos do 5º classificado, e terem o desempenho que demonstraram?
DD – Sinceramente, nunca pensei que iriamos realizar uma época com este desfecho. Tinha consciência do nosso valor e potencial e nunca duvidei do nosso valor enquanto equipa. Adivinhava um campeonato mais exigente e com um grau de dificuldade mais elevado. Mas no fundo, também é fruto do nosso trabalho a forma como ultrapassamos todos “obstáculos” que iam surgindo sábado após sábado, com ou maior dificuldade.
CA – Numa equipa onde a maior experiência vinha da tua parte e do Esteves, aliada à qualidade e juventude do Verde, do Lapa entre outros, como é que o Sérgio Nunes conseguiu “fundir” estes “ingredientes” para o bom resultado obtido?
DD – Durante toda época se falou muito de mim e do Esteves como “pilares” da equipa. De facto, realizamos uma época bastante positiva a nível individual, mas foi toda a equipa que teve um desempenho notável esta temporada, tal como a época passada também tiveram. Penso, que a união e a irreverencia de todos estes atletas foram pontos chaves para a época positiva que realizamos e claro o trabalho do Mister Sérgio Nunes e toda a direcção que consegui transformar em sucesso uma equipa criada do “zero” em campeões nacionais da 3ª divisão e um 6º lugar em época de estreia na 2ª divisão. 
 
Foto: Sérgio Guerra

CA – Olhando para as equipas que subiram, achas que realmente foram as melhores?
DD – Sim, sem dúvida. Após a 1ª volta fiquei com a sensação que estas duas equipas (Tomar e Mealhada) eram claramente as equipas com mais condições de subirem de divisão. Enumero alguns factores, desde a qualidade de todo o plantel, a rotatividade com que poderiam gerir todo o jogo. No caso do Sporting de Tomar contava com alguns jogadores com bastante experiência de 2ª divisão e alguns de 1ª. Um clube que luta sempre pelos lugares cimeiros, habituado a objectivos bastante exigentes. Em relação á Mealhada, acaba por ser diferente, com um grupo bastante jovem que demostrou ter muita qualidade aliada á experiencia do seu treinador.
CA – Quais as equipas que te surpreenderam pela positiva e pela negativa, e porquê?
DD – Pela positiva as duas que subiram de divisão pelas razoes que já enumerei na questão anterior. Junto o Alcobacence o Grândola e o Alenquer. Estas duas (Alcobaça e Grândola) pelo facto de virem de divisões inferiores e conseguirem ficar nos lugares cimeiros. Em relação ao Alenquer pelo excelente 3º lugar alcançado, tendo em conta a juventude de todo o plantel e a organização e consistência que tiveram em toda a época. 
Pela negativa, coloco o Oeiras, que é sempre um teórico candidato aos ligares de subida e nunca consegui estabilidade para que isso acontecesse. 
 
Foto: Fernado José Fotografia

CA – Vamos agora falar do futuro. O que te levou a emigrar? Seguiste o conselho do Passos Coelho, ou é uma oportunidade que só aparece uma vez na carreira?
DD – Foi uma oportunidade que surgiu que não estava nos meus planos. Após avaliar os Pós e os contras, decidi aceitar o convite. Não foi fácil chegar a uma decisão, tenho consciência das dificuldades que possam surgir, desde adaptabilidade, do próprio idioma, a ausência da família entre outros factores.
Tendo em conta as dificuldades que o País apresenta a complexidade em não conseguir estabilidade no mercado de trabalho foram alguns dos factores que me fizeram aceitar este convite.
CA – Nos últimos tempos temos assistido à partida de vários jogadores/treinadores para terras Gaulesas. Será França o novo “eldorado” do hóquei?
DD – Eu penso que a emigração destes atletas e treinadores acaba por estar ligado á instabilidade que o nosso País vive no momento. A falta de estabilidade leva a que as pessoas procurem novas alternativas e novos rumos. Esta é a minha leitura, quem lá está é que poderá enumerar as razoes que os levaram a sair do País.
CA – Qual o teu conhecimento acerca do hóquei francês?
DD – Sei que cada vez estão mais competitivos e têm como objectivo apostar nesta modalidade. Estão determinados em “recrutar” atletas e treinadores de Países como Portugal, Espanha e Argentina.
CA – Em que divisão está o AL Plonéour Lanvern, clube que vais representar? Quais os objectivos para a próxima época?
DD – O AL Ploneour encontra-se na 2ª divisão Gaulesa, tendo perdido a ultima jornada e não conseguiu o objectivo de subir a 1ª divisão. Os objectivos para a próxima época passa claramente pela subida de divisão.
CA – Vais apenas como jogador, ou vais ter outras funções?
DD – Vou com outras funções. Para além de jogador irei ser treinador da equipa B dos seniores e também como treinador do escalão de iniciação á patinagem. 
 
Foto: Sérgio Guerra

CA – Antes de terminar, duas questões:
- Como está o hóquei em Portugal?

DD- Penso que esta modalidade não está “morta” como tanto se fala. Temos inúmeros exemplos de casos de sucesso. Temos exemplos de clubes organizados com uma estrutura sólida e temos clubes que “querem dar passos maiores que as pernas”. Em termos financeiros os clubes têm dificuldades em combater taxas, como por exemplo a organização de um jogo, são valores altíssimos, tendo em conta a ausência de patrocinadores que os clubes vivem entre factores que já enumerei anteriormente. Vou dar o exemplo de um clube que me está bastante próximo (Hóquei Clube de Turquel) que é uma prova viva que a modalidade está de “pé” e um exemplo de sobrevivência e mais que tudo um modelo a seguir.  
- Vale a pena investir na carreira de hoquista em Portugal?
DD – Sem dúvida que sim. Temos de perceber que nem todos podem ser profissionais da modalidade e nem todos poderão “viver” do Hóquei Patins. Mas é sem dúvida um País com história na modalidade e que sempre formou excelentes praticantes e técnicos. E penso que seja por termos essa “fama” que Países como França e outros procurem os nossos serviços.
CA – Duarte obrigado pela tua disponibilidade, obrigado também por teres convencido o Luís Albertino a fazer às crónicas do Alcobacense para o Cartão Azul, e fica o espaço à tua disposição para alguma mensagem que queiras enviar aos visitantes deste espaço.
DD – Quero agradecer a toda a estrutura do AACD (Presidente, equipa técnica, atletas, sócios e apoiantes) estes dois anos que passei, que foram fantásticos. A ti Francisco pela divulgação que deste a este clube a atletas e mais uma vez os meus parabéns pelo trabalho que tens vindo a desenvolver em prol da modalidade. Um abraço.

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